O SIMBOLISMO DA ROMÃ |
A romanzeira ou pé de romã, em hebraico Rimmôn, é uma pequena árvore, ou até um arbusto pertencente à família "Punica Granatum" – nome latino – e no vernáculo mais purista, diz-se Romãzeira. No sul da Espanha existe uma linda cidade, que foi a capital dos reinos de Castela e Aragão, conquistada aos árabes em 1492 pelos reis católicos, chamada romã = Granada.
Cresce silvestre no Oriente Médio e principalmente na Palestina, onde existem três cidades com o nome desse fruto, Rimon, Gate Rimon e En-Rimon. Da Palestina, através da Diáspora, foi levada a todo o mundo, inclusive, depois dos descobrimentos, ao Novo Mundo e posteriormente à Austrália e Nova Zelândia. Considerando-se a origem da Romã como sendo hebraica, nada melhor, para uma compreensão inicial, que recorrermos às Sagradas Escrituras. O Velho Testamento refere a Romã, ONZE vezes, enquanto o Novo Testamento, a omite totalmente. Por ordem cronológica, transcrevemos as passagens alusivas a esse fruto:
NO QUE DIZ RESPEITO ÀS CIDADES:
Desconhece-se a origem das cidades acima referidas, mas tudo leva a crer, que os seus nomes derivaram do grande número de Romãzeiras existentes. Alguns autores dão a Romãzeira como originária do Egito onde era conhecida pelo nome de "Anhmen"; fazem, outrossim, certa ligação entre a "Romã" e o nome de "Amon Ra". Prosseguem dizendo não caber dúvida que foi no Egito que o fruto constituía um símbolo sagrado, pois os Sacerdotes egípcios, usavam a romã nos atos litúrgicos iniciáticos. Para os romanos, a sua origem está no norte da África. O seu nome latino – Punica Granatum – sugere a sua origem na cidade de Cartago. Na realidade, esta cidade foi fundada pelos fenícios da cidade de Tiro, que foi fundada pelos sidônios, da cidade de Sidon. Estas cidades situam-se ao norte da Palestina, no atual Líbano.
Platão teria afirmado que dez mil anos antes de Menés já existia a cerimônia que incluía a Romã como fruto, com a sua rubra flor. Somente os sacerdotes de Amon Ra tinham o privilégio de cultivar a Romãzeira. As Romãs, consideradas como oferendas sagradas, eram colocadas sobre os túmulos dos Faraós. Encontram-se referências a respeito junto ao sacerdote Egípcio de Heliópolis, de nome Manthonm, em sua história dos reis, escrita em grego, 300 anos antes de Cristo. Sobre os Altares dos deuses Horus, Set, Isis e Osiris, este o deus supremo e juiz do além vida, protetor da morte, eram colocadas as mais exuberantes Romãs, como símbolo dos iniciados nos supremos mistérios. Essas oferendas aumentavam de número consoante a categoria do iniciado ou a importância do cargo, como os grandes hierofantes de Amon Ra e de Osiris, que além dessas ofertas serem colocadas em seus túmulos, eram também plantadas nos parques funerários, um número determinado e simbólico de Romãzeiras. O número variava entre três, cinco e sete, de conformidade com a hierarquia. O rei Thotmesis – Tutmós - da XVIII dinastia, morto no ano 59 a .C. teve plantadas em seu parque funerário, cinco Romãs. Um hábito curioso diz respeito às pessoas que tinham débitos com o falecido. Estas dívidas eram pagas com Romãs, depositadas sobre o seu túmulo. Esse fruto simbolizava a vida e a união geográfica do Egito, compreendido assim o Alto Egito, o Meio Egito e o Baixo Egito, que representavam os três "ninhos interiores" ou a câmara baixa; os cinco "ninhos superiores" ou câmara alta, dos deuses Osiris, o juiz supremo da outra vida, Set, deus das trevas, que matou a Osiris e Horus, que vingou a Osíris, casado com Isis, além da deusa Nefritis ou Isis irmã de Osiris. No antigo Egito o mês tinha três semanas de dez dias cada uma, e o ano doze meses ou seja, 360 dias aos quais, para corrigir a anomalia astronômica, foram acrescentados cinco dias que eram os correspondentes aos aniversários dos deuses Osiris, Horus, Set, Isis e Nefritis. Esses cinco dias acrescidos eram considerados de maus augúrios, e para aplacar o azar, eram oferecidas Romãs colocadas nos altares. Paralelamente, semeavam no parque funerário, três Romãs, simbolizando as três o Egito e mais cinco em honra aos cinco deuses patronos dos cinco últimos dias, e mais sete, em homenagem às sete trajetórias que as almas deviam percorrer para purificar-se. Essa origem da Romã no Egito conflita com as sagradas escrituras. Na oportunidade em que Jacó saiu de Israel em direção ao Egito, para fugir da fome que assolava a sua região, levou consigo mudas de videira, de romãzeira, figueiras e demais árvores frutíferas, plantando-as e cultivando-as. Na volta para Canaã, quando os hebreus chefiados por Moisés foram inspecionar a terra prometida, trouxeram de lá, frutos excepcionais, descritos como gigantescos, eis que para carregar um cacho de uvas, foram precisos dois homens, pendurado o cacho numa vara; junto, trouxeram figos e romãs; podemos imaginar, se comparados com o enorme cacho de uvas, o tamanho dos figos e das romãs! Sem dúvida a origem da Romãzeira, é da Palestina. Para os Assírios, a romã simbolizava a vida e os primeiros frutos da colheita eram entregues ao sacerdote que extraía o seu suco para que o Rei o oferecesse ao ídolo. Os frutos mais formosos que simbolizavam o prolongamento da vida eram preservados para o templo; a Romãzeira era considerada como o pai da vida; com a madeira da árvore, eram confeccionados amuletos. Os fenícios, tinham a Romã, também, como frutos sagrados, bem como os Cartagineses e os Romanos, que os reproduziam nos capitéis de suas colunas e os colocavam nas tumbas dos sacerdotes e dos reis. Para os gregos a Romã era sagrada e eles a denominavam de Roidion, e a Romãzeira de Roía; os frutos eram oferecidos à deusa da sabedoria, protetora da cidade de Atenas. Para os iniciados nos mistérios de Eleusis, Dodone, Delfos, Megara e outros, a Romã simbolizava a fecundidade e a vida. Se a Romã era usada como símbolo de vida, a concepção hebraica a reforça, considerando a propagação da espécie como o elemento mais relevante da vida. A Romã é de difícil uso como alimento, porque a separação dos grãos, firmemente inseridos em sua polpa, exige certa habilidade; mas, o seu suco, obtido com o esmagamento das suas sementes, que na realidade se constituem cada uma em um fruto separado, é de fácil obtenção. Obtido o suco, de certa forma abundante, fermentado esse, produz-se um vinho de sabor suave e delicado que, talvez para o paladar do ocidental, possa parecer estranho. Quando de nossa estada em Israel, justamente, em Canaã, adquiri no comércio, uma garrafa de vinho de romã; gelado, nos pareceu de agradável paladar. Retornados ao Brasil, procuramos obter certa quantidade de romãs retirando-lhes os grãos que esmagamos, coamos o suco, acrescentamos um pouco de açúcar e deixamos fermentar. O vinho obtido tinha o mesmo paladar daquele que adquirimos em Israel. Efetivamente, depois de degustá-lo em pequenas doses, decorrido algum tempo, notamos o seu efeito energético; preferimos denominá-lo assim, de afrodisíaco. O relato contém além das insinuações, simbolismos profundos relacionados com os costumes hebreus. A análise meticulosa desvenda preciosas lições. Por quê Salomão valorizava tanto a romã e o seu vinho? Além do atributo afrodisíaco que os comerciantes dão ao vinho da Romãzeira, o relato de Cantares é claro. O rei Salomão reinou sobre Israel durante quarenta anos, portanto, não se o pode julgar uma pessoa já idosa, mas no vigor da idade. O relato inserido em I Reis 11 nos dá: "Ora além da filha do faraó, amou Salomão, muitas mulheres estrangeiras; moabitas, amonitas, edomitas, sidônias e hetéias, mulheres das nações de que havia o Senhor dito aos filhos de Israel: não caseis com elas, nem casem elas convosco, pois vos perverteriam o coração, para seguirdes os seus deuses. A estas se apegou Salomão pelo amor. Tinha setecentas mulheres, princesas, e trezentas concubinas. Sendo já velho, suas mulheres lhe perverteram o coração para seguir outros deuses; e o seu coração não era de todo para com o Senhor seu Deus, como fora o de Davi, seu pai." Apesar do texto bíblico denominá-lo de "velho", um homem para contentar a mil mulheres, mesmo com higidez excepcional, deveria valer-se de algum produto afrodisíaco, que não era outro senão o vinho da romã. Isto justifica o seu uso, a ponto de fazer da Romã um símbolo sexual conjugado com os lírios, símbolo da excelência feminina. Colocadas as Romãs e os Lírios, nos capitéis das Colunas do Templo, quis Salomão render destaque à sua condição de rei poderoso em todos os sentidos. Poder-se-ia, contudo, questionar sobre esse evento: mas quando Salomão tinha mil mulheres o Templo já estava construído como as duas respectivas colunas. No entanto, já naquele momento, Salomão possuía mulheres em grande número e é de se supor que a ingestão do vinho afrodisíaco já era um hábito e uma necessidade. Não se conhece a idade exata de Salomão. No livro I Crônicas, 29:1 lemos: "Disse mais o rei Davi a toda a congregação; Salomão meu filho, o único a quem Deus escolheu, é ainda moço e inexperiente, e esta obra é grande; porque o palácio não é para homens, mas para o Senhor Deus." E no livro I Reis, 3:7 lemos: "Agora, pois, ó Senhor meu Deus, tu fizestes reinar a teu servo em lugar de Davi meu pai; não passo de uma criança, não sei como conduzir-me". Quando Davi ordenou o censo, excluiu os que tinham a idade de menos de 20 anos. Poderíamos, calcular, a grosso modo, que Salomão sentira-se criança, talvez por não ter atingido a idade de vinte anos. Portanto, se Salomão reinara durante quarenta anos, e assumira o reinado aos vinte anos, ao morrer, teria sessenta anos, idade que não podemos aceitar como de pessoa já velha. Porém, se Salomão se considerou criança, poderia, perfeitamente, ter apenas quatorze ou treze anos de idade, e então ao morrer teria cinqüenta e três a cinqüenta e quatro anos! Mas, se com essa idade iniciou a construção do Templo, como justificar a presença das Romãs e dos Lírios? Talvez uma manifestação profética, uma vez que esses adornos foram determinados por Davi que os recebera do Senhor. Davi, por sua vez, tivera um grande número de mulheres e concubinas, e o uso do vinho afrodisíaco, poderia ter sido também um hábito seu. Em Jerusalém era muito usada a Alcaparra, denominada em hebraico de Abyynah, cujos brotos e flores excitavam os desejos sexuais; hoje as sementes conservadas em vinagre constituem um condimento muito apreciado em toda a parte. De qualquer forma, é preciso encontrar-se uma justificativa muito mais coerente sobre a presença das Romãs, do que a simplista de que simbolizava a união fraterna, pela coesão de seus grãos. A necessidade dos excitantes sexuais vem justificada pelo costume que os poderosos tinham de manter junto a si, múltiplas esposas e concubinas; os excessos sexuais da época não constituíam pecado ou falha moral. Completaremos o estudo sobre a Romã, examinando detalhadamente o seu aspecto interno e externo. O fruto é arredondado, assemelhando-se a um pequeno cântaro, ou a uma laranja de bom tamanho. Sua casca é lisa e manchada na coloração mista do vermelho com o verde, com manchas amareladas. Na parte oposta ao pedúnculo que se prende ao ramo, apresenta uma coroa formada de pequenos triângulos, e no seu centro, restos de pistilos secos de sua flor. Essa flor é de cor escarlate e composta de três pétalas carnosas que após desabrochar completamente dão lugar a uma rosácea de cinco pétalas; curiosamente, ao formar-se o fruto, surgem mais duas pétalas que se mantêm envolvidas pela coroa, secando paulatinamente até ao completo desenvolvimento do fruto. A casca é grossa e robusta; quando bem maduro o fruto rompe-se, pondo à mostra alguns grãos; quando colhida e deixada em lugar quente, a Romã seca lentamente; não apodrece; e mesmo seco, o fruto é utilizado, pois os seus grãos apresentam-se mais doces ainda. O interior apresenta duas câmaras: a alta que contém cinco celas onde se espremem dezenas de grãos, e a câmara baixa, que se apresenta da mesma forma; os grãos têm no centro, uma diminuta semente branca e ao redor uma grande parte carnosa e transparente, nas colorações que partem do rosa pálido ao vermelho rubi. Essa parte interna lembra os favos de mel; as celas são divididas por uma espécie de cortina branca e leve. Essa película resistente é amarga, como o é toda a casca exterior, possuindo propriedades medicinais; pela grande quantidade de tanino que contém, é usada como adstringente para diarréia; a casca, em forma de chá é um excelente vermífugo. Os grãos são saborosos, podendo ser ingeridos agrupados; o gosto esquisito, é agridoce. No Oriente, como já referimos, esses grãos macerados produzem um líquido que fermentado resulta em vinho afrodisíaco. O simbolismo do fruto e de sua flor se adequa à filosofia maçônica. A planta, ou melhor, o arbusto, tem as folhas pequenas e perenes, de um verde escuro; a planta não atinge altura significativa e desde cedo, quando em desenvolvimento, tendo um metro e meio, já produz frutos. Os grãos simbolizam a união dos maçons em seus vários aspectos: o fisiológico, porque cada grão possui "carne", "sangue" (o suco) e "ossos", (as sementes). Os grãos crescem unidos de tal forma que perdem o formato natural, que seria redondo; espremidos uns aos outros, são semelhantes a polígonos geométricos, com várias facetas; são lustrosos e belos, lembrando os favos de uma colméia de abelhas; as abelhas trabalham sem descanso e assim lutam os maçons. Os frutos representam os maçons que estão no Oriente Eterno; são pedras totalmente polidas que abrilhantam o Reino Celestial. As câmaras simbolizam a vida externa e a interna, ou seja, a mente humana e o espírito. As cinco células da Câmara Alta representam as fases intelectuais onde se estuda a razão da verdade eterna;, o conhecimento, o impulso para o elevado, para a moral e para a perfeita harmonia. Representam, ao mesmo-tempo, as cinco raças humanas, perfeitamente unidas, sem preconceitos; também recordam as cinco idades do homem: a embrionária, a infância, a do aprendizado, a construtiva e a madura. As três células da Câmara Baixa correspondem ao aprendizado, ao companheirismo e ao mestrado. As três substâncias do homem: sangue, carne e ossos; ao homem Templo, ao homem Altar e ao homem Alma. As três luzes: Ven.’. e Vvig.’.. O formato externo, representa a Terra, seja pela sua esfera, seja pela sua coloração e conteúdo. O astronauta soviético Yuri Gagarin, quando pôde contemplar a Terra do Cosmos, exclamou: "Ela é azul!". Hoje passada quase uma geração, o jornalista japonês Akiyama, a bordo da estação orbital russa Mir enviou a seguinte mensagem: "O ar e as águas estão visivelmente sujos. Estou muito ocupado aqui, em cima, para ser filosófico; mas sinto que realmente faço parte da mãe Terra, agora, e acredito que temos que realmente fazer alguma coisa para salvá-la - acrescentou: eu não estou falando dos desertos, mas em outras partes da África e da Ásia não há muitas árvores". Que expressiva diferença após poucos anos! A Terra para Gagarin era azul; para Toyohiro Akiyama, a Terra perdeu a suavidade colorida! A Romã expressa, na sua coloração, a realidade. A coroa de triângulos ou coroa da virtude, do sacrifício, da ciência, da fraternidade, do amor ao próximo, está colocada numa extremidade da esfera. Simboliza o coroamento da obra da Arte Real. A flor rubra representa a chama do entusiasmo que conduz o Neófito ao seu destino, iluminando a sua jornada. As cores da Romã simbolizam: o verde, o reino vegetal; a amarela, o reino mineral; e a vermelha, o reino animal. As membranas brancas, que não constituem cor, mas a mistura de todas as cores como as obtidas quando o raio transpassa o cristal formando o arco-íris, simboliza a paz e o amor fraterno. Podemos acrescentar que o simbolismo da romã se equivale, na Arte Real, ao simbolismo da Cadeia de União, da Orla Dentada, da Corda de 81 Nós, e ao do Feixe de Esopo. Em suma, a romã simboliza a própria Loja e a sua a Egrégora. ANTÓNIO ROCHA FADISTAM.'.I.'., Loja Cayrú 762 GOERJ / GOB - Brasil |
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