AS SESSÕES MAÇÔNICAS DESMOTIVADORAS
"Precisamos de novos conceitos sociais, morais, científicos e ecológicos, e serem determinados por novas condições de vida da humanidade, hoje e no futuro". I. T. Frolov.
Porque a baixa frequência dos II:. nas sessões maçônicas e as inúmeras desistências?
Há um princípio geral de Psicologia Educacional, de que toda conduta é
motivada, entretanto nossas reuniões privam pela repetição monótona de
uma ritualística cansativa e sem qualquer utilidade prática. Trabalhos
escritos e copiados de outros repisando temas já anteriormente
apresentados, e muitas vezes lidos de modo gaguejante, sem a devida
acentuação tônica para criar um clima emocional. V:.M:. ou irmãos
eruditos ou pseudo-eruditos a usarem e abusarem no uso da palavra para
exporem seus conhecimentos de almanaques de farmácias, ou inoportunas
críticas a opúsculos apresentados. Outros irmãos dedicam-se, aos erros
ritualísticos, como: o uso de espadas e bastões; ou, ainda, os
historiadores de ocasião que leem longas biografias endeusando
personagens históricos, cujas reputações apresentadas como exemplares,
não resistem a uma apreciação mais profunda e desapaixonada.
Toda semana durante duas ou mais horas
seguidas, todos sentados com dorso do corpo apoiado no espaldar da
cadeira, e as mãos postadas abertas sobre a coxa (posição
ritualística?), como nos antigos colégios religiosos. Depois de horas de
tédio e, porque não, de angústia esperando o fim daquela chatice
semanal. Todos têm um ponto de saturação e, no momento, que ele é
alcançado, o pobre sofredor vai procurar em outro lugar um lazer mais
reconfortante, para aliviá-lo das tensões causadas pela dura luta do pão
de cada dia.
A fim de se evitar divagações inconsequentes vamos tentar criar uma axiomática sobre Maçonaria:
- é uma sociedade cível, sujeita as leis da comunidade onde se instala;
- é uma agremiação iniciática, o que a diferencia dos clubes de serviço (Rotary e Lyons);
- tem por principal objetivo o conhecimento do homem e da natureza;
- os meios empregados por ela é da execução de atos simbólicos que formam os ritos, o ensino mútuo e o exemplo, a cultura intelectual, e a prática da fraternidade e solidariedade;
- a melhoria moral e material da humanidade, baseada na crença do progresso infinito dela;
- o cultivo da tolerância; e
- abstração de todas as distinções sociais.
Segundo J. Boucher: "a pátria do maçom é a terra inteira, e não só o local onde nasceu ou a coletividade em que se desenvolveu".
Pertencemos
ao nosso ambiente social, pois em última instância somo regidos pelas
mesmas leis, cuja essência encontramo-la na Declaração dos Direitos
Humanos, a qual sofreu a influência segura das ideias do iluminismo,
adotadas pelos maçons, principalmente, europeus. Logo não podemos
continuar isolados dos graves problemas sociais, políticos, religiosos,
filosóficos, científicos e, sobretudo, ecológicos. Afirmamos ser o
aspecto mais importante da Maçonaria, o iniciático; herança conservada
por nós dos primitivos rituais dos povos totêmicos, e tinham por
finalidade a preparação do púbere (10 ou 12 anos) para ocupar o seu
lugar na comunidade. Em síntese a iniciação arcaica tinha suas provas
(atirar o menino no ar e surrá-lo), pintura dos símbolos totêmicos e
mutilações. Depois de anos a cerimônia culminava, geralmente, com a
"bênção do fogo".
Durante todos os anos, até a integração no
grupo, não se descuidava da educação prática, imitando os adultos
instrutores, tendo como tema a caça, a agricultura; o lazer dele (o
menino) é dirigido num sentido pragmático.
Examinando as sete proposições axiomáticas concluímos ter a Maçonaria uma função educativa, ou seja, uma escola de vida.
Segundo conceitos modernos, como escola ela teria de ter objetivos, um currículo e um método de ensino.
Referente aos objetivos teríamos: o
conhecimento do homem e da natureza, através das atuais conquistas
científicas; a prática da tolerância, da fraternidade e da
solidariedade; a igualdade de direitos de seus membros e,
consequentemente, a melhoria moral, material e, por que não espiritual
da humanidade.
Currículo é a forma aportuguesada e
simplificada do latim: curriculum vitae. Porém no Brasil é usado como a
relação de matérias de um curso. Ele deve apresentar ao maçom em forma
idealizada; a vida presente com suas atividades sociais, aspirações
éticas, e a apreciação no momento atual do valor cultural do passado.
Logo implicaria não só as disciplinas obrigatórias da Maçonaria:
Simbólica, Ritualística, Filosofia, e História mas, também, o estudo
comparado com o acervo geral do conhecimento da sociedade e suas
múltiplas consequências no presente, fazendo uma projeção para o futuro.
Entretanto temos notado que vem predominando os trabalhos descritivos
de História, enquanto as demais matérias, talvez mais importantes, são
relegadas a um segundo plano com a repetição dos trabalhos de maçons dos
séculos passados com todos os erros, crendices e superstições. Pode-se
dizer que aproximadamente noventa por cento dos escritores maçons
dedicam-se à historiografia, ou pelo menos predominantemente, enquanto
as outras matérias de interesse não só maçônico, porém, sobretudo,
biopsicossocial são tratadas raramente e com superficialidade.
Quanto ao método que é o processo de usar este material de cultura para chegarmos aos objetivos.
Continuamos
a usar a antiga e cansativa "aula magistral" dos doutos catedráticos
presos ainda Escolástica. São as preleções, a base de saliva e da
personalidade carismática do sábio. As vezes a mensagem é recebida,
entendida e esquecida, outras vezes o tema se prolonga indefinidamente,
sem ligações lógicas com os argumentos apresentados, sobretudo, quando o
expositor parece não saber como terminar.
Existe a necessidade de começarmos a usar
os modernos recursos didáticos como a televisão, o computador, projeção
de transparências, "slides" e outros meios em exposições curtas seguidas
de debates. Também poderíamos trazer as técnicas de dinâmica de
Grupos(grandes ou pequenos), simpósios, seminários, evitando sempre as
conferências magistrais. Contudo teremos de sacrificar o velho costume
das sessões ritualísticas; herança, possível, da missa dominical,
fazendo-as, somente, nas iniciações, elevações e exaltações, ou como
treinamento para elas, como faziam os maçons especulativos de 1717.
Caberá a toda a nossa geração reiniciar o
trabalho especulativo, teórico da Grande Loja Unida de Londres, e não
seguirmos os princípios retrógrados inspirados por Lawrence Delmotl à
Grande Loja de York; que predominaram na fusão de 1813, representando um
retrocesso às conquistas dos filósofos iluministas e deístas.
A tarefa é muito grande, mas é necessário ser iniciada com a máxima urgência, pois a evolução não espera.
Hodiernamente,
está difícil encontrarmos na sociedade elementos com os predicados
exigidos pela ordem e, é mais difícil mantê-los pelas lutas de grupinhos
por um poder efêmero, bem como pela monotonia insossa de nossas inúteis
sessões econômicas ritualísticas. Geralmente os mais evoluídos, mais
dinâmicos, mais atuantes sentem a luta inglória de procurar uma nova
mensagem na Maçonaria e nada encontram.
Também, a massa informe do povo maçônico
cansa-se de ouvir e ver sempre as mesmas pantomima e depois de algum
tempo já sabem de tudo e, portanto, nada mais têm a fazer ou aprender, e
vão-se. Ficam os teimosos que não acreditam ser aquela mediocridade o
resultado de séculos ou milênios; se considerarmos as corporações de
ofício e a Maçonaria Teórica, duma entidade tão criticada ou endeusada,
admirada e cultuada por grandes expoentes da humanidade, seja unicamente
aquelas práticas e mensagens insípidas, e como verdadeiros homens
partem em busca da verdade e acendem luzes que vão clareando novos
conceitos fraternais e afastando as trevas da ignorância geradoras da
crendices e superstições.
BIBLIOGRAFIA:
- CAPRA, Fritjof - A Teia da Vida - Editora Cultrix Ltda. - 1998 - São Paulo SP.
- HUISMAN, Denis e André Vergez - Curso Moderno de Filosofia - 2 Volumes: Introdução À Filosofia das Ciências e A Ação - Livraria Freitas Bastos S.A. - 1966 - Rio de Janeiro RJ.
- HUTIN, Serge - As Sociedades Secretas - Editorial Inquérito Ltda - Lisboa - Portugal.
- MONROE, Paul - História da Educação - Companhia Editora Nacional - 1954 - São Paulo SP.
- SALZANO, Francisco M. - 1) Evolução do Mundo e do Homem. 2) Biologia Cultura e Evolução - 1995 e 1998 - Editora da Universidade de Porto Alegre - Porto Alegre RS.
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