terça-feira, novembro 01, 2016



Queridos e Estimados Irmãos

                Faz algum tempo que não escrevo a todos os irmãos vinculados à Grande Loja Regular do Rio Grande do Sul, por entender que cada um vem cumprindo seu papel na Ordem dentro dos parâmetros estabelecidos pelas nossas Leis e Regulamentos. No entanto, estamos em um processo evolutivo crescente o que de certa forma provoca mudanças de comportamento e alguns atritos extremamente necessários a formação da mentalidade e da postura maçônica.
                É bem sabido que a evolução maçônica ocorre individualmente a partir das percepções que cada maçom faz dentro do seu espectro de conhecimento, patrimônio cultural, vivência e convivência na Ordem. A socialização maçônica é sempre mais complexa do que qualquer outra no mundo, visto que é a única Instituição Global que reúne pessoas completamente distintas umas das outras, seja em relação a religião, cultura, posição social e política, e tenta fazer destas uma coisa harmônica.
                O fermento alquímico que permite esta possibilidade é o amalgama de três princípios básicos e insubstituíveis que norteiam a atividade e compromissos maçônicos: amor fraterno, verdade e socorro. O que implica na configuração clássica do Iluminismo assentada nos valores de Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Ressalte-se que estas afirmações estão embasadas na teoria e que na prática as vezes isto não acontece.
                Não acontece pelo motivo mais simples e fácil de compreender: - tudo na vida tem uma segunda versão, ou um outro lado, ou uma oposição, assim como o Sol é o inimigo da escuridão, mas ao mesmo tempo o provocador da escuridão quando se ausenta. O Amor é o mesmo sentimento que o ódio visto de polos opostos. A falta de amor leva ao ódio, a ausência de ódio implica em sentimentos amorosos.
                Portanto em oposição aos princípios aglutinantes da Ordem, se oferecem os inimigos da maçonaria que como se sabe, estão dentro e não fora dela. São eles a ganância (ou sede de poder egóico), a ignorância, mãe da intolerância e da desconfiança e por fim o fanatismo, a crença exacerbada em uma verdade dogmática, capaz de cegar a mente e o espírito, provando o ódio.
                Lembre-se que são os maçons, os seres contaminados por estes inimigos, não a Loja, ou a Potência. A Loja não precisa de cargos, ela os oferece, a Potência não precisa de cargos ela os investe. O Grão-mestre não precisa de cargos ou funções, ele já os tem por força do ofício e do voto. Então quem briga pela Veneraria, pelos tronos dos Vigilantes, pelos cargos de loja? –Os Irmãos da própria Loja. Quem desconfia do Venerável, do Tesoureiro, do Secretário ou Orador, dos Vigilantes aliados do Venerável? -Os irmãos da Loja.
                Isto sempre foi assim na Ordem mesmo antes de nos tornamos maçons, por que isto é o que de mais humano existe nas pessoas. Sempre disse aos irmãos que Lojas grandes aumentam os atritos, pois são poucos cargos de grande relevância e todo maçom os deseja. Todavia isto não significa que as Lojas devem se dividir, quando encontram harmonia e estão funcionando pela felicidade de todos.
                A Maçonaria é o melhor lugar do mundo para experiência humana, somos testados hodiernamente, muitas vezes reprovados nestes testes, e mesmo assim os repetimos. Amar um irmão acima de todas as coisas implica abrir mão de seus próprios desejos. Socorrer e guardar segredos não é privilégio, é obrigação formal e absoluta. Quando um irmão te pedir segredo sobre algo, guarde. Caso contrário não há diferença entre você e um profano. Sem aprofundamento nos estudos maçônicos, não há compreensão. Um irmão que odeia e prejudica seu irmão ou irmã, que conceito deve ter entre nós? A maledicência, a fofoca, a intriga, a mentira, são venenos para alma, que uma vez contaminada, vai destruir tudo a sua volta.
                Não esqueçam seus juramentos, mestres. Não esqueçam os cinco pontos da fraternidade. Não esqueçam  seus juramentos companheiros que é de acompanhar o mestre na execução da bela obra e orientar o aprendiz. Não olvidem seus juramentos, aprendizes. Ame seus irmãos, cumpram vossas obrigações, sejam retos e justos e guardem segredo sobre tudo que ouvirem e saberem dentro e fora de uma Loja ao que se refere a teu irmão. Isto é ética maçônica. Valor impenetrável, imaculável e indelével. Quem de nós os cumpre?
                As divisões nas Lojas ocorrem não por culpa da Loja, da Potência, da vontade de quem quer seja, ocorrem porque os inimigos da Loja estão dentro da Loja, estão juntos aos maçons contaminados, influenciados pela maldade, pela ignorância de fatos e normas, pelo caráter egoísta e mesquinho, de que alguém se achar  melhor de que outro. A Soberba, a vaidade, o orgulho torpe, o pseudo-poder, a inveja, o ciúme, devem ser alijados dos nossos Templos por todo irmão.
                Cada um é responsável por chamar atenção de um irmão quando estiver motivado por qualquer circunstância acima citada. Quando um irmão vier falar de outro, pergunte-lhe: se é para o bem deste irmão a fala? E alerte-o sobre seus juramentos caso contrário.
                As Lojas podem se separar? Sim podem, mas pelos motivos certos. Preconceitos, juízos sem prova e sem processo, acusações infundadas ou fundadas na vergonha das más intenções devem ser reprimidas a todo custo, ou não restará Lojas e nem irmãos.
                Somos uma elite privilegiada com acesso ao melhor conhecimento existente e ainda assim nossa atenção está voltada para o supérfluo, para o inócuo, o para o mal. Estes são os verdadeiros demônios que nos assombram e que muitas vezes referi em minhas falas.
                Apesar destes revezes a maçonaria é o lugar onde as coisas se consertam, o caos recebe ordem, e a vida se permite brilhar. Fundamentado no amor pelo seu irmão ou irmã, nosso coração se enche de luz, e a paz retorna ao reino. Não somos perfeitos mas buscamos a perfeição, somos filhos da fagulha divinizante que abre nosso peito e nos enche de glória e de graça do G.A.D.U. Nascemos com altos propósitos e que nos diferenciam do resto do mundo, somos a última cartada, a luz no fim do túnel, o farol que resgata os barqueiros. Somos viajantes das estrelas que pairam neste planeta para uma experiência hermético-alquímica. Somos ao mesmo tempo alquimista e atanor, artista e obra, o templo e o construtor. Mas somos melhor que tudo isto quando estamos juntos, sem desconfiança, vivendo o amor que nos é permitido viver, sem ciúmes, inveja, cobiça. Sou grato por conviver com vocês e experimentar todos estes processos, por que também sou uno com o pai. Edson Couto – GM

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