quinta-feira, setembro 21, 2023

 Grande Loja da Rússia

 

Acredita-se que a maçonaria chegou à Rússia, no final do século XVII, quando em 1699, o Czar Russo, Pedro I “O Grande”, com 27 anos de idade, teria sido iniciado por Christopher Wren, um famoso maçom operativo responsável pela reconstrução de Londres após o incêndio de 1666.. Esta teoria não tem comprovação documental.

 

Diz a “lenda”, que Pedro foi admitido no grau Escocês de Santo André, e isso, poderia ter influenciado sua escolha da bandeira da Marinha russa, que é chamada de bandeira de Santo André, utilizada até os dias atuais.

 

Á partir do final do século XVII, representantes da cultura europeia ocidental entraram no Reino de Moscou. Entre eles estavam técnicos, professores, filósofos, construtores e pregadores, onde estes últimos começaram a espalhar a cultura do hermetismo, dando assim, abertura para a maçonaria.

 

Em 24 de janeiro de 1731, a Grande Loja da Inglaterra designou um capitão chamado John Phillips como Grão-Mestre Provincial da Rússia e da Alemanha. A Maçonaria arraigou-se na Rússia no reinado da Imperatriz Elisabeth (1741-62), particularmente entre a nobreza, e floresceu durante a maior parte do reinado de Catarina, a Grande (1762-96). Os maçons russos até o tempo de Catarina, eram na maioria estrangeiros de origem. Desde 1760, praticamente todas as famílias nobres tiveram pelo menos um maçom.

 

O TEMPLO DE SALOMÃO: UM PALÁCIO EGÍPCIO


INTRODUÇÃO

            Até o século 19, vários ocultistas impressionavam multidões com alegações fantásticas sobre as supostas origens no Egito antigo de várias ordens iniciáticas, inclusive da Maçonaria. Tudo isso mudou bastante quando Champollion interpretou a Pedra de Rosetta, no século 19, e a maioria dessas alegações se provou infundada.

            Contudo, há uma conexão extraordinária e bastante real entre a Maçonaria e o Egito antigo que permanece desconhecida da maioria dos maçons. E ela ocorre através de algo que está no centro das lendas maçônicas: o Templo de Salomão.

            O que pouca gente sabe é que o Templo de Salomão era, em sua arquitetura, uma réplica de um palácio egípcio.

O QUE ERAM OS TEMPLOS

            Para entender melhor isso, é preciso primeiramente considerar que os templos no antigo Oriente Médio não eram locais de culto, como se pensa o termo hoje. Os templos eram, literalmente, considerados como casas das divindades.

            Literalmente porque os povos meso-orientais da antiguidade entendiam que os deuses visitavam os templos para descansar, para comer e para ali habitar. Razão pela qual havia uma série de regulamentações, que podem ser vistas na própria Bíblia inclusive, sobre higiene, limpeza do local, e até mesmo que tipos de refeições seriam oferecidas às divindades.

            Por exemplo, compare este antigo texto cananeu, com uma passagem bíblica a seguir:

            “Quem faz algo de uma maneira impura e oferece ao rei água poluída, derramai vós, ó deuses, a alma daquele homem como água!” (Ancient Near Eastern Texts Relating to the Old Testament – Instructions for Palace Personnel to Insure the King’s Purity)

            “Assim separareis os filhos de Israel das suas imundícias, para que não morram nas suas imundícias, contaminando o meu tabernáculo, que está no meio deles.” (Levítico 15:33)

            Ou ainda observe como os israelitas serviam comida diante dos aposentos de Deus (i.e. o Santo dos Santos) continuamente:

            “E sobre a mesa porás o pão da proposição perante a minha face perpetuamente.” (Êxodo 25:30)

            Enfim, há inúmeros exemplos, mas não serão abordados aqui para não desfiar o foco. O importante é apenas familiarizar o leitor com o conceito de que o templo era tido literalmente como a casa da divindade.

AS ORIGENS DO TEMPLO DE SALOMÃO

            O Monoteísmo do Reino de Judá, onde se situava o Templo de Salomão, se desenvolveu a partir de seu vizinho, Midiã. Isso é dito explicitamente na Bíblia:

            “E apascentava Moisés o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote em Midiã; e levou o rebanho atrás do deserto, e chegou ao monte de Deus, a Horebe.” (Êxodo 3:1)

            Isso é importante porque Midiã era uma confederação de tribos nômades que havia se libertado, tempos antes, da dominação egípcia.

            Registros arqueológicos mostram que Midiã havia não apenas feito tal movimento, como também havia convertido templos egípcios em templos monoteístas, direcionados à sua divindade.

            Considerando, portanto, que Judá era herdeiro dessa cultura, além do fato do Egito ter por diversas vezes dominado cultural e economicamente a região de Canaã, não surpreende que essas semelhanças sejam encontradas.

            Na imagem abaixo, um templo egípcio erigido a Hator, deusa primordial egípcia, datando do século 12 a.c., na região de Timná, em Israel.

            Alguns registros em cerâmica mostram que os midianitas posteriormente converteram tal templo num local de culto à sua própria divindade.

            Uma observação mais atenta revela exatamente a mesma estrutura do Templo de Salomão: Um átrio, onde profanos teriam livre acesso; um santo lugar, onde somente sacerdotes poderiam adentrar; e, por fim, um pequeno santo dos santos, considerado o aposento principal da divindade, onde estaria algum objeto que a representasse.

            Como dito anteriormente, templos eram tido como lares para as divindades, literalmente falando. Acreditava-se que a presença da divindade, agradada pelo serviço de seus fiéis, traria bênçãos à região.

UM PALÁCIO PARA A DIVINDADE

            E, se você pretende construir uma habitação (literal) para uma divindade, nada mais natural que ela seja espelhada nos moldes arquitetônicos das habitações dos reis região. E isso nos leva a outra premissa importante.

            Felizmente, a Arqueologia também nos ajuda a compreender como eram as tendas egípcias que os faraós utilizavam justamente nas batalhas onde conquistaram tais territórios, ou ainda em suas visitas à região.

            Abaixo, achado arqueológico retratando o acampamento de Ramsés II na batalha de Qadesh, descoberto em Luxor, no Egito:

            Observe como no centro, a tenda de Ramsés II também segue o modelo triparticionado, contendo um átrio, um local interior e os aposentos do rei. Isso fica ainda mais claro nos achados em Abu Simbel, na fronteira do Egito com o Sudão, representando o mesmo evento:

            Como se pode perceber, até mesmo os querubins que adornavam as cortinas do Santo dos Santos, bem como a tampa da Arca da Aliança – seres que eram vistos como “guardas” de lugares mais sagrados – estão presentes.

            Agora compare com o modelo do Tabernáculo de Moisés recebido por ele no monte Horebe, território de Midiã:

            Por fim, compare com o Templo de Salomão, cuja arquitetura se propunha essencialmente a ser uma versão permanente do Tabernáculo:

            Como se pode perceber, o Templo de Salomão é, essencialmente, um templo egípcio. E os templos egípcios na região de Canaã eram baseados na estrutura das habitações das tendas dos faraós.

            Assim sendo, pode-se dizer que existe de fato uma conexão real entre a Maçonaria e o antigo Egito através das lendas do Templo. Sem, para isso, cair nas ideias fantasiosas que permearam os séculos anteriores.

            Por fim, convido o leitor a refletir: Como o fato do Templo de Salomão ser essencialmente um palácio real, nos moldes egípcios, impactaria o nosso entendimento de seus elementos e símbolos?

Bibliografia

ALMEIDA, João F. (trad) Bíblia Sagrada – Almeida Corrigida Fiel. São Paulo: Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil, 1994.

BARTON, John (ed.) et al. The Oxford Bible Commentary. Nova Iorque: Oxford University Press, 2001.

BERLIN, Adele (ed.); BRETTLER, Marc Z. (ed.) The Jewish Study Bible. Nova Iorque: Oxford University Press, 2004.

BRADSHAW, Jeffrey M. What Similarities Are There Between Egyptian and Israelite Temples? Meridian Magazine: 16 abr. 2019. Disponível em: <https://latterdaysaintmag.com/what-similarities-are-there-between-egyptian-and-israelite-temples/> Acesso em 20/11/2019.

HOMAN, Michael M. The Tabernacle in Its Ancient Near Eastern Context. Disponível em: <https://www.thetorah.com/article/the-tabernacle-in-its-ancient-near-eastern-context>. Acesso em 20/11/2019.

LANGFUR, Stephen. The Temple to Hathor, later a Midianite Tent Shrine. Disponível em: <http://www.netours.com/content/view/148/26/1/2/>. Acesso em 20/11/2019.

SLOTT, Bill. The Temple of Hat’hor. The Times of Israel. Jerusalém, 18 out. 2017. Disponível em: <https://blogs.timesofisrael.com/the-temple-of-hathor/> Acesso em 20/11/2019.

WALTON, John H. et al. The IVP Bible Background Commentary – Old Testament. Downers Grove: interVarsity Press, 2000.

Sobre o Autor

Luis Felipe Moura é M∴ M∴, membro da ARLS Conde de Grasse-Tilly 301 (Grande Oriente Paulista/COMAB). É bacharel em Letras (inglês), mestre em Teologia e em Psicanálise, atualmente trabalha como psicanalista e professor de Bíblia Hebraica.

 

Os Dez Mandamentos" da Ética do Maçom

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A condição de Maçom exige conduta compatível com os preceitos da Constituição do Grande Oriente do Brasil, das Constituições de Anderson, dos ensinamentos dos Rituais adotados pelo Grande Oriente do Brasil, bem como o não cometimento de delitos e crimes previstos na Legislação Penal Maçônica, e na Legislação Penal da Republica Federativa do Brasil. São Deveres Éticos do Maçom:


1) Respeitar todas as autoridades maçônicas legalmente constituídas, não atacando, por quaisquer meios, de forma pessoal, os irmãos ocupantes dos cargos de autoridade no exercício dos respectivos mandatos. (Sabe-se que o ataque ao ocupante de cargo de autoridade, além de atingir pessoalmente o irmão que ocupa o cargo, atinge também o corpo da própria Instituição que este representa, promovendo o enfraquecimento conceitual da mesma).  


2) Não promover a veiculação de matérias, editoriais, ou reportagens em qualquer tipo de informativos, impressos, ou em meio digital, sobre qualquer assunto que envolva juízo de valor sobre a atuação de um ou mais irmãos sem a devida manifestação daquele ou daqueles que possam se sentir atingidos, demonstrando, na mesma proporção e no mesmo momento, no caso de posições divergentes, todas as posições existentes sobre o assunto. (Não mostrar todos os “dois lados da moeda”, além de injusto, não contribui para o desenvolvimento de opiniões sobre qualquer tipo de assunto, logo, se existem posições divergentes, estas devem ser apresentadas concomitantemente, e quando não o são, a própria legislação pátria já consagra o Direito de Resposta, assim, em uma irmandade, é indispensável que, antes de se expressar qualquer opinião sobre a conduta ou fatos envolvendo um irmão, que este irmão também tenha a possibilidade de demonstrar, ao mesmo tempo, sua posição de forma a que todos possam conhecer todas as versões sobre os fatos).  


3) Não se utilizar, nunca, do anonimato para dirigir qualquer tipo de ataque pessoal contra qualquer irmão. (Já proibido pela Constituição do GOB, o anonimato, é arma do covarde, que sequer assume a sua identidade de responsável pelo que pensa e diz, não dando chance de qualquer tipo de contraditório ou defesa para o irmão que foi atacado, sendo uma conduta inadmissível entre irmãos).


4) Não se dirigir, nunca, de forma ríspida, deselegante ou deseducada a um irmão, ofendendo-o direta ou indiretamente. (Além da penalidade maçônica específica para esta conduta, a educação e o trato fraterno entre irmãos são condições essenciais para a boa convivência em nossa Ordem).  


5) Não promover qualquer tipo de brincadeira, chacota, ou atuação de caráter pejorativo, direta ou indiretamente contra qualquer irmão. (O que para muitos pode parecer inofensivo pode, para o atingido, ser motivo de grande sofrimento, gerando desconforto e desunião).


6) Não propagar ou repetir qualquer informação, ainda que verbalmente, que envolva a pessoa ou a atuação de um irmão sem que este tenha conhecimento de tal divulgação e que a tenha autorizado. (A popularmente conhecida “fofoca” somente traz discórdia e muita vezes informações falsas que nada contribuem para a edificação dos irmãos envolvidos, estando, na maioria das vezes, baseadas em inverdades propositalmente criadas para denegrir a honra e a reputação de um irmão).  


7) Não se considerar, ou se apresentar como superior ou onisciente por conta de qualquer grau maçônico, simbólico ou filosófico alcançado, inferiorizando os que até lá ainda não chegaram. (A igualdade é um de nossos princípios, os graus maçônicos alcançados merecem o devido respeito, mas não autorizam, de forma nenhuma, a que um irmão se julgue superior a outro, por já os ter alcançado).


8) Não considerar, nunca, qualquer irmão, responsável por qualquer delito maçônico, até que as autoridades judiciárias maçônicas determinem, em última instância, a eventual condenação do irmão envolvido. (O Poder Judiciário Maçônico é o poder competente para apurar e julgar crimes e delitos maçônicos, cominando as devidas penas, não devendo qualquer irmão fazer juízo de valor prévio sobre fatos ou sobre a conduta que eventualmente entender delituosa por parte de qualquer irmão).  


9) Não discutir, anunciar ou propagar qualquer assunto discutido ou fato ocorrido em Loja, fora dela. (Tal divulgação, proibida em toda a legislação maçônica e também nos rituais, não deve ser, em hipótese nenhuma, descumprida, devendo os assuntos da Loja, ficarem circunscritos aos membros da mesma, presentes nas sessões onde foram discutidos ou onde ocorreram os respectivos fatos).  


10) Não desrespeitar, ou envolver em qualquer comentário pejorativo, direta ou indiretamente, qualquer membro da família de um irmão. (A família do irmão é a extensão do mesmo, logo, pela valorização da mesma, preconizada sempre pela Maçonaria, e pelo respeito ao âmbito particular e privado do irmão, sua família deve ser sempre resguardada de qualquer ataque, ou comentário pejorativo). 


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