sexta-feira, outubro 10, 2014

Maçonaria na Itália 
Grão Loja Italiana
É uma tarefa desencorajadora e talvez desesperançosa a de rastrear o curso da Maçonaria na Itália, e possivelmente uma conquista vazia quando terminada, sendo que houve raras Lojas Italianas com o verdadeiro significado Maçônicas reconhecidas pelas Grandes Lojas que falam a língua inglesa.
Não poderia haver melhor ilustração do caos da Maçonaria Italiana, que as condições que prevaleceram à época em que Mussolini fechou as Lojas e iniciou a campanha para destruí-las permanentemente naquele país. Esse caos, para as duas Grandes Entidades daquele período que se dispuseram, infelizmente, a voar uma contra a garganta da outra, pouparam o trabalho de Musolini de enviar não mais que um golpe de misericórdia.
Os lideres eram Torriagini e Palermi, cada um deles assumindo validos direitos de liderança na Maçonaria Italiana. Lá, assim como em outros países Latinos, um dos principais pontos de contenção foi a respectiva procura pela superioridade da Grande Loja Simbólica e do Supremo Conselho do Rito Escocês. A característica da Maçonaria Italiana era similar à Francesa com, talvez, menos brilhantismo e mais discórdia.
Talvez isso tenha ocorrido, pelo fato de que a velha Itália sempre esteve dividida, pois era um grande Feudo da Igreja Católica Romana. Mais de um terço da Itália, era composto de estados Pontifícios, onde a Igreja fazia e desfazia sobre o destino de seus súditos.
Durante 1124 anos, de 756 a 1870 de nossa era, a Igreja dominou os estados italianos, com mandos e desmandos. O último Papa foi o Pio IX. Obviamente, esse desconforto e descontentamento do povo, que queria uma Itália unida, geraram líderes rebeldes, que não queriam esse sufoco do domínio Papalino. Entre eles, o grande Maçom, General Giuseppe Garibaldi.
“O fato de a Carbonária lutar contra as forças militares do Papa e de Garibaldi, além de Carbonário, ser Maçom, também criou um grande atrito – Igreja Católica e Maçonaria. O atrito foi tão forte que levou o Papa Pio IX a assinar mais de 600 documentos contra a Maçonaria, cujos resquícios chegaram até nós.
A prisão domiciliar do Papa e a perda dos Estados Pontifícios, pela Igreja, foi uma derrota que a Igreja nunca conseguiu assimilar. “E grande parte de seu fracasso foi debitada à Maçonaria Italiana, indevidamente, pois os Antipapistas Italianos, que lutaram pela Unificação, em sua maioria, quase absoluta, não faziam parte da Maçonaria.”
A historia antiga da Maçonaria Italiana, como outras, nunca se sabe se é boato ou é verídica. É dito que Lorde Sackville fundou uma Loja em Florença em 1733, mas por qual autoridade, não nos foi revelada embora Lord Henry Fox Holland fosse dito ter sido o Grão Mestre. É contado, também, que outras Lojas foram fundadas em Pisa, Siena, Perugia e Roma (1735).
Em 1738 o papa Clemente XII publicou a Bula Papal contra os Maçons, e a Itália, sendo um país solidamente católico, permitiu com que esse decreto fosse aceito facilmente ao longo do país. Aquela acusação papal, de 1738, de vago conteúdo, foi suplementada pelo Decreto de 1739, proibindo a Maçonaria em qualquer lugar dentro do estado Papal, com pena de morte.
Tuscany, na parte central do norte da Itália, foi conquistada pela Áustria, na qual Francis de Lorraine, um firme Maçom, foi co-regente. Ele se deu conta da futilidade de opor-se ao Papa e ordenou que o decreto fosse aceito, mas não executado. Várias novas Lojas foram estabelecidas em Milão, Verona, Turim, Pádua e Venice, mas a Loja de Roma foi fechada em 1737.
A proibição da Maçonaria parece ter sido efetivada por cerca de um quarto de século.
Em 27 de fevereiro de 1764, a Grande Loja Nacional “Zelo”, foi fundada em Nápoles com 04 Lojas, assim como muitas outras em outras cidades. Essas fundações acabaram em 1783, como resultado da oposição real. No ano seguinte, o Grande Oriente da França estabeleceu um Grande Oriente, em Roma, em 1787, que infelizmente não durou mais do que dois anos.
Em 1801 uma Loja, seguida de um Grande Oriente em 1805, foi estabelecida em Milão, sendo que o ultimo foi reconhecido pelo Grande Oriente da França em 1808, mas expirado em 1814. Em 1805, o Rito Escocês foi introduzido na Itália vindo da França e em 1809, um Supremo Conselho foi formado. Em 1807, houve então, dois Grandes Orientes: um o Grande Oriente da Itália, que incluía o Reinado Italiano com Eugene Beauharnais como Grão Mestre; o outro em Nápoles com Giacchino Murat como Grão Mestre.
Em 1861, havia três Grandes Orientes localizados em Nápoles, Turim e Palermo, respectivamente, sendo o ultimo liderado por Giuseppe Garibaldi, o patriota italiano. Em uma reunião em Florença, 21 a 24 de maio de 1864, os três uniram-se no Grande Oriente da Itália com Garibaldi como Grão Mestre.
Abrindo um pequeno intervalo, falaremos sobre esse grande Maçom, que foi Giuseppe Garibaldi.
“nasceu  na Itália em Nice, em 04 de julho de 1807, na época em Napoleão estava no auge de suas conquistas, expulsando, inclusive, o regente de Portugal, Dom João VI, para o Brasil.
Seu pai era marinheiro, com o qual aprendeu a nobre arte de navegar. Na sua mocidade, conheceu dois importantes marinheiros, Carbonários – Mazzini e Henzo Cavour, que influenciaram muito em seus ideais e o levaram para a Carbonária. Já atuando nesta, teve que fugir de seu país, indo refugiar-se nas costas do nordeste brasileiro, mais precisamente, em Salvador.
Lá, as pessoas sabendo de suas habilidades como navegador, lhe solicitaram que conduzisse um refugiado do Forte de Salvador para o sul do país. Esse refugiado era Bento Gonçalves, com o qual manteve estreita amizade, sendo levado por este, para o seio da Maçonaria.
Não sabe ao certo o local onde foi iniciado, Brasil ou Uruguai:
“Giuseppe Garibaldi, iniziato alla Massoneria in Brasile nel 1844, Alla Loggia “Asilo de la Virtude” Montevideu – Uruguai, e affiliato alla Loggia “Tonpkins nº 471” di Stepleton (New York).
Nel 1863, fu acclamato Sovrano Gran Commendador della Giurisdizione Del Rito Scozzese Ântico e Accettato, sedente in Palermo.
Proclamato Primo Massone D´Italia e Gran Maestro Del Grande Oriente D´Italia (1864). Nel 1872 fu Grande Maestro Onorario a vita.”
Voltando ao nosso tema, sabemos que, em 1867, havia o Grande Oriente em Florença e um Supremo Conselho em Palermo e um Grande Conselho em Milão. Em 21 de junho de 1867, Garibaldi que havia se tornado líder do Supremo Conselho em Palermo, convocou uma reunião de todas as Lojas na Itália na quais várias Grandes Entidades uniram-se no que resultou um Supremo Grande Conselho do Grau 33 do Rito Escocês, uma Grande Loja Simbólica e um Supremo Conselho do Rito de Memphis.
Em 1870 o poder temporal do Papa foi aniquilado, os estados papais foram tomados por governos seculares e nacionalistas italianos emergiram. Em 1872, na primeira reunião geral das Lojas, uma Constituição foi adotada que perdurou até 1920. O Grande Oriente pode mostrar uma contínua lista dos Grãos Mestres desde Garibaldi, em 1864, até Públio Cortini em1953, embora três deles em exílio durante a segunda guerra Mundial.
Um grande cisma, atacou a Itália em 1908, resultando em 1919 na criação da Grande Loja Nacional de Palermo. Começa a se agravar, nessa época, a briga entre os Supremos Conselhos e as Lojas Simbólicas, agravada pela política de reconhecimento, principalmente das Grandes Lojas Americanas, que nem sempre concordavam com o reconhecimento das Grandes Lojas Inglesas, sem contar com o Grande Oriente da França.
Maçonaria dividida não dura para sempre. Em 1923, o Conselho Facista ordenou aos Maçons que escolhessem entre Maçonaria e Facismo. O Grande Oriente conscientizou-se do direito de seus membros de abandonar a Maçonaria e juntar-se aos Facistas e muitos deles o fizeram. Torrigiani publicou um livro sobre Maçonaria e Facismo. O terrorismo começou a surgir contra a Fraternidade. O Grão Mestre apelou para os oficiais da lei do Governo por proteção contra atos de violência. Em 1924, o Conselho Facista proibiu qualquer facista de ingressar na Maçonaria; Maçons que eram facistas foram ordenados a abandonar a Fraternidade e as entidades maçônicas que não eram simpáticas com o governo seriam fechadas.
Acordos anti-maçônicos circularam e comitês foram indicados para coletarem informação sobre a Maçonaria. Em 10 de janeiro de 1925, a lei anti-Maçonaria foi promulgada na forma de uma lei contra todas as sociedades secretas. Pela virtude de um poder especial, delegado a ele pelo Grande Oriente o Grão Mestre Torrigiani dissolveu todas as Lojas maçônicas sob a sua obediência. A data desse ato não é conhecida, mas foi provavelmente cerca de 1930. Em 09 de janeiro de 1926, os facistas ocuparam todos os prédios maçônicos.
Mesmo antes do inicio da II Grande Guerra o Grande Oriente tinha ido ao exílio. Torrigiani foi preso e levado a um campo de concentração, falecendo posteriormente, como resultado de seus sofrimentos como preso político na Ilha de Lipari, em agosto de 1932. O Governo Facista Italiano caiu em 25 de julho de 1943 e a completa liberação da Itália da Alemanha ocorreu em 25 de abril de 1945.
Depois disso, 200 lojas foram reativadas. Em setembro daquele ano, uma comissão maçônica americana constituída por Ray V. Denslow, Charles H. Johnson, George E. Bushnell e Claude J. MacAllister foram para a Itália e em 18 de novembro de 1949, as duas filiais divididas foram unidas em uma entidade nacional conhecida como Grande Oriente da Itália – Grande Loja Nacional, com Dott Guido Laj como Grão Mestre. Dentro dos mais conhecidos da Maçonaria Italiana estavam o Dr. Publio Cortini, formal Grão Tesoureiro, agora falecido, o qual era bem conhecido nos EUA, tendo organizado várias reuniões e impressionado a todos com sua alta personalidade.
Em 1956, o Grande Oriente foi reconhecido por 37 grandes Lojas nos EUA.
Houve outra Grande Loja organizada em 1948 que foi comumente chamada de Grande Loja Moroli ou grupo Moroli. Ela foi reconhecida por 05 Grandes Lojas nos EUA, e também o Supremo Conselho associado com aquele grupo foi reconhecido pelo Supremo Conselho da Jurisdição Sulista dos EUA. Vários pequenos grupos foram organizados e batalharam pela sua existência e reconhecimento.
Parece que os problemas do Grande Oriente pioraram em 1960, quando o Grão Mestre, Giordano Gamberini, confiou a Lício Gelli, um empresário, para melhorar a imagem da Loja, listando homens proeminentes para ingressar na Maçonaria.
Parece que ele conseguiu, mas não da maneira esperada pelos legítimos oficiais do Grande Oriente. A Loja de Gamberini, “Propaganda Due” (comumente chamada “P-2”) acreditou ser usada para propósitos políticos.
Segundo o historiador Martin Lunn, o nome completo da P2 era Raggruppamento Gelli Propaganda Due, fundada em 1966.
Infelizmente, de uma forma inadequada, essa pseudo facção maçônica se en¬volveu na luta contra o comunismo. Na opinião do líder do Partido Republicano da Itália na época, a P2 transformou-se no “centro de poluição da vida nacional- secreta, perversa e corrupta”.
Ela derru¬bou o governo do primeiro-ministro Arnaldo Forlani e agia como um canal para o fornecimento de fundos do Vaticano e da CIA, para organi¬zações anticomunistas na Europa e na América Latina. A P2 foi exposta quando o “banqueiro de Deus”, Roberto Calvi, foi encontrado morto, suspenso sob a ponte Blackfriars, em Londres, em 1982. Calvi canalizou milhões de dólares do Vaticano para o grupo revolucionário polonês “Solidariedade”
Quando o banco privado de Calvi teve problemas, ele pediu ajuda ao Vaticano, fazendo vagas ameaças de expor a origem do apoio da Solidariedade. Ele viveu por mais doze dias antes de sua morte repentina – e do desaparecimento de sua pasta, que o Vaticano, aparentemente comprou, mais tarde, por alguns milhões de dólares.
Alguns dizem que a P2 foi, e provavelmente ainda é, controlada pela Máfia. Outros, que a KGB, a CIA são responsáveis.
A P2 operava por intermédio do Grão-Mestre Licio Gelli, con¬vencendo os membros em potencial, de que ele tinha grande influencia, e eles acreditavam que Gelli poderia pavimentar o caminho para seu próprio sucesso pessoal. Este sistema se auto-perpetuava, e o poder de Gelli aumentava exponencialmente. Ele procurava extrair segredos oficiais de seus membros, segredos que poderia usar para aumentar seu poder e enganar outros.
Em 1981, quando a polícia invadiu propriedades de Gelli, foram descobertas as listas de membros que foram publicadas na imprensa italiana. Um dos membros estava listado como Giulio Andreotti, o político cristão democrata que foi seis vezes primeiro-ministro da Itália. Em 1995, ele foi acusado de vender favores políticos para a Máfia e de cumplicidade no assassinato de um jornalista em 1979. Em 1999, ele foi absolvido de ambas as acusações. Esta decisão foi sustentada na corte de apelação em 2003.
A Loja foi suspensa na metade de 1970. Posteriormente, soube-se que vários de seus membros, agora maçons suspensos, eram do alto escalão da política italiana. Muitos deles estavam envolvidos em fraudes bancárias, e outras repugnantes coisas.
A situação Maçônica na Itália em 1994 era tão confusa quanto foi a décadas atrás. Em setembro de 1993, a Grande Loja Unida da Inglaterra, retirou seu reconhecimento do Grande Oriente da Itália.
Ao longo dos anos, vários Supremos Conselhos do Rito Escocês ajudaram a manter ótima reputação da Maçonaria Italiana, que estava em dilema. Qual dos grupos deveria ser reconhecido? Uma questão difícil de responder.
Toda Grande Loja no mundo reconhece entidades que outras consideram irregulares. Isso será provavelmente sempre um fato na vida. Mas nessa época de comunicação instantânea, via telefone, televisão, computadores e meios ainda não vistos, as pessoas do mundo vivem próximas umas das outras, supõe-se que, um dia, o fato do reconhecimento de uma potencia maçônica por outras já estabelecidas e reconhecidas, se torne mais fácil e coerente e tudo tenderá a se normalizar.


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