“O maior cargo em maçonaria é o de verdadeiro Irmão.”
"A coisa mais indispensável a um
homem é reconhecer o uso que deve fazer do seu próprio conhecimento".
Platão
Ao longo de nossa breve trajetória maçônica, temos visto
muitos Irmãos adentrarem a nossa Ordem.
Desses, alguns saem desapontados, pois esperavam encontrar
uma instituição composta por pessoas perfeitas, ricas em virtudes, esbanjando qualidades,
e, em verdade, não é esse, nem nunca foi ou será, o retrato mais fiel da
Maçonaria ou de qualquer outra instituição, por envolver pessoas.
Somos uma Escola de Aperfeiçoamento e não de aperfeiçoados.
Estamos, a cada dia, buscando aparar nossas arestas, afinal, pedras são
buriladas através do atrito, sendo a tolerância o ingrediente fundamental para
que esse processo tenha êxito. A falta
dela faz com que muitos entrem para a Maçonaria, mas não permite que a
Maçonaria entre dentro deles, e logo, saem porta afora.
Porque nos tratamos e devemos nos
tratar como irmãos?
Os membros da Maçonaria, unidos pelo Amor Fraternal,
qualquer que seja o seu grau, dão–se o tratamento de “Irmão”. É o título que
geralmente se dão, mutuamente, os religiosos de uma mesma Ordem e de um mesmo
convento e também os membros de uma mesma associação.
Esse tratamento existe em todas as sociedades iniciáticas e
nas confrarias, em que o seu significado é a condição adquirida com a
participação de um mesmo ideal baseado na amizade. É o tratamento que se davam
entre si os maçons operativos.
A origem do cordial tratamento de “Irmão” afirma que esse
tratamento foi adotado e nunca mais olvidado pelos maçons, desde os tempos de
Abraão, o velho patriarca bíblico. Reza a história que estando ele e sua mulher
Sara no Egito, lá ensinavam as 7 ciências liberais (gramática, lógica e
dialética, matemática, geometria astronomia e música), e contou entre os seus
discípulos com um de nome Euclides. Tão inteligente que não demorou nada em
tornar-se mestre nas mesmas ciências, ficando por isso bastante afamado como
ilustre personagem.
Então Euclides, a par com suas aulas, estabeleceu regras de
conduta para o discipulado; em primeiro lugar cada um deveria ser fiel ao Rei e
ao país de nascimento; em segundo lugar, cumpria-lhes amarem-se uns aos outros
e serem leais e dedicados mutuamente. Para que seus alunos não descuidassem
dessas últimas obrigações, ele sugeriu a eles que se dessem, reciprocamente, o
tratamento de “Irmãos” ou “Companheiros”.
Aprovando inteiramente esse costume da escola de Euclides, a
Maçonaria resolveu sugeri-lo aos seus iniciados, que receberam-no com todo
agrado, sem nenhuma restrição, passando a ser uma norma obrigatória nos
diversos Corpos da Ordem.
De fato, traduz uma maneira de proceder muito afetiva e
agradável a todos os corações dos que militam em nossos Templos. Assim passaram
os Iniciados ao uso desse tratamento em todas as horas, quer no mundo profano,
quer no maçônico.
O Poema Regius, que data do ano de 1390, aconselha os
operários a não se tratarem de outra forma senão de “meu caro Irmão”. Por isso
o tratamento de Irmão dado por um maçom a um outro, significa reconhecimento fraternal,
como pertencente à mesma família.
Os maçons são Irmãos por terem recebido a mesma Iniciação,
os mesmos modos de reconhecimento e foram instruídos no mesmo sistema de
moralidade. Além da amizade fraternal que deve uni-los, os maçons consideram-se
Irmãos por serem, simbolicamente, filhos da mesma mãe, a Mãe-Terra,
representada pela deusa egípcia Ísis, viúva de Osíris, o Sol, e a mãe de Hórus.
Assim os maçons são, também, simbolicamente, Irmãos de Hórus
e se autodenominam Filhos da Viúva.
Durante a Iniciação quando o recipiendário recebe a Luz,
seus novos Irmãos juram protegê-lo sempre que for preciso. A partir daquele
momento, todos que a ele se referem o tratam como Irmão. Os filhos de seus
novos Irmãos passam a tratá-lo como “Tio” e as esposas de seus Irmãos passam a
ser sua “Cunhada”. Forma-se nesse momento um elo firme entre o novo membro da
Ordem e a família maçônica.
A Maçonaria não reconhece qualquer distinção entre raças,
crenças, condições financeira ou social entre seus obreiros. Há séculos vem a
Sublime Instituição oferecendo a oportunidade aos homens de se encontrarem e
colherem os frutos do prazer de conviver sempre em paz, em união e concórdia,
como amigos desinteressados, dentro de um espírito coletivo voltado à prática
do bem, guiados por rígidos princípios morais, sem desavenças e dissensões.
Os membros de nossa Ordem aprendem a destruir a ignorância
em si mesmos e nos outros; a ser corajosos contra suas próprias fraquezas,
lutar contra seus próprios vícios e também contra a injustiça alheia.
São estimulados a praticarem um modo de vida que produza um
nível elevado em suas relações com seus Irmãos, aos quais dedicam amizade
sincera e devotada. São fiéis cumpridores de todo dever cujo cumprimento lhes
seja legalmente imposto ou reclamado pela felicidade de sua Pátria, de sua
Família e da Humanidade.
Jamais abandonará sua prole, seus Irmãos e seus amigos, no
perigo, na aflição ou na perseguição. Sobre o coração do maçom está o símbolo
do amor, da amizade, da razão serena e perseverante.
O que o distingue na vida profana é sua aversão à
iniquidade, à injustiça, à vingança, à inveja e à ambição, sendo ele constante
em fazer o bem e em elogiar seus Irmãos.
O verdadeiro Irmão é aquele que interroga sua consciência
sobre seus próprios atos, pergunta a si mesmo se não violou a lei da justiça,
do amor e da caridade em sua maior pureza; se não fez o mal e se fez todo o bem
que podia; se não menosprezou voluntariamente uma ocasião de ser útil; se
ninguém tem o que reclamar dele. E quando não tem uma palavra que auxilie,
procura não abrir a boca… (Se for falar, cuida para que suas palavras sejam
melhores que o seu silêncio).
O Irmão, possuído do sentimento de caridade e de amor ao
próximo, faz o bem pelo bem, sem esperança de recompensa, retribui o mal com o
bem, toma a defesa do fraco contra o forte, e sacrifica sempre seu interesse à
justiça.
Ele é bom, humano e benevolente para com todos, sem
preferência de raças nem de crenças, abraça o branco e o preto ( pois não é a
cor, mas sim o talento e a virtude que faz um homem elevar-se por sobre os
demais), o rico e o pobre, o jovem e o velho, o sábio e o ignorante, o nobre e
o plebeu, porque vê Irmãos em todos os homens.
Porém, devemos observar que nem o rico, o príncipe ou o
sábio, devem “descer” para o nivelamento. Não descendo ao nível deles mas, sim,
ajudando-os a se levantarem e poderem melhor enxergar o horizonte. É caminhando
que se faz o caminho. Pensando, agindo, sentindo, sofrendo, aprendendo e
corrigindo. Fazendo melhor em seguida. Se comprometendo a sempre ensinar aos
capazes, o que se aprendeu. Capacitando-os. Perpetuando a GNOSE adquirida.
Quem deverá “subir” é o pobre; pobre no sentido de ser
CARENTE. Acontece de existir entre os ricos de recursos materiais, os pobres de
sabedoria, ignorantes de conhecimento, de altruísmo e complacência.
O verdadeiro Irmão não tem ódio, nem rancor, nem desejo de
vingança; compreendendo, nem condena. Portanto perdoa, e anula as ofensas, e
não se lembra senão dos benefícios que já tenha recebido, porque sabe que com a
mesma sábia compreensão que deixou de condenar, assim será tratado intimamente,
na sua própria causa de compreensão, como réu de sua consciência, quando essa
lhe julgar.
Não se compraz em procurar os defeitos alheios, nem em
colocá-los em evidência. Se a necessidade a isso o obriga, procura sempre
motivar o bem que pode atenuar o mal.
Não se envaidece nem com a fortuna, nem com as vantagens
pessoais, porque sabe que tudo o que lhe foi dado apenas o direito da posse,
pertence ao mundo e por poder dessa força natural, se desmerecido, tudo pode
lhe ser retirado.
Se a ordem social colocou homens sob sua dependência, ele os
trata com bondade e benevolência, porque são seus iguais perante o Grande
Arquiteto do Universo; usa de sua autoridade para erguer-lhes o moral e não
para os esmagar com o seu orgulho; evita tudo o que poderia tornar sua posição
subalterna mais penosa.
O subordinado, por sua vez, compreende os deveres da sua
posição, e tem o escrúpulo em cumpri-los conscienciosamente.
O verdadeiro Irmão respeita em seus semelhantes todos os
direitos dados pelas leis da Natureza, como gostaria que os seus fossem
respeitados.
Aplicando os ensinamentos maçônicos, tanto no interior dos
Templos como no seio da sociedade profana, dentro de suas possibilidades, colabora
para a edificação do Templo da civilização humana.
Afinal, se cultiva a liberdade, a igualdade e a
fraternidade, tem por obrigação, abrir mais os seus braços, entrelaçar seus
Irmãos e oferecer sua convivência fraterna, sua influência, seu trabalho de
auxílio, com harmonia, paz, concórdia e fraternização, dentro e fora do Templo.
Enfim, o verdadeiro Irmão saberá fazer o Bem sem ostentação,
mas não sem utilidade para todos. Onde quer que o pobre reclame o combate sem
descanso aos exploradores dos fracos, o auxílio e proteção à criança ou à
mulher, o Irmão é obrigado a fazer obra maçônica. É-lhe proibido fechar os
olhos aos deserdados da sorte.
Porém, só quando se encontra revestidos de todas essas
virtudes é que pode dizer: “Meus Irmãos como tal me reconhecem” – frase mais
ouvida e citada dentro da Loja e também fora dela – como forma de
identificação.
Curioso, no entanto, é que ao sermos reconhecidos como
Irmãos, o outro abre o sorriso e os braços, como se fosse um velho conhecido.
Esse é um sentimento de irmandade, é muitas vezes, mais forte que entre Irmãos
de sangue.
Nossa Ordem precisa de Irmãos verdadeiros, aqueles que têm
orgulho de pertencerem à Sublime Instituição e estão dispostos a sacrifícios
pessoais em benefício dela.
O Grande Arquiteto do Universo, que é DEUS, ouve nossos
rogos e nos mostra o caminho que a Ele conduz, continua a nos proporcionar a
dádiva da aproximação de valorosos Irmãos que nos socorrem em nossas
dificuldades, se interessam por nós, nos escrevem, telefonam para saber como
estamos, trocam e-mails e assim, não nos deixam experimentar a depressão e a
solidão.
Nossas Lojas
Maçônicas são portos seguros, colos de mãe para enxugamento das lágrimas e o
consolo de nossas dores, num ambiente de luz, paz e amor, pois é sublime reunir
em seu seio, católicos, evangélicos, espíritas, maometanos, israelitas,
budistas, e a todos dizer: ” Aqui vossas disputas não encontrarão eco. Aqui,
não ofendereis a ninguém e ninguém vos ofenderá.
”Meu Irmão, se eu me
esquecer de você, nunca se esqueça de mim! Conte comigo. Eu conto consigo.
“O maior cargo em maçonaria é o de
verdadeiro Irmão.”
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