O Uso do Celular e/ou
outras tecnologias dentro de uma Loja Maçônica
Ir. Edson de Souza Couto[1]
A Maçonaria
é uma instituição progressista, evolutiva, filosófica, filantrópica que opera
pela iniciação a transformação do indivíduo comum em algo além-do-homem (Übermensch) na expressão de Nietzsche em
sua obra “assim falou Zaratustra”. Obviamente não é a Maçonaria que faz a
transformação do homem, ela é o espaço, ambiente adequado para este processo.
Através das orientações dos mestres, dos ritos e dos rituais o maçom tem as
ferramentas ou os instrumentos de trabalho necessários ao auto aperfeiçoamento,
ao auto conhecimento e à reforma íntima, que só pode ser efetivada por ele
mesmo. Até aqui nenhuma novidade...
Contudo o
ambiente propício, o terreno fértil para realização desta “alquimia” ou deste
processo alquímico, é a Loja (do sânscrito Loka = mundo). A Loja deve ser o “atanor”,
o laboratório onde a experiência ou troca de experiências configura o universo
em movimento. Este ambiente tomado do sagrado que lhe é investido na
consagração, o respeito dado e conferido pelos irmãos e ornamentado dos
símbolos e alegorias, representações
profundas da consciência superior, faz com que cada indivíduo ali presente
construa uma egrégora, um campo energético individual, que somado com as dos
irmãos lado a lado, ombro a ombro, forme um verdadeiro dínamo gerador de um
consciente coletivo poderoso, curativo capaz de dissipar todas as forças
contrárias do mundo profano. Por esta razão as Sessões Maçônicas nos fazem
tanto bem. Quando faltamos alguma sessão sentimos um vazio, uma perda de
energia inexplicável, mas que é dizimada no primeiro encontro com os irmãos em outra
sessão. Pelo menos deveria ser assim...
Sendo então
a Loja um ambiente dotado de sacralidade, devidamente harmonizado para produzir
este campo energético, resta a obviedade de que qualquer elemento estranho a
esta realidade conduza a dispersão destas forças ou uma interferência maligna
ao clima que se propõe obter. Todos sabem que relógios, determinados tipos de
metais são recomendados ficarem nos passos perdidos, pois podem prejudicar o
bom ambiente da Loja. Casos já foram registrados de relógios pararem de
funcionar ou ficarem inutilizados depois
de uma sessão maçônica, assim como metais oxidarem ou perderem a
coloração.
Devemos
lembrar a Loja é catalizadora e amplificadora de energias e que alguns
aparelhos eletrônicos produzem radiação nociva ao homem, tanto isto é verdade
que vários cientistas se dedicaram ao estudo destes fenômenos, criando
inclusive uma ciência chamada Radiônica ou Radiestesia, onde foram
desenvolvidos gráficos radiestésicos que tinham a finalidade de diminuir os
efeitos nocivos destes aparelhos. Um deles é conhecido como gráfico SCAB ou
Triângulo de André-Felipe. Veja a imagem a seguir:
Algumas
Lojas que se valem de equipamento elétrico-eletrônico para o uso do Mestre de
Harmonia, como aparelhos de som, desktop ou laptop (também conhecidos como
notebook) ou mesmo alguns irmãos que usam tablets ou smartphones para leitura
dos “Rituais Digitais”, imprimem o gráfico acima para reduzir os efeitos destas
radiações.
Não posso
negar que a Maçonaria é evolutiva, não posso negar que a tecnologia veio para
facilitar a vida do homem, não posso negar que algumas Lojas são totalmente
informatizadas, deste o controle das luzes, temperatura, música e outros
elementos como telas retráteis, data-shows, etc.
Não posso
negar que algumas passagens ritualísticas foram alteradas em função disto, como
a “Cerimônia do Fogo”, também conhecida como acendimentos das estrelas ou luzes,
onde as velas foram substituídas por lâmpadas que emitam chamas em movimento ou
até mesmo lâmpadas comuns. Mas a
pergunta é: A Maçonaria não se baseia na Tradição e nos Antigos Costumes?
Confesso que
em meu coração existe uma profunda incerteza. Creio que estamos confundindo
evolução mental, evolução espiritual, evolução material com evolução
tecnológica. A Loja Maçônica e, por
conseguinte, tudo que nela se pratica é
sacralizado, o objetivo deste espaço místico é nos afastar do mundo profano,
para que num ambiente harmonizado previamente, possamos entrar em contato com
nosso interior ( VITRIOL) e façamos a reforma daquilo que precisa ser mudado.
É um espaço
e um tempo fora do espaço/tempo, onde tudo do mundo para por algumas horas, e
longe dos olhares e ouvidos mundanos, profanos, buscamos nossa essência
primeira, nossa fonte real de saber, onde pela meditação, pelo silencio da
mente e do coração, escutamos a voz do G.A.D.U., diretamente no nosso espírito. E assim em paz
conosco apreciamos os trabalhos dos irmãos que abrilhantam a Oficina com seus
conhecimentos, e com a Vigilância dos Mestres e com as Instruções do Venerável
Mestre podemos nortear nossa jornada, nosso Caminho de Compostela, pelas vias
seguras do saber e da prática das virtudes.
Não sou
contra a tecnologia, mas assim como o celular é proibido por Lei dentro da sala
de aula (Lei Estadual 12.884/2008), por prejudicar a atenção dos alunos, também
em nossas Sessões é desaconselhável pelas mesmas razões e outras mais já
aventadas. Devemos nos manter próximos de nossas Tradições, pois elas têm um
propósito relevante para nosso desenvolvimento, contudo devemos tolerar aqueles
casos onde o porte do celular (pelo menos em modo silencioso) deva acontecer,
pois como sabemos temos alguns irmãos que exercem atividades profissionais de
extrema importância na rapidez de atendimento como médicos, juízes, militares, policiais
e outros.
Por fim
deixo a seguinte mensagem: “Tudo é possível quando o bem é maior que o mal, que
a tolerância seja a justa medida, que o amor seja nossa ferramenta, que a
confiança seja o nosso juízo, que a bondade seja nosso motor, que a felicidade
seja nosso destino.” Edson Couto/2014.
REFERÊNCIAS:
BRANCO, Samuel Murgel. Energia e Meio
Ambiente, Editora Moderna, São Paulo, 2001.
CHANDU, Jack F. Radiestesia, Manual
Prático. Ed. Hemus, São Paulo 1984.
LUZY, Antoine. Radiesthésie Moderne,
Théorie et Pratique Complètement Expliquées, 38ed. Éditions Dangles, Paris,
1943.
MENDONÇA, Sávio. A Arte de Curar Pela
Radiestesia. Ed. Pensamento, São Paulo, 1980.
NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. Crepúsculo dos Ídolos,
Golden Books/DPL, São Paulo, 2009.
SAEVARIUS, Dr. E. Manual Teórico e Prático de
Radiestesia, Ed. Pensamento, São Paulo, 1990.
[1]
Professor de História e Filosofia, Pesquisador Ocultista, Mestre Maçom membro
da A.R.L.S. Glória dos Buscadores do Templo da Luz nº 01, Grão—Mestre da GLRRS,
em seu 3º Mandato consecutivo, Vice-Presidente da Confederação da Maçonaria
Regular do Brasil, Vice-Presidente para América do Sul-Atlântico da Society Of The Grand Lodges In Alliance, 2º Mandato consecutivo. Supremo Grande Comendador
do Grau 33º do Supremo Conselho do Rito Antigo e Aceito para o Brasil.
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