quinta-feira, junho 28, 2012



Se algum Irmão se comportar indevidamente e causar embaraços à sua Loja, deverá ser devidamente admoestado duas vezes, pelo Mestre ou Vigilante em Loja; e se este não refrear a sua imprudência, e não se submeter obedientemente à decisão dos Irmãos, ou não se emendar, deverá ser tratado de acordo com o regimento interno da Loja, ou, então, de acordo com o que em Reunião Trimestral se achar mais apropriado, para o que se tomará depois uma decisão fundamentada.

Esta regra respeita à disciplina em Loja. O maçom deve respeitar regras estritas de comportamento (ver os seis textos sobre a conduta dos maçons em "As Obrigações dos Maçons", também indexados no marcador Constituição de Anderson de 1723). Fraternidade não implica licenciosidade nem aceitação de condutas impróprias.

Como em quase todas as reuniões humanas, as sessões maçónicas têm períodos de maior concentração e seriedade e momentos de alguma descontração. Mas, como em tudo na vida, é essencial o equilíbrio. Há assim que respeitar as regras instituídas e que chamar a atenção sempre que ocorram transgressões.

Mas, precisamente porque se está numa fraternidade, busca-se que não haja transgressões, ou ocorrendo alguma, que esta cesse o mais rapidamente possível, e, se possível, sem outras consequências ou sequelas. Assim, ocorrendo situação de infração às regras de conduta, o Venerável Mestre, em relação a todos os obreiros da Loja, o 1.º Vigilante, em relação aos Companheiros ou o 2.º Vigilante, em relação aos Aprendizes, deve fazer sentir isso mesmo ao infrator, instando-o a que cesse a conduta imprópria ou embaraçosa, em suma, a infração.

Pode, porventura, o infrator não entender bem a censura feita, até porque essa primeira intervenção deve ser feita de modo cordato. Pode porventura não levar a sério a interpelação. Pode estar de tal forma alterado, distraído ou concentrado que uma cordata intervenção não seja por ele notada ou considerada. Se tal suceder, deve proceder-se a uma segunda admoestação, esta já em tom mais firme, de forma a que se não duvide da seriedade da interpelação.

Se a esta segunda firme e séria interpelação não corresponder o visado com a cessação da sua conduta infracional, então não restarão dúvidas de que está consciente e voluntariamente a infringir. Haverá então lugar a procedimento disciplinar.

O procedimento disciplinar é regulado pelo Regulamento Interno de cada Loja - o qual, porém, deverá respeitar os princípios gerais, sobretudo de defesa do arguido, previstos no Regulamento Geral da Obediência.

A competência disciplinar incumbe ao Venerável Mestre, que designa o Mestre Maçom que deverá exercer as funções de instrutor do processo. Tradicionalmente, o instrutor do processo disciplinar é, em regra, o Orador - sem prejuízo de poder ser designado outro Mestre da Loja para executar essa tarefa (designadamente tendo em atenção a preparação especializada do designado, procurando-se, sempre que possível, que o instrutor de um processo disciplinar tenha preparação jurídica). O instrutor do processo disciplinar exerce a sua tarefa com total independência. O processo disciplinar finda com uma proposta do instrutor (que pode, obviamente, ser de arquivamento ou de aplicação de sanção), que deve ser decidida pelo Venerável Mestre (se a proposta for de arquivamento ou de aplicação de sanção que não seja a expulsão) ou pela Loja (se for proposta a sanção de expulsão ou se o visado no processo disciplinar for o Venerável Mestre).

Em vinte e dois anos de existência, exceção feita a algumas exclusões do Quadro de Obreiros por abandono de atividade ou falta de pagamento de quotas, autênticas atuações administrativas só seguindo a forma disciplinar por respeito aos direitos de defesa dos visados, a Loja Mestre Affonso Domingues não teve nunca que aplicar qualquer sanção disciplinar. 

O mesmo sucede, por regra, nas Lojas maçónicas que funcionam bem: o correto funcionamento de uma Loja maçónica gera laços fortes entre os seus obreiros, tecidos de companheirismo e de respeito mútuo, que permitem que qualquer conflito seja resolvido sem que se chegue a instâncias disciplinares, que qualquer conduta menos própria cesse mediante as chamadas de atenção efetuadas.

Nos termos do Regulamento Geral da GLLP/GLRP, existe nesta um Tribunal de Apelação, ao qual assiste competência para apreciar os recursos das decisões disciplinares do Venerável Mestre ou da Loja.

Fonte:

Constituição de Anderson, 1723, Introdução, Comentário e Notas de Cipriano de Oliveira, Edições Cosmos, 2011, página 138. 

Rui Bandeira

terça-feira, junho 26, 2012


 

O Mago como um Surfista da Realidade


Excerto de SSOTBME, Ramsey Dukes. 
"I took off on a wave, went down the side, popped out the other end, and went, shit, I'm still alive!"
— Greg Noll (ao surfar em Waimea, Havai, pela primeira vez)

Surfista 23Três décadas depois, percebi que o parágrafo final do meu último livro exigia uma explicação. Mesmo correndo o risco de estragar uma boa piada, me sinto obrigado a isso. (Nota do Tradutor: A frase a que ele se refere dizia: "Onde a Ciência usa a atenção para fixar-se em uma percepção particular do universo, a Magia usa a espada apenas quando quer quebrar a continuidade.") O ponto relevante do desentendimento entre Magia e Física é que a ciência de hoje assume uma realidade física enquanto que a Magia apenas assume a ilusão da física enquanto realidade.

Isso não significa que a Magia subestime o mundo material como algumas religiões parecem fazer. A palavra "ilusão" não tem, necessariamente, uma conotação negativa. No final das contas tudo é ilusório. Os monoteistas queimaram os deuses antigos. Ateus deceparam a cabeça do último Deus. Mas e se a espada usada também for uma ilusão? Ao dizer "Matéria é Maya" ou "uma ilusão criada por Hermes, o trapaceiro" estamos apenas convidando a matéria para "juntar-se ao clube". O hall da fama dos antigos deuses. É um elogio na verdade.

Houveram várias tentativas de revelar esta ilusão material no último milênio e eu aposto que a visão do modelo de Johnstone proposta em 1970, de que  o mundo é uma espécie de realidade virtual vai se tornar popular antes do fim do milênio. (NT: Profecia realizada em 1999 com a estréia do filme Matrix):

O Modelo

Enquanto o surfista pega onda em um mar de água, o magista surfa em um mar de ilusões. A idéia básica por trás do ocultismo é que os universo tendem a evoluir de ‘sopas de informação'  e internamente se estruturar em sistemas de informação da mesma maneira que as formas de vida inteligente nasceram da "sopa química" primordial. Assim como é com as formas de vida complexas a estrutura intrincada oferece certas vantagens na sobrevivencia. Assim, uma estrutura de informação que modela um universo interior com leis físicas consistentes e suas próprias formas de vida irá competir melhor para o poder de processamento da sopa informações.

Mas quando mudamos de uma apreciação externa de um mundo virtual para uma apreciação interna do mesmo, surge um problema.... Vamos tomar o programa 'Mandlebrot' do meu computador. ( NT: Um programa de Mac para criação de gráficos fractais):

Ele 'contem' um mundo bidimensional de tamanho infinito e uma complexidade infinita de detalhes. Porque ele representa um universo definido por uma equação contínua, ele se torna infinitamente maior do que o programa que o contêm; mas só nasce destas equações pelas mudanças da tela conforme uma inteligencia externa o evoca. Embora seja infinitamente rico possui apenas duas dimensões espaciais e nenhuma dimensão temporal - portanto não pode incluir seus próprios modelos de vida inteligente como nosso universo faz, e depende desta inteligencia externa para se manifestar.

Nosso universo tem algumas dimensões espaciais a mais e possui uma dimensão do tempo, e assim pode evoluir para conter seus próprios processadores internos de informação. Alguns destes cérebros cresceram em complexidade - assim como o próprio universo - a ponto de criar seus próprios universos interiores. Isso pode ser um desastre para nosso universo 'macrocosmico' pois pode levar a um 'looping' no programa no qual os universos 'microcosmicos' modelam o próprio macrocosmo que os contêm.

O macrocosmo sobreviveu, entretanto, ao desenvolver um mecanismo de defesa contra estas erupções cancerígenas, isolando os microcoscosmos suficientemente complexos  por meio de uma ilusão de 'separação'. Talvez essa separação seja criada por uma inteligencia exterior, mas talvez apenas tenha criado este mecanismo por acaso e tenha se mantido integro por mera sorte.  Seja como for, cada microcosmo é tolerado porque vive seguro em separação do macrocosmo.

O senso se separação é o responsável pelo que experimentamos como 'consciência'. E este ponto de auto-percepção de um universo é simbolizado de várias maneiras pela nossa história sempre como um sinal de dualidade ou de múltiplos de dois. Por exemplo:

1) George Spencer Brown em 'The Laws Of Form' descreve a divisão primal da qual um sistema complexo evolui - ou colocado em quarentena. Infelizmente não  consigo achar o livro aqui para dar a citação exata. Isso quer dizer que eu devo ter emprestado para alguém e esquecido disso por alguns anos não tendo nenhuma chance de recuperá-lo.

2) O I Ching descreve como toda manifestação surge de uma simples divisão inicial do Tao em dois princípios Yin e Yang e então em múltiplos de oito ou sessenta e quatro, e assim por diante...

3) Aqueles que enxergam o universo como uma ilusão demoníaca simbolizam isso dando um par de chifres ao Senhor da Dualidade.

4) IHVH no sistema cabalistico é uma fórmula quadripartida para a manifestação da consciência que pode ser traduzida como "Eu sou o que sou." (Ainda estou puto por ter perdido o livro.. O cara pode ser seu melhor amigo por anos e em poucas décadas não se tem nem mais vestígios dele. Vida bandida.)

Assim nós descrevemos três níveis de experiência. Primeiro o macrocosmo processador de informação. Segundo, um universo interior que se manifesta gradualmente por meio de contínuas equações matemáticas. Este universo interior por sua vez também só é experimenciado por microcosmos conscientes, e também apenas como informação binária.

É exatamente assim que eu experimento meu progama Mandlebrot no meu Mac quando eu invoco as imagens nos pixels do meu monitor - apenas na nossa realidade há consciência dentro do universo percebido.

Assim, o físico que quer determinar por qual buraco um photon enviado passa só poderá fazer isso destruindo a continuidade ondulatória da luz. (NT: referência a famosa Experiência da Dupla Fenda proposta por Thomas Young.) Devo explicar ainda que este modelo tenta evitar o argumento de Penrose em 'Sombras da mente", porque coloca a consciência não dentro de um programa algorítmico, mas na relação deste programa microcósmico com macrocosmo que contém.

Magia, então, é 'surfar' na contínuo inconsciente da existência até que um estado desejado seja alcançado e, só então, liberar a atenção consciênte para cristalizar um resultado pretendido. Assim como a Ciência usa a atenção consciente para permanecer dentro de uma percepção de um mundo de partículas, a Magia usa a atenção quando quer quebrar o contínuo do chamado mundo real.

Um Exemplo

Você esta em um taxi voltando para casa depois da balada. Você dá uma olhada no taxímetro que acabou de acumular dez reais e você percebe que está sem um centavo no bolso.

Horror! Você está sem dinheiro para pagar o taxi. Diante d acrise você executa uma ação mágica. Por exemplo:

1) Você assume a crença de que o Universo é bom é cuidará de você. Então interna e externamente você pede: "Socorro, Eu não tenho dinheiro!"

2) Você tenta uma técnica de sigilização, mudra, visualização, magia talismânica, ou que for.

3) Você assume uma entidade pode lhe ajudar - Mammon, Jesus, Júpiter, Ganesh - e oferece uma ação devocional em troca de ajuda.

Seja com o for, você se ajeita no banco de trás e ao colocar as mãos no encosto do banco percebe que alguém perdeu cinquenta reais lá. Você agora pode pagar o motorista!

Um magista corajoso aceitaria os fatos de que sua Magia funcionou. Ele poderia considerar que estava em águas paradas e mergulhou em um oceano turbulento de possibilidades, escolheu onde que os agradou e só parou de surfar no ponto em que a nota seria encontrada. Há, entretanto, entre os magos, a tradição de que uma operação deve ser encerrada com algum tipo de banimento.

Antigamente o banimento reforçava uma crença segura, como a de que os demônios não tem poderes sobre você. Hoje um banimento típico seria, por exemplo, pensar... "Que coincidência - encontrei essa nota bem na hora em que precisava dela." ou "Essa nota devia estar no meu bolso e caiu quando entrei no carro. Eu não seria tão estúpido a ponto de não separar o dinheiro antes." ou você pode apenas dar uma boa gargalhada diante dos fatos.

A prática do banimento é saudável a partir do momento em que 'limpa' o mago desta ou daquela crença específica. Ela só se torna perigosa se você começar a acreditar tanto nela que se aprisiona nela ou se começar a se parabenizar demais por, agora sim, ter visto a verdade. Nunca se sabe quando você vai ficar sem dinheiro para o taxi de novo. Por isso, na Magia Ocidental os quatro verbos são encorajados para cultivar quatro 'poderes': saber, querer, ousar... e calar.

Extraído do Morte Súbita


Astaroth

Bruxo Του Βάαλ - A' arab Zaraq. 

AstarothUma Breve Introdução ao Conceito da definição do Ser.
Há muito que se aprender sobre determinadas Inteligências, só que, é sabido pela grande maioria dos estudiosos do Ocultismo, seja este em qualquer ramificação das religiões da mão esquerda, que os detentores dos poderes políticos das religiões de massa e escravistas, fizeram de tudo para que esses conhecimentos não chegassem até nós, nos dias de hoje. Infelizmente a religião judaico-cristã contribuiu para a destruição quase que total de toda fonte verossímil acerca de tais saberes.
O que podemos ainda contar, mas não em grande veracidade são com alguns Grimórios (livro de conhecimentos mágicos, a grosso modo falando), que em 90% dos casos estão propositalmente alterados pela religião, a fim de distorcer, denegrir e ocultar a Gnose ou Sabedoria, como queira, acerca de determinadas Inteligências.
Não usarei de delongas explicando o que é um demônio, pois o Portal Morte Súbita está repleto de informações riquíssimas sobre os mesmos, somente abrirei um parêntese sobre a etimologia do vocábulo a fim de sustentar a minha posição de utilizar Inteligência neste texto em vez de Demônio. É praxe que até a expressão “demônio, foi demonizada” por quem muito astutamente não queria que todos tivessem acesso a estes seres brilhantes e ajudadores em via de regra da humanidade. "Demônio" deriva da língua grega daimónion, ou daimon que quer literalmente dizer Gênio, ramificando-se para a língua árabe, a palavra se dimana para “djjins” que significa gênio. Daí surgira o mito do “Gênio da Lâmpada”, como todos conhecem.

Um Deus, uma Deusa, um Demônio ou uma Inteligência?


Neste caso, o uso da palavra Inteligência tem a denotação de atribuir toda à Sabedoria que um Ser Superior, diferente dos homens, possui em sua totalidade. Pois bem, mais a frente, tentarei sucintamente atribuir Astaroth em relação à sua Esfera Cabalística e em relação à sua Qliffot (sem adentrar a fundo no conceito de Kabbalah), pois se encontram também aqui no Portal, bons materiais que abordam o assunto, mas é através destes textos cabalísticos que Astaroth é mais profundamente conhecido como um Arquedemônio com poderes inimagináveis!
Em 1458, em alguns fragmentos de escritos hebraicos relacionados a demonologia, pode-se encontrar, por exemplo, no Livro de Abramelin,  Astaroth sendo o primeiro conhecido demônio do “sexo masculino” além de Satã, Beelzebuth, dentre outros, o que se popularizou ainda mais nas escritas de outros grimórios ao longos dos séculos conseguintes.

A antiga cidade da Cananéia, ademais de “pertencer” ao povo hebreu, de origem monoteísta, (hoje compreendida entre parte da Faixa de Gaza, talvez a Cisjordânia e a Jordânia) incluíram em suas adorações aos deuses pagãos o culto a esta Divindade como uma Deusa chamada Astarote. Na demonologia antiga, esta Inteligência pôde ser chamada de Astaroth, Astarote, Astarot e Asteroth, todas significando a sua coroação de um Príncipe no Inferno.
Alguns teóricos em demonologia afirmam veementemente que somente a partir do segundo milênio a.C. que o nome Astaroth fora reconhecido, e que fora derivada da Deusa fenícia Astarte, também anteriormente como a sumeriana Ianna e equivalente a babilônica Ishtar.
Ademais disso também temos a questão da antropomorfização, onde queremos atribuir questões inimagináveis ao que imaginável, do impalpável para o palpável, fora as questões culturais da época em relação principalmente do povo hebreu com questões machistas, que não aceitavam nem em suas relações interpessoais que mulheres tivessem algum valor, quanto mais atribuir a uma Deusa, digamos assim, o poder de trazer algum tipo de benção, seja lá qual fosse a este povo. Todavia, deixando de lado o estereótipo sobre a “sexualidade” da Inteligência, daremos curso ao nosso pequeno estudo.

Astaroth e a Bíblia

Astharthe (singular) e Astharoth (plural) vem da tradução da Bíblia Vulgata Latina, tradução essa possivelmente da Deusa Ashtart ou Astarté, conforme dito no tópico anterior.

No livro de Juízes, no capítulo 2, dos versos 11 ao 13 é clara a insatisfação dos hebreus com seu Deus Iavé, o que os faz, quase que repentinamente, e, por toda a bíblia, repetidamente abandoná-lo e seguir aos outros Deuses.

“Então fizeram os filhos de Israel o que era mau aos olhos do senhor; e serviram aos baalins.
E deixaram ao senhor, deus de seus pais, que os tirara da terra do Egito, e foram-se após outros Deuses, dentre os Deuses dos povos, que havia ao redor deles, e adoraram a Eles; e provocaram o senhor à ira.
Porquanto deixaram ao senhor, e serviram a Baal e a Astarote.”

A insatisfação também toma conta do dito Rei mais sábio de Israel Salomão em 1 Reis 11:5:

“Porque Salomão seguiu a Astarote, deusa dos sidônios, e Milcom, a abominação dos amonitas”.

Em guerras entre Filisteus e Hebreus: em 1 Samuel 31:8-10:

“Sucedeu, pois, que, vindo os filisteus no outro dia para despojar os mortos, acharam a Saul e a seus três filhos estirados na montanha de Gilboa. E cortaram-lhe a cabeça, e o despojaram das suas armas, e enviaram pela terra dos filisteus, em redor, a anunciá-lo no templo dos seus ídolos e entre o povo. E puseram as suas armas no templo de Astarote, e o seu corpo o afixaram no muro de Bete-Seã.”

O Deus dos hebreus com crises de ciúmes e consciência em 1 Reis 11:33 :

“Porque me deixaram, e se encurvaram a Astarote, deusa dos sidônios, a Quemós, deus dos moabitas, e a Milcom, deus dos filhos de Amom; e não andaram pelos meus caminhos, para fazerem o que é reto aos meus olhos, a saber, os meus estatutos e os meus juízos, como Davi, seu pai.”

De novo? Em Juízes 10:6:

“Então tornaram os filhos de Israel a fazer o que era mau aos olhos do SENHOR, e serviram aos baalins, e a Astarote, e aos deuses da Síria, e aos deuses de Sidom, e aos deuses de Moabe, e aos deuses dos filhos de Amom, e aos deuses dos filisteus; e deixaram ao SENHOR, e não o serviram.”

Astaroth e a Goétia


Segundo a Arte Goétia (tema bastante controverso e polêmico, particularmente falando), tentarei aqui, ser ao máximo imparcial, apenas apontado relatos de crença e histórico. Através de “A Chave Menor e As clavículas de Salomão”, é “possível” ao magista através de “triângulos” com os nomes de anjos e nomes do deus hebreu, através de um suposto anel com símbolos judaicos, “submeter” esta Inteligência, e, até mesmo sujeitá-la a interrogatórios para diversos fins de proveito próprio, como a arte adivinatória, os segredos da Criação, questões que envolvem o passado, o presente e o futuro, sabedoria ilimitada nas artes liberais e eticétera. Ainda pela Goétia, temos conhecimento de que Astaroth é na contagem dos 72 “Demônios” é o 29º, que aparece montado sobre uma besta, semelhante a um Dragão Infernal, tem a fisionomia de um anjo medonho, e, ainda reina sobre 40 legiões, além de ser um demônio poderosíssimo!

selo astaroth                               
Selo de Astaroth segundo a Goétia
 
Esta é a descrição de Astaroth segundo o Dicionário Infernal: Usa uma coroa reluzente, vêm sempre montado em sua besta-fera-dragão, que possui uma cauda de serpente e asas, e vem despido, aparentemente tendo algumas penas (provavelmente asas). Outra versão de aparições bem semelhante é a de que Astaroth propriamente é um homem desnudo com asas, possui mãos e pés de dragão e segura uma serpente em uma das mãos, vindo cavalgando sobre um lobo ou cachorro gigante. A possibilidade do livro do Apocalipse estar fazendo menção à Astaroth é segundo ainda outras aparições, onde Ele é um Cavalheiro Negro montado em um grande escorpião.

Existe uma teoria extremamente controversa de que Ele tem como seu principal adversário o “santo” Bartolomeu, porque este último resistiu as suas “tentações” e pode ajudar a quem rogá-lo. Segundo remonta a história, as tentações vencidas foram nada mais nada menos que: a preguiça, a vaidade e as filosofias racionalizadas, isso também é relatado por Sebastien Michaelis.
Já segundo Francis Barret e outros demonologistas do século 16, Astaroth é um dos principais acusadores e inquisidores, onde no mês de Agosto os ataques ao homem por esse demônio são extremamente fortes. Pode ser que o mito da frase: “Agosto o mês do desgosto” tenha alguma relação com o fato narrado.
Outros que afirmam que tiveram contato direto ou indireto com esta inenarrável Inteligência passaram a terem uma desenvoltura absurdamente ampla nas ciências da matemática, no artesanato, na pintura, conseguiram desvendar segredos indecifráveis, além de encontrarem tesouros escondidos por magos e feiticeiros, e, até mesmo a tão almejada arte da invisibilidade. Além de terem recebido poderes para enfeitiçarem serpentes de todos os tipos.

A Influência desta Inteligência em nosso presente século é absurdamente inconfudível!

Astaroth e as Artes


Na Música:

  • Referência na música da Banda de Back Metal Mercyfull Fate – “No som do sino do demônio”.
  • Referência na música da Banda de Doom Metal Candlemass – “Anão Negro”.
  • Referência na música da Banda de Doom Metal Draconian – “Embrace the Gothic” e Serenade of Sorrow”
  • A Banda Testament contém uma referência à Astaroth na música “Alone in the Dark”
  • A Banda Behemoth de Death Metal menciona-O na canção “Mate os Profetas Ov Isa”
  • Em  “Abrahadabra” de Dimmu Borgir o selo de Astaroth está lustrado  na capa do álbum.
  • Astarte é uma Banda feminina de Black Metal grega, formada em 1995 – aonde um dos hits que mais fizeram sucesso foi uma louvação própria a esta Inteligência – nome da música: Mutter Astarte – do Álbum Demonized, de 2007.
  • Mägo de Oz é uma banda espanhola de folk metal – diante de muitas músicas, possui uma de Adoração Explícita à Astaroth, inclusive informações de como invocar a Inteligência.
  • Dentre muitas outras bandas...

No Cinema:

  • Uma Filha para o Diabo de 1976 – O filme é sobre um duelo entre um escritor de livros sobre ciências ocultas e o demônio, com quem a filha de um casal de amigos fez um pacto. A chave do mistério está nos códigos de Astaroth, num livro satânico.
  • Der Golem, wie er in die Welt Kam  de 1920, Adaptado por Heinrik Galeen e Paul Wegener é sobre uma lenda do gueto de Praga. O rabi Low, para proteger o seu povo de uma ameaça dá vida a uma estátua de barro com a ajuda das forças das trevas. Mas, depois de cumprida a sua missão, o "demônio" é de novo animado para satisfazer a vingança de um rapaz apaixonado pela filha do rabi, e destrói tudo à sua volta. Este é um dos mais famosos títulos do cinema alemão dos anos 10 e 20, de que se fizeram várias versões. A de 1920 é a segunda representação do cinema. Livros esotéricos de consultoria surgiram posteriormente para encontrar o segredo de como criar o tal “monstro de barro”, que segundo muitos apreciadores da obra, atribuem este ser “criado” advindo do submundo a Astaroth.
  • Em 1971 Bedknobs e Broomsticks, é um filme musical onde "A Estrela de Astaroth 'é um artefato que os protagonistas começam a utilizar a partir da cena da “Ilha de Naboombu”.

Na TV:

  • Num episódio de um seriado chamado “Não ao Exorcista”, no primeiro episódio aparece um demônio que possuía um adolescente, e este demônio “foi” Astaroth.
  • Na 3ª temporada de Friday the 13th: The Series o episódio chamado “As Profecias”, quem está incumbido de abrir a porta de entrada de Lúcifer para a Terra, contada em seis profecias, é Astaroth que aparece como um dos “anjos caídos”.
  • Em Blood Ties, o selo de Astaroth aparece magicamente tatuado nos pulsos da personagem principal.
  • Em “Trials of the Demon”, episódio de Batman: The Brave and the Bold, Astaroth aparece como um demônio, a fim de buscar as almas que tentam escapar de suas mãos.
  • Dentre muitas outras aparições, que tornaria exaustivo a explanação completa aqui.

Nos Games:

  • O Arquidemônio Astaroth é o “chefe” final no game original Ghosts 'n Goblins e um “chefão” em Ghouls e Super Ghouls 'n Ghosts . Um personagem similar em aparência e ataque a Ele também aparece como um chefe mediano em Rosenkreuzstilette Freudenstachel .
  • Em MapleStory , Astaroth é um chefe no final do desafio das aventuras
  • No Never Dead , o principal vilão é Astaroth, que mata seu amado e das lágrimas de seus olhos, faz um Demônio Lord Imortal que vai sofrer por toda a eternidade.
  • Em Dungeons & Dragons jogo RPG, Astaroth aparece como uma divindade para aqueles de alinhamento com o “mal caótico”.
  • No game Castlevania: Portrait of Ruin, Astaroth aparece como um nobre egípcio.
  • Em Soul Calibur série de jogos de games, um demônio chamado Astaroth é um personagem jogável.
  • E assim, continua...

Na Literatura:

  • Astaroth aparece como um demônio brevemente no Warhammer 40.000 em Daemonifuge (quadrinhos).
  • É a personagem de Luigi Pulci 's Renascença, Épico de Morgante .
  • É o nome de um Romance escrito pelo croata escritor Ivo Brešan .
  • Astaroth aparece como um personagem de apoio / vilão de Marlon Pierre-Antoine de Wandering Stars .
  • É o vilão de Henry H. Neff na Tapeçaria (série).
  • Fez várias aparições como um demônio na história em quadrinhos Hellboy .
  • Dentre outras muitas dezenas de relatos.

Segundo um segmento religioso da “mão esquerda”, Astaroth possui:

  • Posição no Zodíaco de 10 a 20º de Capricórnio
  • Dias concernentes à Inteligência: de 31 de Dezembro a 09 de Janeiro
  • Dentro das Cartas de Tarô é o Ás de Copas
  • Planeta associado: Vênus
  • Cor de vela predileta: Marrom ou Verde
  • Metal: Cobre
  • Elemento: Terra
  • Hierarquia: Grão-Duque das Regiões Ocidentais do Inferno.

De todas as informações “colhidas” e expostas em nível de conhecimento e até mesmo como objeto de estudo e verificação anterior, ademais das muitas linhas de raciocínio e compreensão desta Inteligência, sem querer ser pretensioso, o ponto de vista a seguir explanado, é o que tem maior coerência, pois tem extrema relação e compromisso com a Verdade na qual é compreendido Astaroth, Ele pertence e tem relação com a Esfera Planetária de Júpiter, a Porta Obscura associada às suas Evocações chama-se Abbadon e sua Esfera Cabalística é a de Gha´aghsheblah.
                                     

sigli de cagliast
Sigilo de Gha´aghsheblah

Os favores daqueles que comungam a verdadeira essência deste Magnífico Deus são:

Misantropia, Aristocracia Satânica, Inteligência, Filosofia, Sabedoria, Riqueza, Luxúria Sangrenta e Fatal, a Manipulação, a Divulgação do Suicídio, a Sorte, a Honra e Descoberta de Novos Aliados, assim como a Canalização das Energias “Sinistras” e a Abertura do “Olho do Holocausto”.
Ele habita / está composto no Quarto Ângulo de Sitra AHRA, simploriamente falando sobre as esferas Qliffóticas da “Árvore da Morte”.
Devido o Seu Portal Obscuro ser Abbadon, Astaroth também é capaz de abrir a 3ª visão e dar poderes de Clarividência ao Magista que o busca, além de fortalecê-lo cada vez mais, a fim de que as falsas luzes demiúrgicas sejam cada vez mais diminuídas, e o adepto da Religião da Mão Esquerda recebe mais ascensão na Luz Negra.

Esses “novos aliados” citados acima, tanto podem ser seres humanos quanto espirituais (espíritos familiares e/ ou daemons), e, a sabedoria não deriva somente da humana, mas também a Satânica (Emancipação do Intelecto), e, quem se aproxima desta Inteligência com o intuito de contemplá-la e não somente usufruir de seus Incontáveis Poderes, poderá ter neste Deus um Verdadeiro amigo, companheiro, e uma fonte inenarrável de Gnose e avanços em amplos sentidos na vida.

sigilo astarothh
Sigilo de Astaroth segundo a Tradição Anticósmica da Corrente dos 218

"Astaroth Nisa Chenibranbo Calevodium Barzotabrasol!"

Hail Astaroth!

Bibliografia: Wikipédia, a enciclopédia livre, A Chave Menor de Salomão, As Clavículas de Salomão, Bíblia Sagrada – Versão Corrigida e Atualizada, Joy of Satan, MLO (Misantropic Luciferian Order), T.O.T.B.L (Templo of the Black Light) e o Liber Azerate – O Livro do Caos Irado 2002.     

A Lança: Rá

por Rosario Camara
Rá, Rei dos Reis, o Deus Sol, o Criador do homem e dos Deuses, do mundo. Representado no Egito por um sol que irradia seus raios para os seus súditos. 


Rá é uma das divindades criadoras dos Egípcio. Ele foi auto criado, surgindo de uma perfeita flor de lótus azul do oceano primordial, Nun. Criou as palavras e com ela criou os Deuses, os elementos e por uma combinação de palavras e lágrimas, 12 raças de homens.

A história conta que Rá todo dia aparecia no horizonte Oriental, como uma criança dourada que engatinha, ao ir andando pelo globo, os homens ao verem a criança se deslumbram e levanta as mãos em adoração. A criança vira homem e Ele visita cada um dos 12 reinos, das 12 raças. Continua sendo adorado pelo povo e por seus sacerdotes. Então, ele começa a descer e sinais de sua decrepitude começam a ser vistos. Alguns homens ainda o veneram, outros perdem a fé e lamentam diante da escuridão que se aproxima. O Deus fica triste, pois também pode ouvir os outros Deuses falando sobre sua obsolescência. Fora da vista de todos, no reino da escuridão ele se endireita e se regojiza por poder finalmente visitar o "Nome dos Mortos", seu domínio noturno, onde as pessoas sentem prazer em vê-lo.

Como sua decrepitude tornava-se cada vez mais visível, os Deuses começaram a falar em substituí-lo. Era hora do regime mudar e Hórus assumir. No entanto, para isso acontecer era necessário descobrir o nome mágiko Dele, pois era desta forma que ele exercia seu poder sobre homens e Deuses. Ísis cria então uma serpente criada do cuspe de Rá e um pó, ela o morde e por não ter sido criada por Ele, fica impossível para Ele neutralizar o seu veneno. Ele pede ajuda a Ísis, Deusa da Cura.  Ela diz que só poderá fazer isso se souber o seu nome mágiko, Ele exita, mas concorda em dizer apenas a Ela e que Ela poderia dizer apenas a Hórus. E assim dá-se um novo início de ciclo.

Outra lenda reza que Rá descontente com a humanidade pediu para que sua filha Sekhmet fosse até a terra para que destruísse toda a humanidade. Ela era ágil, sangrenta e inexorável em sua tarefa e ao ver toda a destruição que a personificação da sua ira estava fazendo, Ele voltou atrás. Mas já era tarde, inebriada pelo gosto de sangue a Deusa não voltou. Então, seu Pai misturou ocre vermelho com cevada fermentada e colocou no caminho que a filha tomava. Ávida por sangue ela confundiu os dois líquidos e bebeu todo a cerveja criada por seu Pai. Bêbada,caiu por terra em sono profundo e ao acordar já havia esquecido de sua ira.

Outras histórias também contam que ele possui uma arca, com a qual viaja pelos mundos derramando sua luz e calor, em que outros Deuses navegam com ele e as almas dos justos eram carregadas nessa barca, depois de suas mortes para que fossem colocados entre "as estrelas que nunca morrem".

Quando precisar criar ou se reenergizar, medite com Rá. Honre-o. Sinta a luz solar iluminando e estruturando sons para que seu pensamento possa ser dependurado, para que o fogo violeta que cospe pelo seu terceiro olho possa ser limpo.

segunda-feira, junho 25, 2012





"Todas as grandes religiões professam uma filosofia que (...) continua a tratar e a ensinar o Culto Solar e a forma como o Sistema Solar se Comporta.. (...) Hoje sabemos também que a posição do Sol em relação aos outros Eloíns ou planetas também nos afecta e conforme os Anjos, ou ângulos relativamente entre eles, produzem efeitos no comportamento quer ao nível do nosso planeta, quer ao nível do nosso corpo. É claro que em Maçonaria, essas representações Alegóricas tem essas metáforas baseadas em «questões Morais». (...) Eu aceito que o Paulo e outros maçons, não possam falar abertamente sobre estas coisas em público... (...) agora custa-me a aceitar e a perdoar que este conhecimento se mantenha Oculto, tudo fazendo para programar as massas não as educando ou reservando só para si, a chave de muitos problemas que afectam a nossa civilização."
(de um comentário recente do Streetwarrior, que tomei a liberdade de abreviar)

O nosso leitor Streetwarrior apresenta uma série de hipóteses - das quais extrai variadas conclusões - que me pareceram merecer mais do que um mero "comentário ao comentário". Vou tentar contribuir - sucintamente! - com a minha visão do assunto. Comecemos então pelo princípio.

A primeira hipótese é a de que todas as grandes religiões terão a sua origem no Culto Solar, tendo progressivamente divergido umas das outras na forma, mas mantendo a essência e a ancestralidade. Terá havido um "conhecimento ancestral" que se foi degradando com o tempo, e que apenas alguns terão sabido manter na sua integridade. A este respeito pouco haverá a dizer de categórico: não creio que haja documentos que o demonstrem, e tudo o que existe constitui apenas uma série de conjeturas, especulações e extrapolações, forçosamente pessoais e mais do campo da crença do que do da ciência. Assim sendo, é questão que não vou, sequer, tentar discutir: sou absolutamente concordante com a posição da maçonaria a este respeito, de que matéria de crença, fé ou convicção pessoal  são matérias que não devem ser discutidas, mas apenas respeitadas enquanto manifestação da liberdade individual.

A hipótese seguinte - apresentada como facto incontestado - é a de que a posição do Sol  em relação aos outros planetas afete o comportamento quer do nosso planeta quer do nosso corpo. Se virmos esta afirmação numa perspetiva estritamente astronómica e científica - do campo, portanto, dos factos  demonstráveis - dificilmente podemos deixar de a subscrever. Todavia, ao estabelecer um paralelo entre "planetas" e "Eloíns", e entre "ângulos" e "anjos", afastamo-nos do factual, e regressamos ao domínio da crença.

As duas hipóteses anteriores conduziram a uma terceira: de que "em Maçonaria, essas representações Alegóricas tem essas metáforas baseadas em «questões Morais»". Não é novidade que em maçonaria se faça recurso intensivo de símbolos, metáforas e alegorias para se transmitir ideias e princípios. A este respeito, nada de novo. É igualmente conhecido que a maçonaria terá ido "beber" a maior parte da sua simbologia de outras fontes, não criando coisas novas senão esporadicamente. Afinal, torna-se mais simples e eficaz transmitir uma ideia alicerçada sobre conhecimentos já consolidados do que tentar fazê-lo sobre terreno virgem. É verdade que muitos - a maior parte, diria - dos ensinamentos morais que a maçonaria transmite o são de forma alegórica, simbólica ou figurada. Não é por acaso que diz ser a maçonaria "um sistema de moral velado por alegorias e ilustrado por símbolos".

No entanto, não é correto identificar-se a maçonaria com o qualquer "conhecimento ancestral" que terá estado na origem das religiões, a não ser que tal seja feito, eventualmente, numa perspetiva antropológica e sociológica da História das Religiões - que não me parece ser o caso. A maçonaria, a este respeito, pretende apenas promover "a religião com que todos os homens concordam", conceito próximo do da "religião natural", ideia muito em voga no Iluminismo, segundo a qual haveria algumas características da crença religiosa que emanariam da essência da própria natureza humana. Não pretende, de modo algum, constituir ela mesma uma religião, ou reclamar-se detentora de qualquer conhecimento ancestral secreto, mas tão-somente promover a harmonia entre homens de crenças diferentes, na certeza de que o simples facto de terem crenças - mesmo que diferentes - é e deve ser um fator de união e identidade, e não de contenda.

A maçonaria não é detentora de nenhum "segredo oculto" sobre nenhum culto solar, nem detém nenhum conhecimento ancestral sobre o Sol, a Lua, as estrelas, os Astros ou o Zodíaco. Há, sim, símbolos da maçonaria que evocam esses corpos celestes, a começar logo pela questão de se chamar "luz" ao conhecimento. Todavia, são apenas isso mesmo: símbolos, alegorias, auxiliares de memória. Não há conhecimentos ocultos, fórmulas mágicas ou poderes escondidos. Só há trabalho, esforço e vontade de ser uma pessoa melhor - cada um à sua maneira.

É só isto, e não há nada que impeça um maçon de falar disto.

Paulo M.

quarta-feira, junho 20, 2012



Nenhum grupo ou fação de Irmãos se retirará ou se separará da Loja em que foram iniciados, ou admitidos como membros, a não ser que a Loja se torne demasiado grande, e, mesmo assim, só com autorização do Grão-Mestre ou seu Vice-Grão-Mestre; e quando tais Irmãos se separem, devem imediatamente filiar-se noutra Loja, que mais lhes aprouver, com o consentimento unânime dessa mesma Loja à qual se ligarão (como regulamentado acima), ou então devem obter permissão do Grão-Mestre para a formação de uma nova Loja. Se algum grupo ou fação de Maçons se decidir a formar uma Loja sem a permissão do Grão-Mestre, as Lojas já formadas não deverão apoiá-los nem reconhecê-los como legítimos Irmãos ou considerar a Loja como devidamente formada, nem aprovar os seus atos ou conduta, mas tratá-los como rebeldes até que se submetam, na forma que o Grão-Mestre, em sua grande prudência, decida; e até que os aprove, concedendo-lhes patente, a qual deve ser comunicada às outras Lojas, como é de costume quando uma nova Loja é registada na Lista de Lojas.


Esta regra prevê a proibição do que em termos maçónicos é designado por Lojas Selvagens, isto é, a constituição de Lojas à revelia da Grande Loja. 

Destina-se, por um lado, a prevenir a resolução de possíveis conflitos ou divergências numa Loja mediante a cisão. E, por essa via, a desmotivar a criação de fações, grupos, que se digladiem ou levem a cabo lutas por vão "poder".

Essencial para o funcionamento de uma Loja maçónica e o correto desenvolvimento do seu múnus é a tolerância, a aceitação das diferenças, a acomodação das divergências. Não se tem de estar de acordo com tudo nem com todos. Pode-se e deve-se, sempre que se entender que tal se justifica, expor opiniões diferentes, proclamar desacordos, apontar caminhos diversos. É no confronto de ideias, no pesar de escolhas, no aferir de sensibilidades que cada um afia e afina o seu pensamento, esclarece as suas dúvidas, determina o que e como deve investigar seguidamente. Uma Loja em que todos estivesse sempre de acordo, monótono coral de "yes men", seria um local de bocejante aborrecimento, condenado ao rápido desinteresse...

Mas precisamente porque uma Loja maçónica deve ser um local de debate livre, de fecundo confronto de ideias, é imperioso que tudo esteja organizado para que o debate, o confronto, não ultrapassem a fronteira da saudável controvérsia para o território da luta ideológica. Desde logo, todos e cada um interiorizando que os debates em Loja não se destinam a convencer o Outro ou ou outros ou um grupo dos demais, mas apenas e tão só a que cada um teste as suas próprias ideias, determine a valia dos seus argumentos, a força dos seus convencimentos, enfim, se convença a si próprio, quantas vezes pensando no fim do debate algo de subtilmente diferente daquilo que o convencia no seu início.

Mas o homem não é perfeito - e os maçons sabem que o não são: por isso buscam aperfeiçoar-se... Uma coisa são os princípios, outra, por vezes, a dura realidade, as paixões, os entusiasmos, a incapacidade de determinação do denominador comum às divergências, que as aplaine, suavize e permita a sua convivência harmoniosa. Por vezes, verifica-se que se cristalizam formas de pensar inconciliáveis, projetos de atuação incompatíveis. Nem sequer se trata de uma questão de maiorias ou minorias, pois uma minoria pode criar uma escola de pensamento, preferir um projeto, um e outro tão dignos como o pensamento e o projeto da maioria, só que diferentes entre si e não se podendo ambos em conjunto levar a cabo ao mesmo tempo.

Nestas situações - sempre possíveis de suceder - não é desejável e, portanto, não é admitido, que haja cisão, saída desordenada e conflituosa, antes que haja separação consensual, de forma a que o novo projeto se inicie sem desnecessários conflitos. Por isso severamente se ostraciza a "loja selvagem", para que ninguém se tente a constitui-la, antes todos e cada um tenham presentes que os conflitos, as divergências, a emergência de novos projetos, se gerem em harmonia, em diálogo e- sempre! - com o respeito das posições divergentes. Mais do que projetos conflituantes em competição entre si, interessa que haja projetos fecundos, pistas exploratórias de caminhos novos, coletiva e consensualmente assumidos e prosseguidos em espírito de cooperação. Assim, os êxitos srão saboreados por todos e os fracassos mais facilmente integrados e ultrapassados.

A GLLP/GLRP tem uma política de favorecimento de criação consensual de Lojas. Para isso, criou a figura de "Loja-mãe", a Loja que apadrinha a criação de uma outra - em regra, a Loja de onde é oriunda a maioria dos obreiros que se propôs avançar com um novo projeto.

A Loja Mestre Affonso Domingues tem uma cultura, que remonta ao seu início, de favorecer novos projetos. Por isso, nunca chega a ser uma Loja com um quadro de obreiros muito numeroso. Quando esse quadro comporta a criação de um novo projeto, sem detrimento do prosseguimento do da Mestre Affonso Domingues, normalmente esse novo projeto nasce, a inquietação saudável de uns quantos para trilhar uma nova vereda do caminho comum torna-se evidente - e, calma, ordenada e tranquilamente, a Loja apadrinha a criação de uma nova Loja e vê com orgulho e satisfação uns quantos dos seus, que ali se fizeram maçons e aprenderam a sê-lo, abalançarem-se à criação do seu ninho próprio. E a angústia da separação cede à satisfação de mais um dever cumprido, de mais uma emancipação, de um novo projeto, saído da nossa "escola de formação". A Loja Mestre Affonso Domingues tem prosseguido vários projetos ao longo da sua existência, uns com mais êxito, outros menos bem conseguidos, uns mais visíveis, outros mais modestos. Mas seguramente o projeto de maior consistência ao longo dos seus ainda poucos vinte e dois anos é o de ser formadora de maçons, incubadora de novas Lojas, favorecedora de ousadias, ninho  que periodicamente encoraja os seus residentes a voarem dele para fora.

Assim, a Loja Mestre Affonso Domingues tem várias Lojas Irmãs (não filhas, apesar de delas ter sido Loja-mãe...) por todo o País e obreiros por si formados na maior parte dos projetos da Maçonaria Regular portuguesa, em profícua sementeira que vai dando excelentes frutos...

Por isso, a Loja Mestre Affonso Domingues tem um lema muito próprio, que gostosamente aplica a todos os que partem, vão para onde vão, façam ou não o que fizerem ou não: uma vez da Mestre Affonso Domingues, sempre da Mestre Affonso Domingues! E rara é a sessão em que não recebe a visita de um ou mais dos que, tendo anteriormente integrado as suas colunas, agora prosseguem o seu trabalho noutros projetos!  Nem sequer são filhos pródigos: são apenas - e sempre - mais uns dos nossos!

Fonte:
 
Constituição de Anderson, 1723, Introdução, Comentário e Notas de Cipriano de Oliveira, Edições Cosmos, 2011, páginas 137-138.

Rui Bandeira

terça-feira, junho 19, 2012


As três grandes luzes

Os maçons eram construtores de fortificações, catedrais, pontes e palácios, eles foram em um passado distante, hoje os edifícios são mais funcionais, mais confortável, "Meca", mas falta a arte que encheu o maçom, ele como um especialista em trabalhar Stone Free esteve a cargo dos ornamentos interiores e exteriores, o que comumente chamamos de fachada.
A recuperação de imagens, as grandes manchas de vidro janelas, não pode se esconder, mas deixam claro a falta de estética dos construtores atuais. O edifício anexo inteligente Ministério dos Negócios Estrangeiros, falou do edifício e não o seu conteúdo, este esmalte de uma forma que reflete o Palacio San Martin no mesmo ministério, o velho casarão da família Anchorena imaginar isso reflete a beleza arquitetônica faz passam despercebidos para a massa de ferro e telhado de vidro.
Hoje a Maçonaria é sentido especulativo, que constrói e mantém com o intelecto de um ideal de liberdade, tolerância e apoio mútuo. É por esta razão que os maçons trabalho e construído em dois mundos, o profano eo maçônico
No mundo secular e realizar qualquer atividade que é honesto é uma tarefa que executa uma parte do edifício social, é verdade que há mais complexas e exigem mais conhecimento por parte de HH. '., Tal como tal e consideração devem respeitar, que dão, o que permitiu a capacidade, da mesma maneira como no templo. Sabemos que todas as obras precisam do contributo de todos, é por isso que existem hierarquias, são necessários, mas não deve humilhar Caso contrário, estaríamos violando o nosso próprio código moral, mas mais o sentimento de fraternidade.
Quando eu trabalhava em outra oficina, H. '. falta de atributos intelectuais, é geralmente criticado em
silêncio, eu não disse nada recentemente reintegrado, mas não gostei do conceito do aprendido H. '.,
Isso foi no fim de um ano, e lá estava raspando sua iniciação prato, perguntou se eu estava escrevendo, eu disse que não estava certo, me olhou e disse: "ninguém me ajuda", eu me machuco e eu não podia recusar, eu disse "olho gordo, me diga que você sentiu e você escrevê-la", então eu tinha que aparecer para ele, e hoje é M. '. M.'., é que as aparências fez de errado, mas eu me senti Mas o grande H. '. ainda uma cabeça dura, mas poupe seus sentimentos cobrir sua falta de inteligência, quando um paciente H. '. é a primeira visita em qualquer lugar, enfia a mão no bolso, sem piscar, o carro é o remix de tudo o sussurro contra ele, um Hospital perfeita, que é por isso que eu acho que todos nós temos algo de grande
valor, em nosso ser.
Quando eu comecei na instituição, duas coisas me chamou a atenção poderosamente, que disse "profano seus sucessos, e dinheiro não tem valor entre nós, lembre-se você é mais um", o outro muito inteligente
invocação do G. '. A.'. D. '. U.'., isso faz com que o maçom está no mesmo plano, em relação aos seus irmãos.

As três grandes luzes como todos sabemos é o livro sagrado, o compasso eo esquadro, o livro sagrado descansando no Altar, é a Bíblia, mas pode ver hindus, Alcorão, Talmud, a Torá, mas esses livros não são um símbolo, é um compêndio moral foi escrito por centenas de escritores ao longo da história, embora eles não são um livro de história e é escrito com a fé que levou os autores, eu sinto dizer-lhes que nenhum deles encontrar o meu G '. A.'. D. '. U.'., mas como eu fui eo que eu não vou me incomodar qualquer crença religiosa, embora não seja compatível com a liberdade de religião e evolução homens.
O time se ele é um símbolo, é a ferramenta de precisão que o homem descoberto pela primeira vez junto com a regra, marca o seu ângulo de 90 °, e não deixa qualquer margem para dúvida ou discussão, a nobreza de seu símbolo está na justiça, é porque ela está relacionada a atitudes em linha reta, com justiça, com as resoluções enquadradas dentro dos estatutos e regulamentos gerais, mas além dessas leis, predispõe, que usa-lo para imitá-lo, que, aliás, é a jóia Celular V. '. M.'. que lembra que ele seja diretamente na execução das tarefas, e apenas para aqueles que não o fazem. . Da mesma forma o maçom deve
inspirou-a a passar a vida como um homem reto, com tudo que isso implica.

O time se olharmos para o ponto de vista filosófico é frio, não tem a versatilidade de status é medir a linearidade de um vértice é a precisão absoluta, e daí o apelo do dever, essa ferramenta valiosa e é temida por perjuros apenas. Se deu forma humana como os gregos, imagino-o como um homem toga com guidão bigode, um óculo pendurado na cadeia e com seriedade.
O quadrado representa simbolicamente o terreno, a sua vontade que, de fato é necessário entre a morte, tanto a reflexão e comportamento.
A bússola é um instrumento de precisão, mas não é fixo, é como todos nós sabemos de nossa infância, quando Miss ensinou-nos a construir o círculo (figura não-linear perfeita primeiro), para construir
bissetrizes com as quais poderíamos levantar perpendiculares, transporte vetor, dividir a circunferência do círculo, em lados tantos em distâncias iguais, para mim, eu sou metal é essencial para a construção
Dispositivo, do mesmo modo como o suporte, mas a barra é mais versátil porque com este e alguns habilidade acima bobinas podem ser desenhados, para o fabrico de excêntricos. Existem vários tipos de barras, existem as pontas dos ramos dobrados para para o exterior, que são muito útil para medir interna ou cavidades de uma parte virada, onde não há classificação,. Existem com os triângulos dentro
e eu sou quando precisa transportar diâmetros, lá é chamado de um hermafrodita, que tem um pé e apontou a tendência outro, e servem como marcadores de linhas em um contorno. Embora estes instrumentos são de metal, lembre-se que o nosso pai simbólico, era também as barras de formas geométricas em uma reta e os pés podem levar um portal mina ou clarim., E desenho para o desenvolvimento de aviões.

Simbolicamente representa o céu, e do meio em que ele ocorre é a espiritual, está cuidando de sua dinâmica, torná-lo igual distância entre os homens eo "eu" apenas corrigidos seu pé representando o Mason, a outra perna tour, apoiado pelo seu homólogo, formar um círculo onde o HH outro. '. todos à mesma distância, é um sentimento caro Mason igual e HH tantos.'. Custar-lhes suas cabeças, em todos bremsstrahlung pela liberdade e igualdade que têm ocorrido nos últimos 300 anos.
Da mesma forma para representar a seleção como um cavalheiro de bigode vestidos de preto e cara feia, eu imagino a batida como um Goblin, como a figura alada de Shakespeare, cuja vivacidade, orelhas sussurra " homens, ele resmunga para a praça Marmolada, que é mais compassivo, perdoar, e se tiver que haver punição mais misericordioso, é a dor de uma alma gentil da dói, não importa quem seja, quando o suporte, solte seu rosto magro um pouco, batida é feliz e dançando em um pé, faz círculos no éter, ressoam as suas pernas em um "vivace molto allegro.", a energia transcendental, pode transportar a mente de um sonhador, o limite de sua consciência.
Mas apesar de seu companheiro constante condor é no plantel, é que ambos são necessários, que são rígidas eo equilíbrio variável.
A sensação de que temos corpo claro, a nossa pele é a fronteira entre nosso corpo eo dos outros. Mas a mente? não tão definido. O esforço individualizado ter uma maneira real de que nós, identificar, deixe de ser massa e se transformar em um indivíduo com uma mente própria, e única e descobrir que somos únicos e que mesmo o mais seco suco da.
As atitudes do esquadrão reprimidas enfrentou contra os bons costumes, o que torna o plantel é
Mason que contém seus maus caminhos, e lutar contra seus vícios que temos, apesar das declamações em contrário. Mas a medida a ser mais etéreo, penetra nossa consciência e através do seu poder simbólico, pode causar-nos a abandonar a apenas más atitudes.

Fraternalmente

Ariel Fernández Rev. Nestor. 'M.'.





 Alguém uma vez comentou:

"As sessões colocadas desta maneira, parecem ser uma coisa muito chata ! Gostaria de perceber estes 3 aspectos que sempre me deram muita curiosidade.
Visto que desde os primordios das nossas civilizações, tudo o que nos rodeia, é ligado á religião tudo é politica, o que sobra para se discutir numa sessão?
Se não se pode discutir religião, qual o interesse então de uma maçonaria ser Crente ou não numa entidade religiosa?
Por fim...qual a razão do Mestre andar em angulos rectos, terá isto a ver com (Anjos = Angulos ) bom e maus, visto que a nivel Astro-teológico existem bons angulos e maus angulos?"

Comecemos pelo fim. "Ângulos" vem do latim angulus, “canto, área remota". "Anjos" vem do latim eclesiástico angelus, derivado do grego antigo άγγελος ("ángelos"), e significa "mensageiro". Em comum têm apenas alguma similaridade fonética. Já no que diz respeito à maçonaria e aos ângulos retos, é questão que nada tem que ver com anjos. Aqui, uma referência ao ângulo reto constitui, quase sempre, uma referência ao conceito de "retidão moral", simbolizada pelo esquadro que serve para traçar e aferir os ditos ângulos. A própria linguagem do dia-a-dia consagra, já, esse simbolismo, ao chamar "enviesado" (de "viés": oblíquo, torto) a algo que tenha contornos pouco direitos, e chamando "pessoa reta" a quem cumpra os princípios morais. Assim, as deslocações em loja são feitas em linhas e ângulos retos, recordando-nos que um maçon deve, no seu deambular pelo mundo, agir de forma reta e evitar percursos (moralmente) oblíquos e enviesados.

Quanto ao interesse de uma maçonaria crente numa Entidade Superior, e o facto de essa mesma Entidade não poder ser discutida, é fácil de explicar e de entender. Não é difícil de imaginar que um judeu, um hindu, um cristão, um animista e um muçulmano tenham em comum entre si coisas que não têm em comum com um ateu ou com um agnóstico: todos eles creem no sobrenatural, e na existência de uma Entidade Superior a quem devem a existência e cuja vontade procuram satisfazer. Agora, não tentemos ser mais específicos do que isto, ou estaremos condenados a intermináveis discussões sobre o número de anjos que cabem na cabeça de um alfinete... A diversidade de crenças deve ser enriquecedora, e permitir que cada um tenha a oportunidade de se aperceber de posições diversas da sua, sem ter sequer que defender a sua posição de uma posição diferente; pretende-se, isso sim, que constitua uma circunstância pedagógica da alargamento dos horizontes e de aumento da tolerância em face das diferenças.

Por tudo isto é que creio que a proibição de discussão política e religiosa em loja é frequentemente mal entendida. Em maçonaria aprende-se a favorecer a paz em detrimento do conflito; a preferir a fraternidade à facciosidade; e a privilegiar o estabelecimento de consensos e evitar a dissenção. Por outro lado, a maçonaria constitui um espaço de respeito pela liberdade de cada um como dificilmente se encontra nos nossos dias, nomeadamente no que concerne a liberdade de expressão. Precisamente como garante dessa liberdade de poder dizer-se o que se pensa, por vezes como exercício de exploração interior, sem que tal se repercuta fora da loja, é que em cada sessão se jura guardar silêncio do que na mesma se passou. Ora, dificilmente se encontra uma posição com que todos se identifiquem, pois a procura do bem comum raramente passa pela satisfação dos desejos individuais, o que é tão mais verdadeiro quanto mais fraturante for a questão em causa. Como conciliar estes dois princípios estabelecendo um equilíbrio é algo que se vai aprendendo todos os dias.

É por isto que - no meu entender, note-se - a proibição de discussão política e religiosa em loja não se esgota nos seus termos, que são essencialmente exemplificativos e ilustrativos de um princípio maior: o de que a concórdia entre os homens deve prevalecer sobre a liberdade de expressão. Esta posição nada tem ou pretende ter de totalitário. "Discutir" não é a única forma de abordar um tema ou falar sobre o mesmo. Na loja Mestre Affonso Domingues, por exemplo, pode falar-se de praticamente tudo, desde que em absoluto respeito pela posição dos demais, no sentido de que deve procurar-se que estes não se sintam de modo algum  agredidos com aquilo que se diz.

Certamente à luz desta interpretação foi, há um par de anos, apresentada uma prancha sobre a condenação da maçonaria pela igreja católica ao longo da história, e recentemente, dias antes da lei sobre o "testamento vital" ser unanimemente aprovada pelo nosso parlamento, uma prancha sobre esse mesmo tema apresentada por um mestre da nossa loja que conhece o assunto a fundo. Seria impossível falar da primeira sem falar de religião, e da segunda sem falar de política. O que foi feito, num e noutro caso, foi apresentar-se factos inquestionáveis por qualquer pessoa de boa fé, e eventualmente um ou outro comentário pessoal - devidamente identificado como tal - no meio ou no fim do texto, sempre com o devido cuidado de se evitar o conflito entre diversas posições. Não foram "artigos de opinião", e muito menos de propaganda. Num e noutro caso os obreiros presentes manifestaram a sua satisfação pela qualidade e forma como as pranchas foram apresentadas, e ninguém manifestou qualquer desconforto.

Termino respondendo à primeira observação, de que as sessões maçónicas deverão ser uma coisa muito chata. Depois do que acabei de expor, será inesperado que eu responda que... não são?!

Paulo M.

quinta-feira, junho 14, 2012



É uma boa prática que todo novo Irmão, aquando da sua Iniciação, presenteie a Loja, isto é, todos os Irmãos presentes, e faça uma oferenda para socorro dos indigentes e Irmãos em desgraça, de acordo com o que o novo Irmão ache apropriado, mas superior e acima do mínimo que esteja estabelecido pelo Regulamento interno da Loja; tal oferenda deve ser entregue ao Mestre, Vigilante, ou Tesoureiro, para ser entregue a uma instituição, se os membros acharem apropriado escolher alguma. O candidato deve jurar solenemente que se submeterá à Constituição, Deveres e Regulamentos e todos os costumes que lhe forem comunicados, em hora e lugar convenientes.

Conforme logo no início do texto desta sétima regra se acentua, a contribuição nela referida não é obrigatória - apenas considerada uma "boa prática".

Na Maçonaria Regular dos tempos atuais, o novel maçom não é estimulado ou aconselhado a fazer uma doação particular, muito menos em valor superior ao valor mínimo constante de Regulamento, desde logo porque inexiste fixação de qualquer valor mínimo para "oferendas" - nem tal faz sentido: o que constitui obrigação não pode logicamente ser considerado oferta; e concomitantemente, o que voluntariamente se dá não constitui obrigação...

O recém-iniciado é informado que, tal como os demais, quando circular na reunião aquilo a que os maçons chamam oTronco da Viúva, deverá no respetivo recipiente (em regra, um saco) depositar, discretamente, aquilo que entender e de que possa dispor, sem colocar em risco o cumprimento das suas obrigações civis e familiares, nem, obviamente, a satisfação das suas necessidades e as dos seus. Aliás, se necessitar retirar, em vez de colocar, tal é-lhe lícito e essa decisão, tal como a referente ao montante que em cada dia resolva colocar, depende exclusivamente do seu critério, sem ter de prestar contas ou pedir autorização a ninguém. Felizmente, o que seria certamente uma dolorosa decisão é extremamente rara... Menos rara - embora pouco frequente - é a situação em que um dos obreiros presentes numa sessão maçónica declara reclamar o produto recolhido pelo Tronco da Viúva, normalmente indicando para que auxílio concreto destina esse produto. Quando tal sucede, embora ritualmente a reclamação se faça só após a circulação do Tronco da Viúva, é habitual que seja anunciada essa intenção antes dessa circulação, para que os presentes saibam que o produto da recolha que se vai efetuar se destina a auxiliar alguém ou algo em concreto e possam, se assim o entenderem, adequar o montante do seu donativo em conformidade.

O Tronco da Viúva é administrado pelo Hospitaleiro da Loja, segundo as orientações desta e do seu Venerável Mestre.

O candidato à Iniciação, imediatamente antes do início desta deve, por outro lado, satisfazer o pagamento de uma joia de iniciação (na Loja Mestre Affonso Domingues, montante referido aqui), para custeio das despesas administrativas e com o material que lhe será entregue. O montante da joia - tal como o da quota, mensal ou anual, varia de Loja para Loja e de Obediência para Obediência. Cada Loja é soberana.

Quanto à frase final da regra, referente ao juramento solene que o candidato deve efetuar, importa esclarecer que - e disso é informado o candidato antes da sua realização - a Constituição, os Deveres, Regulamentos e costumes cuja observância se jura cumprir em nada contendem com as leis em vigor nem com os costumes e moral sociais. Os maçons integram-se na sociedade e, pela sua melhoria e pelo seu exemplo, procuram contribuir para a melhoria desta, mas atuam sempre no respeito da Legalidade vigente, pois para um maçom regular ser livre e de bons costumes implica ser um bom cidadão, cumpridor dos seus deveres e das normas em vigor.

Fonte:
 
Constituição de Anderson, 1723, Introdução, Comentário e Notas de Cipriano de Oliveira, Edições Cosmos, 2011, página 137.

Rui Bandeira

segunda-feira, junho 11, 2012


                                                                                                                                                                                                                                         

 AS SESSÕES ESPECIAS
É aquela que não se enquadra nem na categoria de Econômica, nem na de Magna, por tratar de assuntos pouco comuns e, portanto, especiais. Nesta categoria enquadram-se o Conselho de Família, e o Tribunal de Júri.
O Conselho de Família representa uma junta de conciliação, para extinguir eventual desarmonia entre dois ou mais membros do Quadro de uma Oficina, depois de os fatos terem sido levados ao conhecimento do Venerável Mestre; o que se tenta fazer, no caso, é trolhar as desavenças, ou seja, passar a Trolha, para aparar as arestas. O Conselho de Família é composto por um juiz, nomeado pelas partes interessadas (alguns regulamentos falam em dois juizes, cada um nomeado por uma das partes litigantes, o que é simplesmente absurdo) e é presidido pelo Venerável, ou, em seu impedimento, por um de seus substitutos legais.
Se, durante o Conselho de Familia, for conseguida a reconciliação do queixoso e do acusado, o processo será arquivado, lavrando-se o respectivo termo, que será por todos assinado. Nesses casos, sob pretexto algum poderá ser repetida a queixa pelo mesmo fato.
Se não for conseguida a reconciliação, a Loja aplicará o placet ex-oficio a quem o merecer (na próxima semana será enviado texto sobre este tipo de placet), ou, se a natureza do fato o exigir, será lavrado, também um termo e o processo seguirá avante, como nos que se inicia por denúncia da autoridade competente (começando pelo Tribunal de Júri).
O Tribunal de Júri será instalado sempre que houver infringência da Lei Penal Maçônica, praticada por membro da Loja, dentro ou fora dela e quando o Quadro assim o entender (com exceção das Dignidades da Oficina – Venerável e
Vigilantes – que serão processados e julgados, originariamente, pelo Tribunal de Justiça).
O corpo de jurados de um Tribunal do Júri é formado por sete membros, sorteados para cada caso; cada uma das partes, querelante e querelado, poderá recusar, sem fundamentação, até dois nomes cada um. Na sessão, segue-se toda a tramitação prevista no Código Processual, com a qualificação do acusado; o sorteio para a constituição do júri de instrução e julgamento, a leitura da denúncia; a defesa do acusado (que pode ser levada escrita, ou feita na ocasião por um depoimento das testemunhas; e, finalmente, após todos os depoimentos e inquirições, a decisão do júri, se as partes não pretenderem juntar mais documentos e se o júri não entender que precisa de mais esclarecimentos. No primeiro caso, a Sessão será suspensa e adiada; enquanto que, no segundo, o julgamento será convertido em diligência.
O sistema de respostas aos quesitos é feito por intermédio de bolas brancas (que julgam improcedente a acusação) e bolas pretas (que julgam procedente). Da resolução do Tribunal de Júri, cabe recurso a instância superior (Conselho Geral e Tribunal de Justiça, sendo, este, a instância máxima).
Nas Lojas, a denúncia para que se instale o Conselho de Família e o Tribunal de Júri, compete ao Orador, que é o representante do Ministério Público na Oficina. Na Obediência, compete ao Grande Procurador, que é o chefe do Ministério Público Maçônico; mas nenhum Maçom poderá recorrer, diretamente, ao Grande Procurador, sem antes, recorrer a justiça da Loja.
As Sessões de Conselho de Família, ou de Julgamento (Tribunal de Júri), deverão ser realizadas, obrigatóriamente, no Grau de Mestre Maçom. 

  Grande Loja da Rússia   Acredita-se que a maçonaria chegou à Rússia, no final do século XVII, quando em 1699, o Czar Russo, Pedro I “O Gra...