quinta-feira, março 10, 2011

A Justiça das Feras Humanas


A Justiça das Feras Humanas
Charles Evaldo Boller
Sinopse: Valor da Justiça para fomentar a sociabilização do homem. Pretensão da Maçonaria de produzir uma sociedade mais estável.
Em passado recente a Justiça, por vingança da sociedade, aplicava penas cruéis e terríveis que apenas a prodigiosa mente deturpada e malvada de um ser sanguinário poderia desenvolver; matava-se lentamente para fazer o condenado padecer e o seu aplicador gozar as delícias de uma bizarra malvadez. Existiam penas de morte que matavam com mais rapidez que também primavam por extrema e rebuscada violência. A criatividade das feras humanas, consideradas socialmente equilibradas pela religião e governo, ambas em relação incestuosa com a Justiça, não tinha limites na aplicação de penas de morte extremamente cruéis. Era espetáculo público que muitos assistiam por puro prazer em ver outro ser humano padecer dores e suplício terrível. Toda a judiação tinha por objetivo fazer o condenado sofrer para equilibrar uma hipotética balança da Justiça: era o olho por olho! "De olho por olho e dente por dente o mundo acabará cego e sem dentes", dizia Mahatma Gandhi.
Diversas sociedades procuraram desenvolver as condições ideais para prepararem cidadãos bons que se preocupassem com a coisa pública do ponto de vista moral e que não se corrompessem ao poder político, religioso e econômico: Diógenes, o cínico, andava em plena luz do dia, pelas Ruas da Grécia, com uma lanterna acesa na mão a procura de um homem honesto e incorruptível; Aristóteles intuiu que governantes e juízes deveriam ser moderados, justos e incorruptíveis, destacando as qualidades morais de forma perfeita; a filosofia ao longo dos tempos insiste que os responsáveis pela lei e a coisa pública devem ser puros, bons e honestos; Maquiavel resume bem como o poder judiciário e político é subserviente aos diversos poderes originários da maldade intrínseca da natureza humana; Hobbes coloca a origem da sociedade como resultado de contrato entre pessoas que vivem sem poder e sem organização, onde, em "Leviatã", intui que o homem vive livre desde que atente contra a vida dos que o cercam. Afirmou que o "homem é o lobo do homem", onde o homem ameaça seus semelhantes se não existir um contrato de convivência, a lei, que garanta a sobrevivência dos outros que compartilham o mesmo espaço. Um provérbio brasileiro verte: "Justiça sem a força é impotente; força sem a Justiça é tirania"; acrescente-se: Justiça que demora em ser aplicada, não existe.
Naqueles que cuidam da coisa pública e principalmente da Justiça sempre houve preocupação com o suborno, nepotismo e peculato. Dizem ser esta a principal razão de não existir pena de morte no Brasil.
Assim como alguns sábios da antiguidade tentaram, a Maçonaria tem a pretensão de desenvolver seres humanos para a sociedade que não estejam sujeitos a imoralidade e falta de ética, destacando o julgar-se a si próprio antes de julgar aos outros. A filosofia maçônica renova conhecimentos pré-existentes na mente de cada um e que jazem cauterizados devido à busca incessante de riqueza e conforto. Aos conhecimentos do maçom somam-se novos ensinamentos, cujo objetivo é a pretensão da Ordem Maçônica de mudar o caráter do homem, com ênfase na discrição, fidelidade, disseminação da harmonia entre irmãos, no cuidado ao expressar pensamentos e na segurança do agir; características próprias da sabedoria que deve ser característica do homem que tem a seu cargo julgar a aplicação da lei.
Infelizmente, devido ao crescente número de homens vivendo em condições cada vez mais nefastas, o valor da vida humana tornou-se insignificante; a abundância de criaturas humanas banaliza sua existência. Meliantes matam pessoas apenas por uns trocados, por simples maldade. Homens matam por puro prazer de fazer verter sangue, bem diferente de outras criaturas que matam para saciar a fome e que são denominados pelo homem como bestas. É para modificar a sociedade e livra-la da maldade que a Maçonaria trabalha a mente de seus adeptos para afasta-los da busca de vingança e depositar esta tarefa na balança da Justiça ao encargo do poder público.
Derivado da aplicação da educação maçônica, o maçom experimenta vida com prática do amor fraterno, ao invés de aplicação da lei que tende a beneficiar os que dispõem de mais recursos. A aplicação tendenciosa da lei ocorre em todas as épocas e é notório que a Justiça do Estado privilegia o status social e as posses materiais através da corrupção em todas as esferas do poder. Entre os que vivem o judiciário é comum considerarem que a Justiça apenas condena os três "P" - puta, preto e pobre. Onde o amor fracassa entram em ação os códigos penais; último recurso para possibilitar a convivência pacífica da fera humana - leis podem ser comparadas às lombadas em vias públicas que impedem à força o excesso de velocidade. A lombada funciona porque é incorruptível, já a aplicação da lei não. Em vista da existência da corrupção, o maçom é instado em depositar sempre mais confiança na solução pacifica de impasses de relacionamento; isto é treinado em sua convivência em loja; a lei do amor figura como a única possibilidade de solução de todos os problemas da humanidade sem a necessidade de penas que nada mais são que a institucionalização da vingança exercida pelo corruptível poder judiciário do Estado.
Antes ação que reação. Liberdade que escravidão. O que a lei endurece no coração humano com a aplicação de penas severas demais, como a morte e a reclusão por muitos anos, o amor pode evitar desde que seja colocado em prática na vida; desde que aflore a boa educação voltada à prática do amor fraterno entre todos os homens. A filosofia da Maçonaria declara abertamente que esta certamente é a inclinação para a qual o homem foi projetado e a razão de possuir o dom da vida. O Grande Arquiteto do Universo certamente será glorificado se os homens aprenderem a viver em paz pela lei do amor, caso contrário, se avançar além de seus limites e direitos, o próprio homem o fará padecer debaixo lei, do braço da vingança estatal ao qual se denomina Justiça.
Bibliografia:
1.       1. GAVAZZONI, Aluísio, História do Direito, Freitas Bastos Editora, 2005;
2.       2. OLIVEIRA FILHO, Denizart Silveira de, Comentários aos Graus Filosóficos do R? E? A? A? 1997;
3.       3. REALE, Giovani e ANTISERI, Dario, História da Filosofia, Editora Paulus, 1990;
4.       4. ROUSSEAU, Jean-Jacques, A Origem da Desigualdade entre os Homens, Editora Escala, 2006;
5.       5. SACADURA ROCHA, José Manuel de, Fundamentos de Filosofia do Direito, Editora Atlas, 2006.
Biografia:
6.       1. Aristóteles ou Aristóteles de Estagiara, filósofo de nacionalidade grega. Nasceu em Estagiara em 384 a. C. Faleceu em 7 de março de 322 a. C. Um dos mais importantes pensadores de todos os tempos;
7.       2. Diógenes ou Diógenes de Sinope, filósofo de nacionalidade grega. Também conhecido por Diógenes o Cínico. Nasceu em Sinope em 3 de março de 390 a. C. Faleceu em 323 a. C. Pertencia à escola filosófica cínica, que ensinava que um homem deve levar uma vida de autocontrole e estar livre de todos os desejos, prazeres e coisas materiais;
8.       3. Mahatma Gandhi, advogado e maçom de nacionalidade indiana. Também conhecido por Mohandas Karamchand Gandhi. Nasceu em Porbandar, Índia em 2 de outubro de 1869. Faleceu em Delhi em 30 de janeiro de 1948 com 78 anos de idade, assassinado. É um dos maiores líderes nacionais do século XX;
9.       4. Maquiavel ou Nicolau Maquiavel, diplomata, escritor, estadista, filósofo, historiador e político de nacionalidade italiana. Também conhecido por Niccoló Machiavelli. Nasceu em Florença em 3 de maio de 1469. Faleceu em Florença em 22 de junho de 1527 com 58 anos de idade. Pensador renascentista;
10.    5. Thomas Hobbes, filósofo de nacionalidade inglesa. Nasceu em Wesport, Malmesbury em 1588. Faleceu em Hardwich Hall em 1679 com 90 anos de idade. Sua obra mais famosa, Leviatã, 1651, trata de teoria política.

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