sexta-feira, agosto 29, 2014

Palavrões aos Grão-Mestres

O título deste artigo, “Palavrões aos Grão-Mestres”, foi escolhido, obviamente, pela sua capacidade atrativa. Porém, o emprego do termo “palavrões” no título não se refere ao significado mais usual, de “palavras obscenas ou grosseiras”, mas sim no sentido de “termo empolado”. E nesse caso, para ser mais claro, “empolado” no sentido de pomposo. Ou seja, o artigo trata dos axiônimos, termos corteses de tratamento e reverência utilizados ao se dirigir a um Grão-Mestre, também conhecidos como pronomes de tratamento.
Essa é uma questão intrigante na Maçonaria brasileira. O Grande Oriente do Brasil e a maioria dos Grandes Orientes Independentes confederados à COMAB adotam o termo “Soberano” como pronome de tratamento de seus Grão-Mestres. Já as 27 Grandes Lojas brasileiras adotam oficialmente o termo “Sereníssimo” para seus Grão-Mestres, assim como alguns poucos Grandes Orientes confederados à COMAB. Não havendo consenso no axiônimo utilizado no meio maçônico brasileiro ao se dirigir aos Grão-Mestres, inquire-se qual é a origem do uso dos termos “Soberano” e “Sereníssimo” na Maçonaria brasileira. Esse é o objetivo principal deste breve estudo.
Termo Original: Most Worshipful
O termo maçônico comumente utilizado para se referir a um Grão Mestre é o de “Most Worshipful”, que pode ser traduzido como “Mui Respeitável”, “Mui Venerável”, “Venerabilíssimo” ou mesmo o “Mais Venerável”. A adoção desse termo na Maçonaria data de, pelo menos, 1721, quando Desaguilliers resolve entregar o comando da Grande Loja de Londres (dos Modernos) à Nobreza, tendo sido o primeiro nobre Grão-Mestre o Duque de Montagu.
Ao Duque de Montagu é creditada a solicitação para que James Anderson compilasse o Livro de Constituições, o qual seria publicado em 1723. Porém, as evidências apontam que tal iniciativa partiu de Desaguliers, que serviu como Adjunto do Duque de Montagu, e quem de fato dirigia a instituição.
É fácil compreender a adoção desse termo já nos primeiros anos da primeira Grande Loja Especulativa. Se o Mestre de Loja recebe o tratamento de “Worshipful”, ou seja, de “Venerável”, não seria correto que o Grão-Mestre da Grande Loja fosse tratado como “Most Worshipful”, ou seja, “Mui Venerável”? Um tanto quanto lógico.
Interessante observar que Grandes Lojas Estaduais brasileiras em algum momento foram influenciadas por essa nomenclatura. Sendo as Grandes Lojas dos EUA comumente chamadas de “Most Worshipful Grand Lodge of…”, muitas Grandes Lojas no Brasil optaram por adotar a mesma nomenclatura. Porém, traduziram “Most Worshipful” como “Mui Respeitável”. Isso parece inicialmente um equívoco visto que, no meio maçônico, a tradução do termo inglês “Worshipful” para o Português sempre foi “Venerável”. Porém, muitas Grandes Lojas de outros países latino-americanos já haviam optado por tradução similar do inglês para o espanhol, adotando o termo “Muy Respetable Gran Logia…”, o que pode ter influenciado na escolha do termo a ser adotado em português.
Sereníssimo: Século XVIII
O primeiro registro que se tem do uso do termo “Sereníssimo” ao se referir a um Grão-Mestre da Maçonaria foi na França, em 1743. Com a morte do Duque de Antin, primeiro Grão-Mestre da Grande Loja da França, uma reunião emergencial de Veneráveis Mestres elegeu Louis de Bourbon, o Conde de Clermont, como Grão-Mestre.
O Conde de Clermont era um príncipe de sangue, e por isso detinha o direito de receber o tratamento de “Sereníssimo”, assim como os demais príncipes de sangue da França. Esse direito foi devidamente observado na Grande Loja da França durante sua gestão, em que foi chamado de “Sereníssimo Grão Mestre”, ou seja, um príncipe que ocupa o posto de Grão-Mestre.
Dois anos após sua morte, em 1773, a Grande Loja da França foi dividida em duas: o Grande Oriente de França e a Grande Loja de Clermont. Essa última quase não resistiu à Revolução Francesa, chegando a suspender seus trabalhos. Quando do término da Revolução, a Grande Loja de Clermont foi incorporada pelo Grande Oriente de França.
Voltando ao Grande Oriente de França, que se declara sucessor da Grande Loja de França, seu primeiro Grão-Mestre foi Louis Philippe d’Orleans, Duque de Orleans e também príncipe de sangue. Logicamente que, sendo um príncipe, recebia o tratamento de “Sereníssimo” no Grande Oriente de França. O Duque de Orleans permaneceu como Grão-Mestre do Grande Oriente de França até 1793, quando fez uma declaração contra os mistérios e reuniões secretas e acabou sendo destituído de seu posto, ao qual, diga-se de passagem, nunca fez questão nem deu a mínima atenção.
Porém, após 50 anos tratando os Grão-Mestres por “Sereníssimo” (1743-1793), a Maçonaria francesa passou a considerar esse axiônimo como maçônico. Nada a impedia quanto a isso, visto então estar vivendo numa República.
O termo “Sereníssimo”, então consagrado na Maçonaria francesa, berço da Maçonaria latina, foi amplamente adotado pela Maçonaria de língua espanhola e portuguesa, muito mais influenciada e próxima dos maçons franceses do que dos britânicos ou dos norte-americanos. Não é por acaso que ainda é utilizado oficialmente pela Grande Loja da Bolívia, Grande Loja do Chile, Grande Loja de Cuba, Grande Loja da República Dominicana, Grande Loja Simbólica do Paraguai, etc. Isso pode ter influenciado as Grandes Lojas brasileiras que, fundadas a partir de 1927, adotaram o mesmo axiônimo.
Soberano: Século XIX
Como se sabe, em Junho de 1822 foi fundado o Grande Oriente Brasílico, o qual sucumbiu em Outubro do mesmo ano. Entre Outubro e Novembro de 1831 alguns dos remanescentes desse primeiro se reúnem, “reerguendo suas colunas”, no jargão maçônico, com o nome de Grande Oriente do Brasil.
Importante registrar que, em 1830, no ano anterior ao referido “reerguimento”, outro grupo de maçons já havia fundado um novo Grande Oriente, o Grande Oriente Brasileiro, com o objetivo de impulsionar o trabalho maçônico no país, e que foi instalado em Junho de 1831. Porém, personalidades como José Bonifácio e outros partícipes daquele primeiro Grande Oriente, de 1822, haviam ficado de fora e, aparentemente, não gostaram nem um pouco disso, partindo rapidamente para a reinstalação do Grande Oriente Brasílico, agora Grande Oriente do Brasil. Podemos dizer que essa foi a primeira divisão maçônica por vaidade ocorrida no Brasil.
É interessante observarmos que a justificativa apresentada por José Castellani e William Carvalho para a (re) instalação do Grande Oriente do Brasil ter sido posterior à instalação do Grande Oriente Brasileiro é a de que os reerguedores aguardavam “um clima mais liberal, o qual seria propício aos trabalhos maçônicos”. Digo interessante porque no dia 07 de Abril de 1831 Dom Pedro I abdicou do trono e nomeou José Bonifácio como tutor do príncipe regente. Isso significa que durante os meses de abril, maio, junho, julho, agosto e setembro o “clima” estava bastante “propício” para José Bonifácio, que nenhuma pressa tinha acerca da Maçonaria. É curioso observar que os líderes do mesmo movimento maçônico revolucionário de 1822, que em um curto espaço tempo reergueram uma Loja, iniciaram dezenas de membros, dividiram a Loja em três e fundaram o Grande Oriente Brasílico com o intuito de promover a independência do Brasil, que esses mesmos líderes aguardassem “um clima mais liberal” para reerguê-lo. Essas observações apenas reforçam a teoria de que a motivação foi, exclusivamente, a tão conhecida vaidade humana, impulsionada pela instalação do Grande Oriente Brasileiro, liderado por Irmãos considerados “rivais”, em Junho de 1831.
Mas voltando aos axiônimos, apesar de desconhecido para muitos maçons brasileiros, o pronome de tratamento originalmente adotado pelo Grande Oriente do Brasil referente à Obediência e ao Grão-Mestre era o de “Sapientíssimo”. Durante quarenta e cinco anos do Século XIX (1832-1877), o líder maior dessa obediência maçônica do país era predominantemente chamado de Sapientíssimo Grão Mestre do Sapientíssimo Grande Oriente do Brasil.
O termo “predominantemente” não foi escolhido à toa. Como se sabe, desde poucos meses após sua reinstalação até 1951, o Grande Oriente do Brasil era uma obediência maçônica mista, no sentido de não separação do governo dos graus simbólicos e dos altos graus, o que era (e ainda é) considerado uma irregularidade pela comunidade maçônica internacional. Foi no dia 23 de Maio de 1951, por meio do decreto No. 1641, que o então Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil, Irmão Joaquim Rodrigues Neves, desfez essa irregularidade, ao promulgar a nova constituição maçônica do GOB.
Entretanto, no período em que a irregularidade existiu, o Grão-Mestre acumulava o posto de Soberano Grande Comendador. Os termos corretos empregados no referido período de quarenta anos do Século XIX eram: “Sapientíssimo” para Grão-Mestre e “Mui Poderoso” para Soberano Grande Comendador. O “Mui Poderoso”, apesar de largamente utilizado junto aos Soberanos Grandes Comendadores no restante do mundo, acabou entrando em desuso no Brasil, talvez pela extensão do título do cargo (Sapientíssimo Grão-Mestre e Mui Poderoso Soberano Grande Comendador. Ufa!), ou mesmo pela possível interpretação de que o cargo era de “Grande Comendador” e que o termo “Soberano” era distintivo. Por isso, durante o período, o líder maior do GOB era comumente chamado de “Sapientíssimo Grão-Mestre e Soberano Grande Comendador”. Logo, com o termo “Soberano” supostamente sendo interpretado como um axiônimo, e não como parte do título, começaram as aparições da variação “Soberano Grão-Mestre e Grande Comendador”. A partir de Março de 1877 o uso do termo “Soberano” passou a ser predominante.
Uma hipótese para a boa aceitação dessa mudança é o fato de que o termo “Sapientíssimo” era compartilhado por todos os membros da Alta Administração, não havendo na época um termo distintivo exclusivo para o Grão-Mestre no GOB, o que pode ter estimulado o uso do “Soberano” em detrimento desses.
COMAB: Soberano ou Sereníssimo?
Os Grandes Orientes Independentes surgiram a partir da desfiliação de dez Grandes Orientes Estaduais do Grande Oriente do Brasil, ocorrida em 27 de Maio de 1973 e liderada por Athos Vieira de Andrade, de Minas Gerais, e Danylo José Fernandes, de São Paulo.
A partir de 1973, tendo como referências os termos de tratamento de “Soberano” no Grande Oriente do Brasil e “Sereníssimo” nas Grandes Lojas, os Grandes Orientes recém-libertos parecem não ter chegado a um consenso. O GOSC – Grande Oriente de Santa Catarina, por exemplo, adota o termo “Sereníssimo” desde sua fundação. Já o GOP – Grande Oriente Paulista parece ter inicialmente adotado o termo “Soberano”, mas optado pelo termo “Sereníssimo” a partir de 2003. Entretanto, a maioria dos Grandes Orientes confederados à COMAB adota o termo “Soberano”, herdado do Grande Oriente do Brasil, o que é logicamente natural, visto manterem a mesma nomenclatura, ritos praticados, e até, em muitos casos, a mesma estrutura administrativa, basicamente apenas se desfiliando do GOB e declarando suas soberanias.
Durante o desenvolvimento deste artigo, algumas autoridades da COMAB foram contatadas e indagadas se há alguma decisão ou recomendação da COMAB em busca de uma padronização nos modos de tratamento. A informação obtida foi de que não houve ainda alguma deliberação nesse sentido, o que parece significar que cada Grande Oriente tem total autonomia para definir o axiônimo a ser utilizado.
Considerações Finais
Este artigo não tem a intenção de dizer qual o axiônimo correto ou mais adequado a ser utilizado ao se referir a um Grão-Mestre. Isso simplesmente é impossível de ser feito na Maçonaria, especialmente na Maçonaria Latina. Se nem mesmo nos Estados Unidos, em que as Grandes Lojas costumam chegar a um consenso, não há unanimidade no assunto, por que esperar isso no Brasil, cuja Maçonaria regular tem três distintas vertentes e pratica oito diferentes ritos?
Por conta dessa Maçonaria “cosmopolita” praticada no Brasil, não há que se dizer em certo e errado. O que se pode fazer, ou melhor, o que é dever de todo maçom, é buscar a verdade, ou seja, pesquisar e identificar a real origem e razão daquela ação ou interpretação, buscando compreender o contexto de sua ocorrência. E isso sem qualquer julgamento de mérito.

O objetivo deste artigo é simples e creio que foi alcançado. Se “Sereníssimo” ou “Soberano”, pouco importa. São apenas “elogios oficiais”, como, por exemplo, “Excelentíssimo” para as principais autoridades civis ou “Magnífico” para Reitores de Universidades. No entanto, um maçom, pela própria natureza da instituição, não deveria pronunciar ou escrever quase que diariamente um termo maçônico sem nem ao menos querer saber seu significado, sua origem, sua adoção. Seria o mesmo que dizer palavras que não se sabe o significado no meio de frases em conversas na rua. Algo, no mínimo, bizarro.
CARTA DA LOJA MAÇÔNICA ACÁCIA DAS NEVES Nº 22
ORIENTE DE SÃO JOAQUIM - FILIADA AO GOSC

Vivemos um dos momentos mais difíceis de nossa história.
O povo está sendo mantido na ignorância e sustentado por um esquema que alimenta com migalhas a miséria gerada
por essa mesma ignorância.

A tirania mudou sua face.
Já não encontramos os tiranos do passado que
com sua brutalidade aniquilavam as
cabeças pensantes, cortando o pescoço.

Os tiranos de hoje saqueiam a Pátria e degolam as cabeças
de outra forma.

A tirania se mostra pela corrupção que impera em todos os níveis.
Encontramos mais viva do que nunca as palavras do Imperador
Romano Vespasiano que na construção do Grande Coliseu disse:

"DAI PÃO E CIRCO PARA O POVO".
Esse grande circo acontece todos os dias diante de nossos olhos,
especialmente sob a influência da televisão,
que dá ao povo essa fartura de "pão" e de "circo".

Quando pensamos que a fartura acaba, surgem mais opções.
Agora vemos a Pátria sendo saqueada para a construção de monumentais estádios de futebol,
Atualmente chamados de arenas, nos moldes do que era o Coliseu, uma arena.

Enquanto isso os hospitais estão falidos, arruinados,
caindo aos pedaços.

Brasileiros morrem nas filas e nos corredores desses hospitais;
já outros filhos da Pátria morrem pelas mãos de bandidos inescrupulosos
que se sentem impunes diante de um Estado inoperante,
ineficiente e absolutamente corrompido.

Saúde não existe, educação não há, segurança, muito menos.
Porém, a construção dos "circos" continua !
Mas o pão e o circo também vêm dos "Big Brothers"
das "Fazendas", das novelas que de tudo mostram,
menos verdadeiros valores e virtudes pessoais.

Quanto mais circo, mais pão ao povo.

E o mais triste é que o povo, mantido na ignorância,
é disso que mais gosta.

Nas tardes, manhãs e noites, não faltam essas opções
de "lazer".

O Coliseu está entre nós.
O circo está entre nós.
Já o pão, esse vem do bolsa isto, do bolsa aquilo,
mantendo o povo dependente do esquema,
  subtraindo-lhe a dignidade e a capacidade de conquistar
melhores condições de vida com base em suas qualidades,
em seus méritos, em suas virtudes.


Agora, o circo se arma em torno do absurdo que se coloca
à população de que o problema de saúde é culpa dos médicos.

Iludem e enganam o povo, pois fazem cair no esquecimento
o fato de que o problema de saúde no Brasil é estrutural,
pois o cidadão peregrina sem encontrar um lugar digno,
nem mesmo para morrer.


Então, absurdamente, em desrespeito aos filhos da Pátria,
são capazes de abrir as portas para profissionais estrangeiros,
alguns poucos não cubanos.

Os tiranos têm a audácia de repassar R$ 40.000.000,00 mensais
que são sangrados dos cofres públicos para sustentar
um outro governo falido e também tirano, o cubano;
um dinheiro sem controle e sem fiscalização.

Os pobres profissionais que de lá vêm, não têm culpa.
É um povo sem liberdade, sem direito de expressão,
escravo da tirania.

Esses médicos recebem migalhas daquele governo.

Mal conseguem sustentar a si e a seus familiares.

Os R$ 40.000.000,00 que serão mensalmente enviados
para Cuba solucionariam o problema de inúmeros pequenos hospitais pelo interior deste País.

Mas não é a isto que ele servirá.
Nós estamos a financiar um trabalho explorado, escravizado,
de profissionais que não têm asseguradas as mínimas
condições de dignidade de pessoa humana,
porque simplesmente não são homens livres.

E nós, brasileiros, devemos nos envergonhar de tudo isto,
porque estamos sendo responsáveis e coniventes
por sustentar todo esse esquema, todos esses vícios,
comportando-nos de maneira absolutamente inerte.


Esses governantes,
que tanto criticam o trabalho escravo,
também não esclarecem à população o fato
de um médico brasileiro receber o mísero valor de R$ 2,00
por uma consulta pelo SUS.

Do valor global anual que recebem, ainda é descontado
o Imposto de Renda, através de uma escorchante tributação sobre o serviço prestado, que pode chegar ao percentual de 27,5%.
Em atitude oposta, remuneram aqueles que não são
filhos da Pátria, os estrangeiros, com o valor de R$ 10.000,00 mensais por profissional, cabos eleitorais desses governantes.

Profissionais da saúde no Brasil, servidores públicos de carreira,
à beira da aposentadoria, com dedicação de uma vida
inteira, receberão quando da aposentadoria metade
do valor pago ao estrangeiro.


Não podemos aceitar a armação desse circo,
em cujo picadeiro o povo brasileiro é o palhaço !

 A Maçonaria foi a grande responsável
por movimentos históricos e por gritos de liberdade
em defesa da dignidade do homem.

Foi por  Maçons que se deu o grito de Independência do Brasil,
da Proclamação da República, da Abolição da Escravatura.

Foi por Maçons que se deu o brado da Revolução Farroupilha.

E o que está fazendo a Maçonaria de hoje ao ver o circo armado,
com a distribuição de um pão arruinado pelo vício
que sustenta essa miséria intelectual ?


Não podemos ficar calados e inertes !
A Maçonaria, guardiã da liberdade, da igualdade e da
fraternidade, valores que devem imperar entre todos os povos,
precisa reagir, precisa revitalizar seu grito,
seu brado para a libertação do povo.

Esse é o nosso dever, pois do contrário não passaremos
de semente estéril, jogada na terra apenas para apodrecer
e não para germinar.


A Loja Maçônica Acácia das Neves incita a todos os Irmaos:
para que desencadeemos um movimento de mudança, de inconformismo, fazendo ecoar de forma organizada, a todas as Lojas e os Maçons desta Pátria, o nosso dever de cumprir e fazer cumprir a nossa missão de levantar Templos à virtude e de cavar masmorras aos vícios !


Fraternalmente,

Alaor Francisco Tissot
Grão-Mestre - GOSC

quinta-feira, agosto 28, 2014


Este texto foi originalmente publicado no blogue A Partir Pedra em 20 de outubro de 2010 

A Maçonaria teve historicamente o seu auge, em termos quantitativos, após o final da Segunda Guerra Mundial. Tinham-se vivido anos de horror e de violência inauditos. Os sobreviventes dos combatentes no conflito necessitavam de manter a camaradagem, a união, o espírito de corpo, que sentiam ter possibilitado a sua sobrevivência. Uma das formas que, sobretudo nos países anglossaxónicos, acharam para o fazer foi buscar a admissão nas Lojas maçónicas e aí praticarem essa particular forma de camaradagem que inexoravelmente os marcou. Por outro lado, os horrores vividos e assistidos mostraram a muitos e muitos a necessidade de um espaço de convivência sã e de aprimoramento ético. Quem conviveu com o mal aprecia mais plenamente o bem!

O pós Segunda Guerra Mundial foi assim um período de grande florescimento da Maçonaria, em que os números dos maçons cresceram até atingirem níveis nunca antes historicamente atingidos.

Mas a vida é feita de ciclos! A essa fase de crescimento seguiu-se - inexoravelmente - uma fase de declínio. As condições sociais mudaram. A prosperidade material foi desfrutada por mais gente. As gerações sucederam-se. O que foi vivido no tempo daquela guerra passou a ser mera matéria de documentário histórico para os filhos, netos e bisnetos da geração que vivera aquele tempo. O que fora importante para a geração do pós-guerra não era já entendido nem sentido como tal pelas gerações subsequentes - e, bem vistas as coisas, ainda bem que as gerações subsequentes tiveram a possibilidade de não viver, nem sentir, nem suportar, aqueles duros tempos! Outras solicitações sociais e de utilização de tempos livres se perfilavam. E a Maçonaria, em termos quantitativos, declinou sensivelmente. Passou a ser vista como uma coisa de cotas nostálgicos e ultrapassados e de cromos com a mania de se armarem em diferentes. Tantas coisas para fazer na vida, tanta vida para viver, tanto trabalho para fazer, tanto para conquistar - para quê gastar (ou perder) tempo com essa coisa esquisita, meio desconhecida, fechada? Com a escolaridade a aumentar exponencialmente, quando os jovens passavam anos e anos a preparar-se para a vida ativa e esta era cada vez mais competitiva, que esquisitice era essa do autoaperfeiçoamento? Não era evidente que cada geração era melhor, mais sabedora, mais dinâmica, mais apta, do que a anterior? A Maçonaria não passava, para muitos, de um resto do passado, em vias de fossilização, em persistente declínio, precursor da inevitável decadência e do inexorável arquivamento nas prateleiras das curiosidades da história! A vida moderna, a tecnologia, o progresso imparável, o céu que é o limite do pujante avanço da Humanidade, relegavam a vetusta organização para a sala dos fundos onde as relíquias do passado acumulavam respeitável poeira...

Mas os ciclos inexoravelmente avançam, as suas fases sucedem-se e, nunca se repetindo exatamente da mesma forma, as grandes tendências inevitavelmente que paulatinamente se repetem. Este início do século XXI parece mostrar-nos uma mudança de ciclo da Maçonaria, em que o declínio cessou e o crescimento recomeça.

A vida moderna insensivelmente empurra-nos para a massificação, a generalização. Cada vez mais, cada um de nós é menos um indivíduo e mais um número, um fator, um pequeno elemento de um conjunto cada vez mais numeroso. E cada vez mais descobrem que a Maçonaria permite aos que a integram dispor de um espaço, de tempo e de locais em que cada um consegue afastar essa asfixiante sensação de ser apenas uma peça de um imenso formigueiro humano e assumir-se como indivíduo inserido numa comunidade e com ela e os seus outros componentes interagindo. Volta a "estar em alta" no "mercado" dos valores pessoais e sociais a necessidade de ética, a vontade de aperfeiçoamento, a interação com pequenos grupos de pares, com interesses e objetivos similares.

Cada um de nós sente que, por si só, não consegue deixar de ser apenas um número, inseto numa colmeia, peça de uma imensa máquina que é a sociedade de hoje. Mas verifica que, inserida num grupo com dimensão humana, em que todos se conhecem e se podem conhecer, a individualidade de cada um tem significado e é reconhecida nesse grupo com dimensão humana. E que, inserido nesse grupo, os progressos de cada um são reconhecidos pelos demais, tal como cada um reconhece os progressos dos demais. Ser um parafuso bem polido num depósito de milhões de parafusos é irrelevante. Mas ser uma pessoa, um indivíduo, com virtudes a cultivar, com defeitos a combater, com arestas a polir, no meio de iguais, também com virtudes e defeitos e arestas, mas sobretudo sendo cada um UM, diferente entre iguais - isso é gratificantemente diferente!

Nos dias de hoje, a Maçonaria é uma ancestral instituição que - como é caraterístico das instituições verdadeiramente relevantes e duradouras - se reinventa para responder aos desafios e às necessidades de agora. E hoje é necessário - cada vez mais urgentemente necessário! - que a vetusta instituição da Maçonaria disponibilize a quem disso cada vez mais necessita o tempo, o espaço, o meio, as ferramentas, para que o homem-número que o progresso que trilhámos criou se transforme no Homem Completo que cada um de nós tem a potencialidade de ser. Único. No melhor e no pior. Cada vez com mais melhor e menos pior. Mas sobretudo Homem - imprescindivelmente diferente entre iguais.

Tempo virá em que novo declínio experimentará a Maçonaria, em que os nossos filhos, ou netos, ou bisnetos, de forma geral a verão de novo como coisa do passado. Não é esse o tempo que vivemos. O tempo de agora é de crescimento, de consolidação, de valorização. Porque os Valores que recebemos dos nossos antecessores e que cultivamos para transmitir aos vindouros são intemporais, essenciais e imprescindíveis para o Homem e para a Humanidade.

Curiosamente, a imutável linha de rumo da Maçonaria parece atuar como força de equilíbrio na Sociedade. No passado, quando imperava a desigualdade, a Maçonaria foi um espaço de igualdade. Hoje, quando a normalização impera ao ponto de asfixiantemente nos sentirmos números num conjunto, formigas cumprindo desconhecida missão do formigueiro, obreiras mecanicamente contribuindo para a manutenção e crescimento da Grande Colmeia social em que nos sentimos aprisionados, a Maçonaria possibilita a cada um dos seus elementos que exercite, execute, desenvolva, a sua individualidade. O combate de há trezentos anos era o de convencer a sociedade inteira da igualdade essencial dos seus membros. Hoje, o desafio é o de consciencializar todos de que essa igualdade só se concretiza verdadeiramente se for permitido a cada um desenvolver a sua individualidade. Porque cada um de nós é verdadeiramente único e diferente entre iguais. E é essa Diferença na Igualdade que, afinal, constitui a maior riqueza de uma sociedade.

As épocas sucedem-se, as modas vêm e vão, os tempos mudam - mas os Valores essenciais, esses, são perenes e cultivá-los com são equilíbrio é Arte verdadeiramente Real!

Rui Bandeira

terça-feira, agosto 26, 2014

MESTRE INSTALADO
É o Mestre que tendo sido eleito Venerável Mestre, passa pelos ritos iniciáticos de Instalação, em que lhe são transmitidos, por uma Comissão Instaladora formada por três Mestres Instalados, os segredos que lhes são privativos. Também na Igreja Católica observa-se a exigência da presença de três bispos na cerimônia de consagração de um novo bispo. O Mestre Instalado, também designado pela expressão inglesa Past Master, é quase que um quarto grau do simbolismo maçônico, uma vez que somente os detentores deste título podem iniciar (ao grau 1), elevar (ao grau 2), exaltar (ao grau 3), assistir do início ao fim a cerimônia de Instalação e Instalar (fazer) novos Mestres Instalados. Numa sessão iniciatória de qualquer grau, na falta do Venerável Mestre da Loja, caso os Vigilantes não sejam Mestres Instalados, não poderão portar a Espada Flamejante nem consagrar o grau, tarefa que deverá ser transferida para um Mestre Instalado presente. Um Grande Inspetor Geral, grau 33, se não for Mestre Instalado, não poderá assistir a certos ritos da cerimônia de Instalação, devendo retirar-se do templo com os demais Mestres. A cerimônia de Instalação inicia-se no grau de Aprendiz, passando sucessivamente pelos graus de Companheiro e de Mestre, após o que só podem permanecer no templo os Mestres Instalados. O avental do Mestre Instalado é igual ao do Mestre, porém com taus (letra grega semelhante à latina T) invertidos no lugar das rosetas. Os Mestres Instalados têm assento no Oriente e sua jóia distintiva é um esquadro com um pingente formado por uma lâmina onde está inscrito o postulado 47 de Euclides, também conhecido como Teorema de Pitágoras. 
Excerto do livro (não publicado) Maçonaria para Maçons, Simpatizantes, Curiosos e Detratores.

Por que a relação contemporânea com a morte passa pelo espetáculo

Selfies em velórios e xingamentos a ídolo futebolístico morto abrem discussão sobre a visão do fim da vida vigente em nossa época

23/08/2014 | 16h01
Por que a relação contemporânea com a morte passa pelo espetáculo Chico Peixoto/Fotos Públicas
Populares tiram fotos do cortejo do ex-governador de Pernambuco e candidato à Presidência, Eduardo Campos, no cemitério de Santo Amaro, no Recife,Foto: Chico Peixoto / Fotos Públicas
É, a morte não é mais aquela – ao menos no olhar dos que ficam para contemplá-la.
Sua nova representação é visível em pelo menos dois episódios que causaram polêmica neste mês:
Em Recife, as selfies invadiram o velório do ex-governador Eduardo Campos – com poses até ao lado da viúva, no domingo passado.
Em Porto Alegre, o coro “Fernandão morreu, Fernandão morreu”, entoado por torcedores gremistas no Beira-Rio como provocação aos colorados, no Gre-Nal do Dia dos Pais, cruzou a última fronteira das rixas futebolísticas.
Mas quando foi mesmo que o bom senso morreu? Em que momento a finitude da existência perdeu sua aura sacra para virar cenário para vaidades e agressões?
Autora da tese de doutorado Aqui se Jaz, Aqui se Paga – O Mercado da Morte e do Morrer em Tempos de Imortalidade, que foi defendida pela UERJ e será lançada em livro em dezembro pela editora Appris, a psicóloga Lana Veras tem uma convicção: as novas formas de lidar com a morte não diferem tanto da maneira como lidamos com a vida. Em tempos de sociedade do espetáculo – onde tudo vira produto a ser exibido, compartilhado e vendido, numa competição acelerada para se sobressair a qualquer preço (seja no número de likes no Facebook ou em degraus na carreira ) –, nem a morte escapa às regras do mercado.
– Quando se faz uma selfie em um velório, a pessoa está mostrando que está antenada, atualizada, que está ali na despedida de uma pessoa famosa. Então ela faz 10 fotos para escolher a que ficou melhor. Em primeiro plano está a pessoa, não o morto. Isso expressa uma enorme carga de narcisismo, porque o morto não interessa – analisa Lana, que também é professora do curso de medicina da Universidade Federal do Piauí.
Diante dessa espetacularização do cotidiano, ser feliz (e, principalmente, mostrar que está feliz) virou uma obrigação. Como consequência, pesquisadores observam uma dificuldade social crescente em lidar com a tristeza e com o luto. Sucesso é ostentar alegria permanente nas redes sociais – mesmo que o sorriso só dure o tempo do clique. Confrontados com o imperativo da felicidade, tendemos a fugir da dor e do silêncio que permitiria reflexões mais profundas.
– Isto abre as portas para a “negação da morte”, o que leva muitas destas  pessoas a se comportarem como se o fato não tivesse realmente acontecido e mergulharem numa lógica delirante,  legitimada quase sempre por rígidos preceitos religiosos, para não ter que se defrontar com o que se poderia chamar de horror da perda – avalia o professor Jorge Coelho Soares, do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).
Assim, mesmo a dor pela perda de alguém querido passa a ser menos tolerada socialmente. A mudança é visível até nas condolências, como observa a psicóloga Lana Veras: décadas atrás, quando alguém morria, as palavras mais comuns ditas aos familiares eram: “meus pêsames”, “meus sentimentos” – que expressavam a ideia de uma solidariedade com a dor. Hoje essas expressões soam antiquadas. E foram substituídas por quais? “Força!”, “Cabeça para cima!”, “Não fique triste, porque ele não queria ver você triste assim!”.
– As palavras de antes eram uma forma de dizer que as pessoas estariam juntas no sofrimento. Agora parece um recado dizendo: eu não tolero seu sofrimento por muito tempo, porque ver os outros nos faz sofrer também. Então, quanto mais rápido passar esse sofrimento, melhor – constata Lana.
Essa mudança na representação social da morte é influenciada por fatores históricos, culturais e religiosos, destaca Maria Julia Kovács, professora do instituto de psicologia da USP e coordenadora do Laboratório de Estudos sobre a Morte. Cada vez mais, em vez de sentirmos o cheiro da morte em nossas casas, como no passado, transferimos nossa agonia para os corredores assépticos dos hospitais – passando a delegar à ciência a responsabilidade de contorná-la.
– (Antes a morte) ocorria em casa e os rituais aconteciam com participação da família, amigos e comunidade. Com o avanço da tecnologia médica e os hospitais, vemos na atualidade mortes solitárias e prolongadas. Tanto que hoje se teme mais o processo de morrer do que a morte – reflete.
Sem encarar a morte de perto, afastamos a carga dramática que lhe é inerente do nosso cotidiano.  Mesmo assistindo pela televisão a uma profusão de tragédias todos os dias, tendemos a banalizá-las. A morte vira estatística. Algo distante, ausente, em que o sofrimento é negado. Nesse ambiente, os gritos no estádio de “Fernandão morreu” encontram espaço para virar bordão. E um caixão ilustre passa a ser visto como um cenário interessante para se exibir nas redes sociais.
Não que o uso da imagem dos mortos seja algo recente. Pelo contrário. De acordo com o historiador Miguel Soares, professor de história da arte da Ulbra, desde o Paleolítico os homens se dedicam à representação dos mortos –  naquela época, arrancando o crânio e esculpindo os traços da vítima em barro. Com o surgimento da fotografia, em 1839, os defuntos estiveram entre os  primeiros fotografados, já que a imobilidade facilitava o clique. Raros, os retratos passavam a ser a única lembrança de quem se foi – e, especialmente até os anos 1960, era comum famílias pendurarem a lembrança nas paredes.
– A imagem é filha da morte. Se fôssemos eternos, não precisaríamos registrar e preservar a memória – define o historiador.
A diferença é que, antes, as fotografias eram uma homenagem aos mortos. Hoje também viraram cenário para o exibicionismo dos vivos.

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