quinta-feira, dezembro 26, 2013

A Francomaçonaria e seus Landemarques
Desconheço o Autor
Tradução: Charles Evaldo Boller
Fonte: A Pedra Bruta, Agosto de 1892 e junho 1893.
Porque a Francomaçonaria existe há tanto tempo?
Afirmo que sua existência é devida ao fato de ela NÃO ser uma sociedade secreta.
Isto é verdade: temos procedimentos de reconhecimento, ritos, cerimônias, e segredos, com os quais os profanos não estão familiarizados, nem podem apreciar as suas belezas sem conhecimento profundo da linguagem mística, composto que é das gemas da filosofia relacionada a belos símbolos, e onde a caridade cai silenciosamente assim como se precipita o orvalho do céu.
No entanto, falando estritamente, ela não é uma sociedade secreta!
Uma sociedade secreta é dessas associações onde homens reúnem-se para discutir coisas em estrita confidencialidade, sem dar ao mundo qualquer conhecimento de sua missão.
Existem sociedades secretas onde homens são condenados a morrer, tramas e conspirações são inseridas, anarquia mantém a tendência completa e são realizadas ações malvadas, podres, execráveis e totalmente condenáveis. Ao mundo não é permitido saber quem forma tais grupos, seu ponto de encontro é segredo profundo e todos os conectados com estes grupos são conspiradores, traidores, ateus e anarquistas que têm o selo da perdição em suas almas.
Para ilustrar a minha posição, aponto para a famosa organização criminosa iraniana Clan-na-Gael, para o pavor da máfia e similares. Suas histórias são tanto conhecidas como comentadas. São sociedades secretas que espalham morte e destruição. Elas possuem membros para divulgar seus atos escusos ligados com morte imediata.
Agora, se Maçonaria é exibida como SOCIEDADE SECRETA, seus dias estão contados.
Mas disso nada temos a temer!
Agora, se ela não é uma sociedade secreta, então o que ela é?
É uma sociedade privada, formada com ampla base no amor fraterno, assistência e verdade.
A nenhum homem livre com as qualificações físicas essenciais é negada a admissão de ele vir a ser "bom e verdadeiro".
As constituições das lojas maçônicas são públicas para o mundo contemplar. As antigas leis e regulamentos estão abertos para inspeção. Seus princípios e virtudes cardinais adicionam cintilação ao seu brilho. Suas leis e jurisprudência estão publicadas para o mundo.
Essas coisas não são secretas!
Nenhum homem, mesmo em presença de seus preconceitos, negará o fato de que ela tem um bom efeito sobre a raça humana. Ela continua a existir enquanto outras coisas da criação humana morreram.
Ela existe hoje porque reúne em si todas as virtudes.
Ela sobreviveu às bulas de Roma e à perseguição de reis e imperadores.
Deve haver um motivo para isso?
Enquanto a Maçonaria não oferece passagem para o céu, a sua bandeira é pintada em letras douradas de fé em Deus e esperança na imortalidade.
Isto, em minha opinião, é a chave para a situação.
Seus ensinamentos foram sempre tão puros que seus adeptos têm guardado isso com fidelidade amorosa.
Ela não pode morrer porque é construída sobre uma base firme com princípios bem alicerçados, que durará "até quando o tempo não mais existir".
Nenhuma instituição humana teve sobre si acumulada tão grande quantidade das mais vis indignidades. Os papas insistem que a sociedade maçônica admite o crente e o ateu em plataforma comum. Alegam que a Maçonaria tem e está se empenhando em guerra contra a igreja e os governos da Terra.
Que expressões tolas!
Terão eles se familiarizado com suas palestras, com seu simbolismo? Terão eles investigado antes de sentenciar? Eles podem ter sido honrados a juntarem-se a este grande cortejo do maior homem do mundo; em marcha ao cume e à perfeição do nosso objetivo - a VERDADE.
A Francomaçonaria tem existido porque ensina a lei moral.
O homem que usa o nome de Deus em vão é culpado de delito maçônico.
Ela existe porque nunca se curvou às intrigas dos políticos.
Ela existe porque tem uma linguagem universal não encontrada em nenhuma outra sociedade.
Ela existe porque é uma ciência baseada na filosofia daquela religião em que todos os homens concordam na existência de um GOVERNANTE SUPREMO e da imortalidade da alma.
Enquanto reinos e repúblicas têm caído, no tempo em que se travaram guerras entre as nações, ela continuará a existir tanto no lado do conquistador quanto do conquistado.
Seus Landemarques são indestrutíveis.
Maçonaria tem sido estabelecida por gerações.
Manteve suas características peculiares.
Seus princípios foram mantidos.
Seus ensinamentos esotéricos são inalterados.
Seu cerimonial tem sido preservado.
Suas tradições são dadas como em tempos idos.
A devoção dos seus associados agora é tão séria, sincera e inexpugnável, como no início.
A história que fez é indevassável.
As bases em que se assenta são eternas.
Estes fatos dificilmente serão negados, mesmo entre profanos incrédulos.
A fé nestas afirmações é a herança do verdadeiro maçom!
Que outra instituição humana pode fazer estas afirmações a respeito do inteligente estudante pensador dos registros do tempo que têm escrito no "agora" assim que ele se torna "ontem"?
Deve, portanto, existir na Francomaçonaria alguma vitalidade especial, algum espírito indefinível ou essência, alguma faculdade inerente sobre-humana que operou para garantir tais resultados. Através dos tempos a Francomaçonaria viveu e manteve o seu carácter.
Quando a ascensão e queda de impérios, das revoluções do pensamento, das opiniões e formas de governo desenvolveram alterações dentre a humanidade; Quando os iconoclastas quebraram imagens, as leis, a ordem social, derrubaram muitas instituições, fizeram mártires e vítimas e imolaram muitos de seus seguidores dedicados, ainda assim, a Francomaçonaria sobreviveu. Forte, persistente, autossuficiente, cheia de fé e pronta para os perigos, a arte real nunca vacilou no desempenho das suas funções.
Em cavernas, nos topos das montanhas, o ofício conheceu e obedeceu aos ensinamentos recebidos. Desta forma os irmãos realizaram suas cerimônias.
Eles foram animados pelo espírito de uma devoção à sua associação que parecia participar de um reconhecimento solene como uma revelação. Suas relações sociais, sua identificação com o povo do país, as suas responsabilidades como unidades nas organizações comunitárias das quais faziam parte, enquanto se tornavam receptivos às leis profanas, em nenhuma forma enfraqueceram os laços ou ligações que os vinculam à fraternidade da arte do ofício. Em qualquer ocasião eles foram e sempre serão francomaçons.
Obedeciam ao magistrado civil, nunca se envolviam em conspiração contra o governo, acreditavam em Deus e confiavam em Seus cuidados.
Muitas vezes estes francomaçons eram apenas algumas poucas pessoas. Isso pode ser dito, em certo sentido, que a sua força era oriunda de sua fraqueza. Mas, não! Foi a força que a história do passado da ordem fez que ocasionou que viesse a constituir-se irresistivelmente potente. Foi uma fé que marcou as evidências concorrentes da organização indestrutível que chegou a eles desde os seus pais. O silêncio permeia a coragem dos artesãos a não abandonarem a Loja. Os princípios que formaram o poder de cimentação dos fundamentos da Francomaçonaria foram o refúgio e a defesa dos irmãos.
Os ensinamentos da Loja os inspiraram. O dever nunca foi ignorado. A "Grande Luz" era uma lâmpada para seus pés. Da qual eles nunca se afastaram. Enquanto aderiram à obediência sem questionamento sentiam-se seguros e protegidos.
Isto, irmãos, é vossa herança!
Suas obrigações para comandar a estrita aderência aos princípios e ensinamentos que indelevelmente marcam e manifestam a afirmação do que é, tal como nas gerações passadas, a verdadeira Francomaçonaria.
Esta é a nossa herança!
É digno de nossa seriedade, sinceridade e devoção cumpridora.
Não permita que nada nos separe de nossa corajosa aderência a cada princípio que torna a nossa herança tão gloriosa!

quinta-feira, dezembro 19, 2013



Em todas as Lojas maçónicas regulares está presente, em todo ou em parte do solo da sala onde ocorrem as sessões de Loja, um pavimento mosaico, constituído por um conjunto de quadrados brancos e negros, colocados alternadamente entre si. 

O símbolo remete claramente para a dualidade - mas também para a harmonia entre os opostos. Cada quadrado de uma das cores está rodeado de quadrados da outra cor. É assim frequente referir-se ao recém-iniciado que o pavimento mosaico representa a sucessão entre os dias e as noites, o bem e o mal, o sono e a vigília, o prazer e a dor, a luz e a obscuridade, a virtude e o vício, o êxito e o fracasso, etc.. Mas também a matéria e o espírito como componentes do Homem. Ou, simplesmente, recordar que, como resulta da lapidar equação de Einstein, a matéria é composta por massa, mas também por energia.

O dualismo provém de antigas tradições humanas. A civilização suméria dotava os seus templos de piso em pavimento mosaico, que só podia ser pisado pelo sacerdote no mais alto grau da hierarquia e só em dias de eventos importantes. Convencionou-se que o Santo dos Santos do Templo de Salomão teria um pavimento mosaico. 

A filosofia pitagórica postulava que o UM se transformava em DOIS refletindo-se a si próprio e separando-se, original e reflexo, sendo assim o UM o princípio criador estático e o representando o DOIS a dinâmica da Criação. A interação entre o UM e o DOIS gerou o TRÊS, a Criação. Esta resultou, assim, da interação entre o estático e o dinâmico. 

De onde resulta que a dualidade é fecunda, que é necessária a presença da dualidade para haver criação. Mas resulta ainda mais do que isso: não basta que exista dualidade, tem que haver interação entre os opostos para que a criação aconteça. Não bastam dois opostos estáticos; é necessário que esses dois opostos sejam dinâmicos e interajam entre si. Não basta, assim, a dualidade, é necessária a polaridade.

O pavimento mosaico recorda-nos assim que a vida é feita de contrastes, de forças opostas que se influenciam entre si, e que é através dessa influência mútua que ocorre a mudança, o avanço, a evolução. No fundo, a antiga asserção de que toda a evolução se processa através do confronto entre a tese a a antítese, daí resultando uma síntese, que passa a constituir uma nova tese, que se defrontará com outra antítese até se realizar uma nova síntese, que é um novo recomeço, assim e assim sucessivamente numa perpétua evolução...

Assim sendo, o que tomamos por mal, por desagradável, o que procuramos evitar, sendo-o assim, não deixa, porém, de ser necessário - pois é do confronto desse mal com o bem, do que queremos evitar com o que gostaríamos de conservar, daquilo que nos desagrada com aquilo que nos conforta, que resulta avanço, mudança, tendencialmente progresso (tendencialmente, porque nada se deve tomar como garantido: por vezes, a mudança mostra-se retrocesso...).

Nesse sentido, o bem, por si só é estático e estéril. O bem só evolui em confronto com o mal. É desse confronto entre ambos que resulta algo, é esse confronto bipolar que é fecundo. Aliás, em bom rigor, só podemos definir o bem em confronto com o mal, tal como necessitamos da sombra para bem apreender o que é a luz... Se Adão permanecesse no Paraíso, ainda hoje Adão seria Adão e nada mais do que Adão, feliz com sua nudez, mas inapelavelmente boçal. Foi o mal da expulsão do Paraíso que obrigou Adão a deixar de ser mera criatura e passar a ser homem; ou seja, a Humanidade só evolui porque sempre necessitou de se confrontar com o perigo, com a fome, com a necessidade, em suma, com o mal, e teve de superar todos os sucessivos obstáculos para atingir sucessivos patamares de bem, de satisfação, sempre confrontada com novos perigos, obrigando a novas superações. É ao superar os sucessivos obstáculos com que se depara que o Homem se supera a si mesmo.

O Pavimento Mosaico não é um espaço estático. É um caminho, com luzes e sombras, com espaços agradáveis e veredas desagradáveis, com seguranças e perigos. Ficar num quadrado branco e dele não sair não leva a lado nenhum... É necessário enfrentar a dualidade com que nos deparamos, suportar a polaridade inerente a tudo o que nos rodeia e, afinal, inerente a nós próprios e... fazer-nos à vida! Se tomarmos mais opções certas do que erradas, teremos mais sínteses brancas do que negras e desbravaremos um caminho de avanço. Se ou quando (porque é quase que inevitável que esse quando, muito ou pouco, cedo ou tarde, sempre apareça...) enveredamos por opções erradas, acabamos por cair em sombria síntese e deparar com retrocesso e não com o desejado progresso. Mas ainda assim, a solução não é ficar onde se foi parar, com receio de novo retrocesso: é prosseguir com nova síntese, efetuar nova opção, desejavelmente que se revele boa, para melhor sorte nos caber. E assim, em perpétuo movimento, em contínua progressão de inesgotáveis sínteses, o homem avança desde a sua tese inicial até à sua derradeira síntese... que, do outro lado da cortina descobrirá que não foi um fim, mas apenas um novo recomeço, uma nova tese para, noutro plano, se confrontar com fecunda antítese...  

Um simples pavimento mosaico serve de ponto de partida para a mais profunda especulação. Basta atentar e meditar e estudar e trabalhar dentro de si mesmo, juntando a intuição à razão (outra dualidade; ou melhor, polaridade, de fecunda potencialidade...). O Pavimento Mosaico, se atentarmos na sua perspetiva dinâmica, recorda sempre ao maçom  que o principal do seu trabalho não se efetua na Loja, na execução do ritual, na realização de tarefas de Oficial, na discussão de pontos de vista. O principal do seu trabalho faz-se no confronto de si consigo próprio, no uso frequente e equilibrado das duas grandes ferramentas de que dispõe  naturalmente, a sua Razão e a sua Intuição, para trilhar sozinho os seus caminhos (e descobrir que, afinal, encontra frequentemente outros nos cruzamentos a que vai chegando). Por isso, o maçom deve reservar sempre uma parte do seu dia para efetuar a mais fecunda atividade que pode efetuar: pensar, meditar, especular. Tem as ferramentas. Só precisa de as usar. Dia a dia. E quanto mais as usar e quanto mais frequentemente as usar, mais fácil é esse uso, mais gratificante é o seu trabalho. Também dentro de cada um de nós há um pavimento mosaico, disponível para o percorrermos e nele ir tão longe quanto cada um quiser e puder!

Rui Bandeira

sábado, dezembro 14, 2013




Por uma particularidade que não foi cogitada, viu-se a Loja Mestre Affonso Domingues numa situação inusitada. O seu Venerável Mestre por razões pessoais, vê-se compelido a ausentar-se por um período de pelo menos 5 sessões consecutivas.

Esta ausência, embora não deixando a Loja sem Venerável de direito, deixou-a sem Venerável de fato.

Se esta fosse uma associação qualquer a decisão seria de ir adiando o que fosse adiável, tornar adiável tudo que o não sendo pudesse sem grande prejuízo ser adiado e consequentemente fazer apenas aquilo que fosse mesmo premente e urgente.

Mas uma Loja maçônica não é uma associação qualquer. Numa Loja não se adia, faz-se, não se protela decide-se, e por isso desengane-se o leitor se pensou que no impedimento do Venerável os maçons da Loja Mestre Affonso Domingues iriam desanimar e pausar o seu trabalho.

Um Maçom pousa as suas ferramentas apenas e quando é chamado a fazer a derradeira viagem, mas sobre isso foi já escrito nos múltiplos textos colocados  In Memoriam, logo uma adversidade como a que ocorre atualmente apenas pode ser resolvida à maneira dos Maçons ou seja com trabalho.

Uma das belezas da Maçonaria, e estou certo que isto já foi por aqui abordado num ou noutro ou mesmo mais textos, é que não é preciso inventar nada. Tudo está previsto, quer pelos regulamentos, quer pelos Landmarks, quer pela jurisprudência, quer pelo saber acumulado dos mais antigos. Aliás numa das muitas cerimônias que realizamos, o Grão Mestre ao entregar o regulamento geral ao recipiendário do mesmo afirma com a natural convicção de quem sabe que naquele regulamento se encontrá solução para todo e qualquer problema que possa surgir num Loja.

Ao anuncio de possível impossibilidade feito pelo ainda então Venerável Mestre eleito, respondeu a Loja com " isso não é um problema pois se ainda não é mais que uma possibilidade não pode ser um problema, e mais se porventura se vier a concretizar também ai não será um problema porque existem soluções, será quanto muito um desafio".

O cenário de ausência, como disse acima, concretizou-se. Ato continuo a solução preconizada no regulamento geral foi aplicada ipsis verbis, gerando-se aqui uma oportunidade de ver se de facto o que o regulamento estipula é passível de ser aplicado sem problemas ou se seria uma solução apenas teórica e logo sem aplicação prática. Nada melhor que aplicar teorias na pratica para ver se o "teorizador" era homem de tino ou não !

E não é que funciona mesmo ! Sem tirar nem por. Tal qual lá está no artigo correspondente que regula a ausência de Venerável Mestre.

Tiramos daqui uma lição. Os regulamentos quando bem feitos servem de facto para resolver as coisas.

Mas uma Loja não é só regulamentos. A adversidade fez tocar a reunir ! 

E de repente Irmãos que andavam um pouco afastados chegaram-se mais para perto. Vieram para ajudar, com a sua presença mas não só, com as suas ideias, com as suas formas de ver e de fazer.

E tiramos mais uma lição, a da disponibilidade.

Mas não foi só. 

Quando estudante os meus pais bastas vezes me acusavam de ter as matérias "coladas com cuspo", ou seja estavam na memória efémera e como tal desapareciam rapidamente.

Na Loja Mestre Affonso Domingues, e como em muitos textos foi tratado, sempre se privilegiou o ensino, a formação, a proficiência e como tal houve sempre empenho na transmissão de conhecimentos. 

Esta transmissão sempre foi feita de maneira a que a acusação acima não pudesse ser feita, muitas vezes sem que os próprios destinatários percebessem bem a insistência e a repetição.

E hoje na adversidade naturalmente quem é chamado a fazer aparece e faz, como se fosse na ultima sessão que tivesse feito ou desempenhado o cargo pela ultima vez. Na verdade para alguns já fazia mais de uma década que não desempenhavam similares funções.

A terceira lição aparece aqui. O ensino estruturado, a proficiência, a insistência na aprendizagem, a transmissão geraram que quem aprendeu interiorizou os conceitos, tornou-os seus.

Aqui permito-me incluir também quem foi chamado este ano pela primeira vez a desempenhar funções, porque tem sido um prazer ver a geração importante, não porque o sejam enquanto indivíduos, mas porque são a geração que tomará os destinos da Loja dentro de muito pouco tempo, a assumir-se e a exceder-se sessão a sessão na excelência dos seus desempenhos

Uma Loja, que tenha trabalhado ao longo dos anos na construção dos seus alicerces, das suas bases tem melhores possibilidades de atravessar uma dificuldade, e isso constata-se. Este tipo de trabalho não é na maior parte das vezes atrativo. Não trás visibilidade externa, não faz os obreiros sobressaírem no meio dos outros como sendo mais performantes, ou mais presentes ou mais desejados para outros projetos. Mas deixa-nos mais preparados.

E como a Maçonaria não se faz, não se mostra, não se exibe, porque apenas se vive então uma melhor preparação dos Irmãos faz com cada um possa vive-la de forma mais plena e gratificante e assim todos beneficiamos.

Hoje quando saí da sessão e retornei a casa, apesar de cansado e de estar em estado de "matutanço" ( um estado que o Rui Bandeira já me atribuiu várias vezes) senti que tinha valido a pena. Tinha valido a pena porfiar ao longo destes anos todos,  não sozinho como é evidente. Este porfiar permite que cada vez mais me veja como dispensável ( porque de indispensáveis está o cemitério cheio) e isso para um " marreta" é bom. Muito bom. Significa duas coisas, que o caminho tem estado certo, mas mais importante é que um novo desafio se começa a formar. Se o que sei já está passado, então tenho que ir aprender mais coisas, pensar em novas formas, e sobretudo em novos conteúdos para poder continuar a ir passando conhecimento.

José Ruah
Talvez o mais conhecido dos símbolos da Maçonaria seja o que é constituído por um esquadro, com as pontas viradas para cima, e um compasso, com as pontas viradas para baixo.

Como normalmente sucede, várias são as interpretações possíveis para estes símbolos.

É corrente afirmar-se que o esquadro simboliza a retidão de caráter que deve ser apanágio do maçom. Retidão porque com os corpos do esquadro se podem traçar facilmente segmentos de reta e porque reto se denomina o ângulo de 90 º que facilmente se tira com tal ferramenta. Da retidão geométrica assim facilmente obtida se extrapola para a retidão moral, de caráter, a caraterística daqueles que não se "cosem por linhas tortas" e que, pelo contrário, pautam a sua vida e as suas ações pelas linhas direitas da Moral e da Ética. Esta caraterística deve ser apanágio do maçom, não especialmente por o ser, mas porque só deve ser admitido maçom quem seja homem livre e de bons costumes.

É também corrente referir-se que o compasso simboliza a vida correta, pautada pelos limites da Ética e da Moral. Ou ainda o equilíbrio. Ou a também a Justiça. Porque o compasso serve para traçar circunferência, delimitando um espaço interior de tudo o que fica do exterior dela, assim se transpõe para a noção de que a vida correta é a que se processa dentro do limite fixado pela Ética e pela Moral. Porque é imprescindível que o compasso seja manuseado com equilíbrio, a ponta de um braço bem fixada no ponto central da circunferência a traçar, mas permitindo o movimento giratório do outro braço do instrumento, o qual deve ser, porém, firmemente seguro para que não aumente ou diminua o seu ângulo em relação ao braço fixo, sob pena de transformar a pretendida circunferência numa curva de variada dimensão, torta ou oblonga, assim se transpõe para a noção de equilíbrio, equilíbrio entre apoio e movimento, entre fixação e flexibilidade, equilíbrio na adequada força a utilizar com o instrumento. Porque o círculo contido pela circunferência traçada pelo instrumento se separa de tudo o que é exterior a ela, assim se transpõe para a Justiça, que separa o certo do errado, o aceitável do censurável, enfim, o justo do injusto.

Também é muito comum a referência de que o esquadro simboliza a Matéria e o compasso o Espírito, aquele porque, traçando linhas direitas e mostrando ângulos retos, nos coloca perante o facilmente percetível e entendível, o plano, o que, sendo direito, traçando a linha reta, dita o percurso mais curto entre dois pontos, é mais claro, mais evidente, mais apreensível pelos nossos sentidos - portanto o que existe materialmente. Por outro lado, o compasso traça as curvas, desde a simples circunferência ao inacabado (será?) arco de círculo, mas também compondo formas curvas complexas, como a oval ou a elipse. É, portanto, o instrumento da subtileza, da complexidade construída, do mistério em desvendamento. Daí a sua associação ao Espírito, algo que permanece para muitos ainda misterioso, inefável, obscuro, complexo, mas simultaneamente essencial, belo, etéreo. A matéria vê-se e associa-se assim à linha direita e ao ângulo reto do esquadro. O espírito sente-se, intui-se, descobre-se e associa-se portanto ao instrumento mais complexo, ao que gera e marca as curvas, tantas vezes obscuras e escondendo o que está para além delas - o compasso.

Cada um pode - deve! - especular livremente sobre o significado que ele próprio vê nestes símbolos. O esquadro, que traça linhas direitas, paralelas ou secantes, ângulos retos e perpendiculares, pode por este ser associado à franqueza de tudo o que é direito e previsível e por aquele à determinação, ao caminho de linhas direitas, claro, visível, sem desvios. O compasso, instrumento das curvas, pode por este ser associado à subtileza, ao tato, à diplomacia, que tantas vezes ligam, compõem e harmonizam pontos de vista à primeira vista inconciliáveis, nas suas linhas direitas que se afastam ou correm paralelas, oportunamente ligadas por inesperadas curvas, oportunos círculos de ligação, improváveis ovais de conciliação; enquanto aquele, é mais sensível à separação entre o círculo interior da circunferência traçada e tudo o que lhe está exterior, prefere atentar na noção de discernimento (entre um e outro dos espaços).

E não há, por definição, entendimentos corretos! Cada um adota o entendimento que ele considera, naquele momento, o mais ajustado e, por definição, é esse o correto, naquele momento, para aquela pessoa. Tanto basta!

O conjunto do esquadro e do compasso simboliza a Maçonaria, ou seja, o equilíbrio e a harmonia entre a Matéria e o Espírito, entre o estudo da ciência e a atenção às vias espirituais, entre o evidente, o científico, o que está à vista, o que é reto e claro e o que está ainda oculto ou obscuro. O esquadro é sempre figurado com os braços apontando para cima e o compasso com as pontas para baixo. Ambas as figuras se opõem, se confrontam: mas ambas as figuras oferecem à outra a maior abertura dos seus componentes e o interior do seu espaço. A oposição e o confronto não são assim um campo de batalha, mas um espaço de cooperação, de harmonização, cada um disponibilizando o seu interior à influência do outro instrumento. Assim também cada maçom se abre à influência de seus Irmãos, enquanto que ele próprio, em simultâneo, potencia, com as suas capacidades, os seus saberes, as suas descobertas, os seus ceticismos, as suas respostas, mas também as suas perguntas (quiçá mais importantes estas do que aquelas...) a modificação, a melhoria, de todos os demais.

Tantos e tantos significados simbólicos podemos descobrir e entrever nos símbolos mais conhecidos da Maçonaria... Aqui deixei, em apressado enunciado, alguns. Cada um é livre, se quiser, de colocar na caixa de comentários, o seu entendimento do significado destes símbolos, em conjunto ou separadamente, ou apenas de um só deles. Todos os significados simbólicos são bem-vindos! Cada um é também livre de, se quiser, nada partilhar, guardando para si,as conclusões que nesse momento tire. Tão respeitável é uma como outra das posições. Este espaço é livre e de culto da Liberdade. Afinal de contas, tanto o esquadro como o compasso estão abertos... abertos às livres opções, entendimentos e escolhas de cada um!

Rui Bandeira

quarta-feira, dezembro 11, 2013

O ALVARÁ MAÇÔNICO
A gente vê isso acontecer em um monte de loja...

al•va•rá
(árabe al-baraâ, carta, cédula, recibo)

substantivo masculino
1. Documento que uma autoridade passa a favor de alguém, certificando, autorizando ou aprovando certos atos ou direitos (ex.: alvará de construção).

2. Antigo diploma rubricado pelo monarca e assinado pelo ministro, sobre negócios de interesse público ou particular.

[Dicionário Priberam: http://www.priberam.pt/dlpo/alvar%C3%A1]

Certa sorte, enquanto alguns irmãos se dedicavam para arquitetar a montagem da Loja, outros chegavam e se acomodavam confortavelmente na Sala dos Passos Perdidos entre idas e vindas para fora do edifício que o Sagrado Templo era “montado” para inalarem suas viciosas fumaças embebidas em nicotina e alcatrão.

Lá e acolá, tratavam de tudo, falavam de mulheres, aventuras, negócios, desleixos, focavam no “sabor da pizza” que iriam pedir para “fechar com chave de ouro” a Sessão, com um “ágape fraternal” regado a boa conversa profana, álcool, refrigerantes e muita comida que, infelizmente, teriam destino incerto, pois não houvera, antes, uma programação ou planejamento de quantos irmãos estariam presentes naquela data, repetindo um cenário semanal de desperdício considerável, mas que não teria importância, pois o “maçom” não se preocupa com “isso”.

Já era tarde, quase 20h00, horário em que a Sessão deveria começar, e as ausências notadas impediriam a abertura dos trabalhos.

Era uma Loja “pequena” com poucos irmãos, que sempre penava para trabalhar, pois a montagem ficava complicada com tão poucos irmãos que se faziam presentes. Mas esta vez era diferente: FALTAVA UM! APENAS UM!

Estavam em 6 irmãos, já com o Templo devidamente organizado, pronto... Faltando apenas UM IRMÃO para atingirem o número mínimo para a abertura dos trabalhos em loja.

Começa, então, a ânsia de se conseguir realizar a Sessão... Era uma semana longe dos irmãos. Coisas a tratar, assuntos importantes, instruções, pendências, enfim: LOJA!

Mas este UM, não chegara.

Tentava-se socorrer com a Loja que funciona no Templo ao lado, mas, determinados, infelizmente, não poderiam dispor de um irmão para nos ajudar naquela data (como o já tiveram feito em outras ocasiões) pois também tinham assuntos importantes para resolver.

Algumas ligações para aqueles irmãos que sempre nos socorrem, mas que sequer retribuímos a gentileza de suas visitas. Sabe... Aqueles que SEMPRE estão em nossa loja mas nós NUNCA vamos na deles? Pois bem...

Um deles nos deu uma esperança: “Talvez eu possa ir, mas não vou garantir. Também, estou sem meus paramentos... Confirmo daqui a pouco com você, irmão!”

Correríamos, mais uma vez na loja ao lado, para pedir um balandrau emprestado... Na hora, um nobre irmão do loja co-irmã se prontificou a emprestar.

No retorno à sala dos irmãos perdidos, ops, digo, dos passos perdidos, magicamente, apareceram 3 balandraus que a loja tinha em estoque para este tipo de ocasião.

Devolvido o balandrau do gentil irmão da loja ao lado, agora eles não mais seriam mais importunados pelos despreparados irmãos da loja das ausências.

A confirmação não chegava... Já era 20h10 e nada...

Quando, aproximando dos outros CINCO irmãos, um sentimento pairava: E AGORA?

Temia o pior... E eis que um dos nobres irmãos solta a pérola, destruindo toda e qualquer esperança de mais uma noite de aprendizado em loja, que era mais ou menos assim:

- Irmão... Já sabemos que não teremos Loja. Só estamos aqui ainda porque temos o ALVARÁ da cunhada. E vamos fazer valer.

Esta não foi nem a primeira e nem será a última vez que um irmão ouve este tipo de frase. Eu vos apresento o ALVARÁ MAÇÔNICO.

Infelizmente, alguns de nós, ou não sabe ao certo o que está fazendo ou não compreende ainda o que é a Sublime Instituição.

Pior: Se precisa de um “ALVARÁ”, temo que talvez não seja ele um “LIVRE”, como vemos em um de nossos LANDMARKS.

O irmão utiliza a “concessão” que a cunhada confia à Loja e aos Irmãos que conheceu, para se “aproveitar” do tempo longe dela? Afff.

EU, VOU PRA CASA, FICAR COM MINHA ESPOSA! SE NÃO TEM SESSÃO – que era o compromisso que eu teria longe da minha família – perde o sentido ficar longe da família. Ou não? O que você acha, irmão?

Aliás... Pra que Landmark? Nem “Loja” mais temos...

A maçonaria, pouco a pouco, vem se tornando um bom clube que congrega homens dispostos a se confraternizarem, se relacionarem profissionalmente e que visam os interesses individuais deixando de lado os coletivos/universais.

Falando em Landmark, e o IX? Aquele que fala sobre a “necessidade de se congregarem os maçons em lojas”? Qual era o fim mesmo? Ah! Era de se entregar a tarefas operativas.

E aquele que fala que dentro de loja somos todos iguais?

Ah! Deixa pra lá este negócio de LEI MAIOR, LANDMARK, etc...

Besteira... É tudo besteira mesmo... Não é?

NÃO!

Não é.

Algo de muito pernicioso assola a Sublime Instituição Maçônica. Algo que, se não houver providência alguma, fatalmente levará a Ordem no caminho que ela se encontra e segue: UM CLUBE ou ASSOCIAÇÃO como outras tantas, nobres também, mas com fim diverso.

E, qual seria, então, o MOTIVO para fazer parte da maçonaria?

Deve ser o de ser “reconhecido” quando colocar seu adesivo no seu carro e os 3 pontinhos na assinatura.

Bom. A história se repete e ninguém mais dá crédito para isso. Nem dá bola. Nem lê mais nada.
Ler pra que? É só ir lá na loja, cumprir interstício, colar seu grauzinho e, na época do natal, ajudar uma instituição com o “troco” de beneficência.

Estudar ninguém quer, né? Ler? Fazer trabalho? Pesquisar. Trazer dúvidas e propostas para a Loja... Isso ninguém mais quer não...

E nós?

Vamos lá.

Não vou ver o fim desta história...

Hora de mudar. Vamos?

Aceite o meu sincero e triste T.´.F.´.A.´.

 
O Significado Oculto e Cósmico do Natal
           Mais uma vez, no decorrer do ano, estamos às vésperas de Natal. A visão de cada um de nós sobre esta festividade difere uma da outra. Para o religioso devoto é um período reverenciado, sagrado e repleto de mistério, não menos sublime por ser incompreendido. Para o ateu é uma tola superstição. Para o puramente intelectual é um enigma, pois está além da razão. Nas igrejas narra-se a história de como na noite mais santa do ano, Nosso Senhor e Salvador, imaculadamente concebido, nasceu de uma virgem. Nenhuma outra explicação é dada; o assunto é deixado a critério do ouvinte que o aceita ou rejeita, de acordo com o seu temperamento. Se a mente e a razão levam-no a excluir a fé, se ele vê apenas o que pode ser demonstrado aos sentidos, então, é forçado a rejeitar a narrativa como absurda e desarmônica com as várias e imutáveis leis da natureza.
          Interpretações diferentes têm sido dadas para satisfazerem a mente, principalmente as de natureza astronômica. Diz-se que na noite de 24 para 25 de dezembro, o Sol começa sua jornada do sul para o norte. Ele é a "Luz do Mundo". O frio e a fome exterminariam inevitavelmente a raça humana se o Sol permanecesse sempre no sul. Por isso, é motivo de grande regozijo quando ele começa sua jornada em direção ao norte, pelo que é então aclamado "Salvador", pois vem "salvar o mundo", vem para dar o "pão da vida" quando amadurece o grão e a uva. Assim, "Ele dá sua vida na cruz (cificação) do equador (no equinócio da primavera) e começa sua ascensão no céu (norte)”. Na noite em que começa sua jornada em direção ao norte, o signo Virgo, a Virgem Celestial, a "Rainha do Céu", está no horizonte astrologicamente, "seu signo Ascendente". Portanto Ele "nasce de uma virgem", sem intermediários, sendo daí "concebido imaculadamente".

          Esta interpretação pode satisfazer a mente quanto à origem da suposta superstição, mas o lamentável vazio que existe no coração de todo cético, esteja ou não ciente do fato, deve permanecer até que a iluminação espiritual seja alcançada, a qual fornecerá uma explicação aceitável tanto ao coração como à mente. Derramar tal luz sobre este mistério sublime será nosso empenho, nossa busca. Digamos que concordamos com a interpretação astronômica, assim como é verdadeiro o que se segue quando contemplamos o nascimento místico sob outro ângulo. O Sol nasce, ano após ano, na noite mais escura. Os Cristos Salvadores do mundo nascem também quando as trevas espirituais da humanidade são maiores.   Lembremo-nos também que o aperfeiçoamento próprio não deve ser a nossa única consideração. Somos discípulos de Cristo. Aspirando ser distinguidos, lembremo-nos do que Ele disse: "Aquele que quiser ser o maior entre vós, seja o SERVO de todos". Existe muita aflição e sofrimento à nossa volta; há muitos corações solitários e doloridos em nosso círculo de conhecidos. Busquemo-los de maneira discreta. Em nenhuma outra época do ano serão mais sensíveis aos nossos desvelos. Espalhemos a luz do Sol em seus caminhos. Desse modo ganharemos suas bênçãos e também as dos nossos Irmãos Maiores. Por sua vez, as vibrações resultantes promoverão um crescimento espiritual impossível de ser atingido por qualquer outro modo. Não faças do Natal um mero evento comercial de troca de presentes, exercite a compaixão e a caridade: COMPATILHE A VIDA. Prof. Edson Couto (adaptação ao texto de Max Hendell)
Posted: 09 Dec 2013 04:17 PM PST


Em tempos idos, depois da colheita e da debulha, tomavam os agricultores o seu grão que levavam ao moleiro para que o transformasse em farinha. Diversas variedades de grão davam origem a diversos tipos de farinha, que não se queriam misturados; afinal, farinha de trigo e farinha de centeio resultam em tipos de pão muito diferentes... Por isso, cada um dos vários tipos de farinha era cuidadosamente ensacado separadamente dos restantes. Ficava, assim, a farinha mais fina separada da mais grosseira, e a mais branca separada da mais escura.

O povo, pródigo em aforismos, terá visto nas várias qualidade de farinha uma metáfora para as qualidades humanas. Do latim nos chega, assim, a expressão ejusdem farinae ("da mesma farinha"), dizendo-se de vários indivíduos serem, como diríamos hoje, "farinha do mesmo saco", quando apresentassem qualidades ou defeitos comuns. No fundo, a expressão dá a entender que os bons se juntam aos bons, enquanto os maus andam na companhia dos maus.

Não é segredo nenhum que os maçons procuram acolher no seu seio pessoas com determinadas qualidades. Sendo a maçonaria um instrumento cuja finalidade é o aperfeiçoamento do homem e do Homem não é de estranhar que seja essencial que o indivíduo que pretende ser maçon tenha esse desejo de se tornar numa pessoa melhor. Pretendendo-se, por outro lado, cultivar um ambiente de fraternidade obriga, igualmente, ao desenvolvimento de um proporcional sentido de tolerância. Por fim, e acima de tudo, nada disto pode ser conseguido por quem não seja uma pessoa de bem; a vileza de propósitos é absolutamente incompatível com os princípios da maçonaria.

Serão, então, os maçons uma massa homogénea - de espíritos elevados, dirão uns, ou de energúmenos, dirão outros? De modo algum. Antes do mais, porque não é isso o que se pretende; o respeito pela diversidade, mais do que acarinhado, é um dos pilares da maçonaria: a famosa "tolerância maçónica". Por outro lado, porque os maçons nem sempre são tão eficazes quanto seria desejável no crivo pelo qual fazem passar os candidatos. Acabam, assim, por ser admitidos indivíduos que não deveriam sê-lo.

A maior parte destas admissões "por engano" acaba por se resolver num prazo curto. Não é inaudito alguém ser iniciado, aparecer a algumas sessões, e depois deixar de aparecer. Outros ficam mais tempo; no entanto, ao fim de um par de anos, chegados ao grau de Mestre, desaparecem como os primeiros. Uns e outros acarretam um desperdício de tempo e de esforço, quer dos próprios quer da Loja. No entanto, é sempre feito um esforço suplementar no sentido de se endereçar o que tenha corrido menos bem, e no sentido de se ajudar o irmão em causa a reconquistar o ânimo, a vontade, ou tão somente a disponibilidade.

Por fim, há os que vão ficando, pelo menos em corpo - mas não em espírito, em vontade ou em união com os demais. Bebem da fonte da maçonaria apenas o que lhes interessa, mas esquivam-se da reciprocidade que deles se espera - não reciprocidade material, mas de tempo, esforço e serviço. Mas como a maçonaria preza muito a liberdade de cada um, e a ninguém exige aquilo que não queira - ou não possa - dar, estes são, muitas vezes, metidos no mesmo saco dos "pouco disponíveis" ou, enfim, dos "pouco dotados".

É inconcebível esperar que, entre milhares de pessoas, não haja um punhado de indivíduos dissimulados, de má índole, ou com uma agenda própria. E porque basta uma pequena contaminação para condenar todo um saco, se a maçonaria fosse um saco de farinha as autoridades sanitárias não nos poupavam: ia tudo pelo ralo.

Por mais que o queiramos - e que o ideal seja esse - a maçonaria real, feita de maçons de carne e osso, não é um impoluto saco de farinha fina e branca, imaculada como a neve. É, antes, uma irregular farinha de mistura de cereais diferentes, com pedaços de farelo e grão mal moído, a que não falta uma ou outra caganita de rato. Bem amassada com água e com o sal que tempera os nossos dias, submetida ao calor de um forno que a liberta dos efeitos nefastos das impurezas, obtém-se um pão saboroso e único - saboroso porque provém de todos, e único porque provém de cada um - para mais enriquecido com uma dose q.b. de elementos patogénicos para treinar o nosso sistema imunitário.

Há indivíduos na maçonaria que fazem coisas que não deveriam? Sem dúvida. E que, porventura, não deveriam ter sido recebidos maçons? Também. E que até já foram expulsos da maçonaria por causa do que fizeram? Incontestável. O que não é verdade é que sejam esses quem define o que é a maçonaria, ou o que esta deve ou não deve ser. Não basta, como fazem alguns, apontar-se um mau maçon - ou uma dúzia deles! - para descredibilizar, de imediato, toda a instituição.

Todo o pressuposto está errado. As pessoas não são farinha, as companhias não nos definem, e o mal não se propaga assim. Ou, como jocosamente disse Millôr Fernandes, “Diz-me com quem andas e dir-te-ei (que língua a nossa!) quem és. Pois é: Judas andava com Cristo. E Cristo andava com Judas.”

Paulo M.

segunda-feira, dezembro 09, 2013

LANÇAMENTO DO LIVRO "A HISTÓRIA DE TORRES"

Livro A História de Torres foi lançado na Feira do Livro
Trabalho de professor e alunos da ULBRA Torres vira livro
 
Foi lançado o livro A História de Torres, escrito pelo professor da ULBRA Torres, Miguel Soares, com a colaboração dos alunos da graduação, Edson Couto e Adélcio de Matos. A cerimônia de lançamento ocorreu durante a 13° Feira do Livro de Torres.
Escrito por meio de pesquisas realizadas pelo professor e seus alunos, foram analisadas fontes que passaram pelas tradições indígenas, expedições portuguesas, resgate do povo primitivo, estudo das lendas que circundam a cidade, comtemplando também a fauna e a flora. “Verificamos todos os detalhes, e identificamos o que realmente era relevante para trazermos uma história fidedigna para as próximas gerações. Estamos muito felizes por auxiliar a contar a bela história deste município”, destacou Miguel Soares.
A secretária de Educação, Mariza Cardoso, explica a importância desta obra para o ensino. “A cartilha é uma importante fonte de pesquisa para a educação de Torres, principalmente para os educandos dos quartos anos, cuja proposta pedagógica curricular prioriza o estudo das origens do munícipio, em seus aspectos geográficos, culturais, históricos, ambientais e socioeconômicos”.
 
Os livros serão distribuídos em todas as escolas da cidade. A realização é da Prefeitura de Torres, por meio da Secretaria de Educação, com o apoio ULBRA Torres e Rádio Maristela.
 

  Grande Loja da Rússia   Acredita-se que a maçonaria chegou à Rússia, no final do século XVII, quando em 1699, o Czar Russo, Pedro I “O Gra...