terça-feira, janeiro 03, 2012


A CORDA DE 81 NÓS

A corda de 81 nós

A Corda de 81 Nós é um dos símbolos mais controversos da iconografia maçônica. Ela se presta a diversas interpretações e sua origem e real significado tem sido objeto de múltiplas especulações. Nos templos onde se pratica o REAA (Rito Escocês Antigo e Aceito) ela geralmente é encontrada no alto das paredes, junto ao teto e acima das colunas zodiacais.
Sua origem histórica parece vir dos antigos canteiros de obra medievais, onde os chamados maçons ─ literalmente, trabalhadores de maço e cinzel ─ ou seja, artesãos que trabalhavam no esquadrejamento das pedras que iriam compor os edifícios., costumavam demarcar o seu local de trabalho. Nesses espaços, normalmente conhecidos como Lojas, esses trabalhadores de cantaria costumavam se reunir para transmitir instruções, receber seus salários, conversar sobre assuntos de seu interesse, etc. Essa, aliás, é uma possíveis origens históricas do termo Loja, aplicável à reunião dos trabalhadores da construção civil, e da qual derivou a tradição maçônica.(1)
A razão de ela ter 81 nós parece que deriva do apego à tradição medieval ao chamado modelo três por quatro. Praticamente, todos os espaços geométricos dos edifícios antigos eram desenhados a partir de uma projeção retangular que partia dessa medida e se multiplicava por esse módulo conforme o tamanho que se pretendesse para o vão livre que se queria dar ao espaço. Eram as chamadas “caixas”, a partir das quais o edifício era metrificado e construído. Evidentemente essa não era uma fórmula obrigatória nem se constituía regra geral para uma construção, mas apenas uma tradição observada pelos construtores medievais. Era, segundo se dizia, uma tradição derivada das técnicas de construção utilizadas pelos arquitetos da Grécia clássica, onde o mais belo de todos os edifícios jamais construídos, o Partenon, teria sido erguido a partir desse módulo.
Mais variadas porém, são as interpretações esotéricas que são dadas a esse símbolo, as quais podem ser resumidas nas seguintes proposições:

1. Cabalísticas

O número 81 é um número cabalístico por excelência. Ele é o resultado do número 3 elevado ao cubo. Esse número sugere um universo formado por uma base tripla, que parte da noção de que na origem de tudo existe uma trindade de deuses (Pai, Filho, Espírito Santo, Brhama Vixenu e Xiva, Osíris, Isis, Hórus etc), dando origem às realidades universais. Da mesma forma, são três os formadores da raça humana (os filhos de Noé, Sem Cam e Jafet). Na tradição cabalística, essa trindade se revela nas três primeiras séfiras da Árvore da Vida ( Kether, Chokmah e Binah), que são as primeiras manifestações da divindade no mundo da realidade positiva (som, luz e número).(2)

2. Cosmológicas

Na física, a analogia se faz com as leis fundamentais de formação da matéria que são a relatividade, a gravidade e a termo dinâmica. Essa base tríplice, que geometricamente se firma sobre um triângulo equilátero, resulta num universo tridimensional (altura, profundidade, largura).
Por outro lado, como o universo é constituído por quatro ele-mentos fundamentais (terra, ar, fogo, água), projetado em quatro direções (norte, sul, leste, oeste), isso significa que a sua conformação pode ser representada pelo três ao cubo, que re-sulta no número 81, número sagrado, que na tradição cabalística é representado pelos 72 anjos que servem diante do trono de Deus (os semanphores), mais os 9 Elohins, mestres construtores do universo.(3) Esses anjos são portadores dos archotes, ou seja, portam a luz, razão pela qual essa assembléia celeste é também um arquétipo que serve de analogia para a conformação geométrica da Loja Maçônica. Dessa forma, a corda de 81 nós representaria essa conformação da estrutura da Loja Celeste, razão pela qual, nas antigas Lojas especulativas era costume marcar no solo, com giz ou outro instrumento de traçado, os símbolos da Ordem, circundados por uma borda semelhante a uma corda cheia de nós. (4)

Outras interpretações

Segundo o ritual do Grau 20 do Supremo Conselho do Grau 33 do Paraná, 81 anos era a idade de Hiram Abiff quando foi assassinado. 81 era também o número de meses que um irmão precisava para chegar ao ápice da Escada de Jacó no antigo ritual dos maçons do Real Segredo, na França e na Alemanha. (5)
Em termos filosóficos, a corda de 81 nós significa a “amarra-ção” universal feita pelos irmãos em torno do universo repre-sentado pela humanidade. São os irmãos com as mãos dadas, formando o quadrilátero sagrado, onde a abertura aponta que qualquer pessoa de bons costumes pode adentrar nesse quadrilátero e participar dessa união em prol da evolução e da felicidade da raça humana.


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[1] Jean Palou- A Maçonaria Simbólica e Iniciática, Ed Pensamento, 1978 
[2]Análogamente, 4 são as letras do nome de Deus ( IHVH, o Tetragramaton) e três as ordens de combinações que se podem fazer com essas letras, resultando em 12, que também é número sagrado, sobre o qual se assentam as estruturas da Israel bíblica.
[3]Na Cabala, o universo é visto como uma atividade espiritual e criativa, inspecionada por Mestres (anjos) e não como um sistema regido pela mecânica das leis naturais. 
[4]De acordo com os ensinamentos da Cabala, o universo se manifesta em 4 formas que são: o mundo da luz(Atziloth), o mundo do espírito(Briah), o mundo do energia ( Yetzirah) e o mundo dos elementos (Assiah). São esferas metafísicas nas quais a divindade se manifesta. 
[5]C W Leadbeather- Pequena História da Maçonaria- Ed. Pensamento, 1976 
[6] Artigo II da Constituição dos Princípios do Real Segredo para os Orientes de Paris e Berlim, edição de 1762;


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DO LIVRO LENDAS DA ARTE REAL- NO PRELO

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